Capítulo 2

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18 de junho.

    Quase um mês se passou depois que eu descobri que tenho câncer. Fui demitido do meu emprego e estou prestes a ser despejado do meu apartamento, o aluguel atrasado e não tenho dinheiro para pagar. Luiz continuou me ligando, pelo menos uma pessoa se importa comigo, ou é o que parece. Todos os meus familiares se afastaram de mim após aquele acidente, se não fosse por Luiz eu estaria completamente sozinho.


"Opa, aqui é o Luiz! Cara, como você está? Tu sumiu, mano"...


20 de junho

    Preciso começar a arrumar as minhas coisas, mas não faço a mínima ideia do que fazer. Meu apartamento esta uma zona, e eu nem sei o que vou fazer com todas essas coisas, afinal eu vou acabar morrendo de qualquer forma, estou pensando em colocar tudo para a doação, mas bem que tem algumas coisas que eu gostaria de manter. Resolvi ligar para o Luiz, dessa forma ele me ajudará a arrumar minhas coisas e também poderá ficar com o que quiser.


" - Alô? 

- Opa, Luiz? Tem como tu me dar uma mãozinha aqui em casa?

 - Claro, o que houve? 

- Eu.. vou me mudar. "


   Ainda não sei como dizer a um dos poucos amigos que tenho, que irei morrer em breve. De qualquer jeito eu espero que ele não descubra, assim poderei fingir que irei me mudar para outro estado. Uns 45 minutos se passaram e eu escuto a campanhia tocar, deve ser ele.


- Espera só um minuto! - Disse, me movendo com certa dificuldade.


   Como de costume, assim que ele adentrou meu apartamento, começou a reclamar da bagunça, então pedi a ele que me ajudasse a arrumar as coisas. Depois de mais ou menos 1 hora arrumando caixas, e empacotando objetos, em meio a uma pilha de roupas jogadas, o Luiz encontra um cartão, uma empresa relacionada a quimioterapia e tratamento de câncer.


- Quimeotek.. Arthur o que é isso? - Luiz indagou, analisando o cartão.

- O quê? Não faço a mínima ideia.


   Quando ele me abordou sobre o cartão, eu não lembrei, no momento, de onde era, mas instantes me recordei daquele dia, onde um homem estranho em um bar, colocou algo em meu bolso, no dia eu estava tão acabado que nem me importei em ver o que era.


- Tratamento de câncer...
- Ah, isso não é nada, deve ser algum lixo aleatório. Melhor me dar. - Tentei desviar o assunto em uma tentativa falha de apanhar o cartão de suas mãos.


   Antes que pudesse pegar da mão dele, Luiz desviou e se afastou, tentei tomar o cartão novamente mas o logo o cansaço me deixou ofegante, eu já tinha me esforçado muito organizando todas aquelas coisas. Quando ele viu minha situação, logo se tocou, e perguntou:


- Arthur, você está com câncer? - O homem Questionou engolindo em seco. 

- Está tão óbvio assim? - Ri fraco, tentando recuperar o fôlego, enquanto Luiz me encarava atônito. 

- Como assim, caramba? Por que não falou nada? - Luiz levou as mãos à cabeça, enquanto o desespero parecia o preencher. 

- Calma, meu amigo. Eu ainda tenho algum tempo de vida. - Soltei um riso nasal, me sentando em cima de umas daz caixas devido a fraqueza.


   Pela primeira vez pude ver uma reação diferente no Luiz, algo que nunca tinha vistoEle estava aflito, com cara de choro. Embora por fora eu aparentasse estar tranquilo, por dentro eu estou apavorado, eu não sabia o que fazer, não tinha o que fazer, eu queria viver mas já havia aceitado a morte.


- Você pretende fazer esse tratamento? - Luiz perguntou com a voz embargada. 

 - O quê? Que tratamento? - Como poderia me tratar de algo que já não tem mais jeito? 

- Desse cartão imbecil.

- Eu não sei ao certo, não me parece ser muito confiável. - Balancei a cabeça em negação. 

- Que droga, Arthur! Você pode ter uma chance de viver e é isso que você fala? - Luiz esbravejou.

- O meu câncer já está em estágio avançado, não tem mais o que fazer. - Dei de ombros, me pondo de pé e voltando a organizar as caixas. 

- Aqui diz que eles tratam doenças em estágio avançado também. - O homem balançou o cartão.

 - Isso é mera propaganda enganosa, se ninguém conseguiu a cura para o câncer até hoje, você acha mesmo que eles conseguiriam? 

- Não custa nada tentar, é de graça. - Luiz pronunciou em um tom esperançoso.


   Ele estava estranho, sempre tivemos uma relação de colegas, mas agora sinto que ele realmente se importa comigo, acho que posso chamá-lo de amigo e talvez eu devesse ir a essa tal Quimeotek, não custa tentar, certo?


No dia seguinte...

    Chegando no endereço do cartão, me deparo com uma clínica, que era tão grande quanto um hospital. Entrei e de cara percebi que estava cheio de pessoas, tanto que estranhei nunca ter ouvido falar desse lugar. Quando fui a recepção uma moça me atendeu, eu mostrei o cartão a ela e perguntei sobre o tratamento do câncer, ela pediu que eu esperasse na sala de número quatorze, a qual estava vazia esta sala estava vazia.

    Depois de uns 30 minutos esperando, eu já estava sem paciência, quando de repente começou a tocar uma música calma e um cheiro estranhamente bom preencheu o local. A música me entreter de uma forma que logo meus músculos relaxaram e eu simplesmente apaguei. 

Algumas horas depois


- Pressão estável.

 - Pulsação estável.

 - Ok, ele está acordando!

 - Preparar para o isolamento da cápsula.


O que diabos está acontecendo...

RAD : APOLLO ORIGINSOnde histórias criam vida. Descubra agora