Makoto Yūi talvez não seja a melhor jogadora em um ginásio, mas um dia, foi.
É uma garota simples com problemas que decide que seria melhor para si ir ao Japão com sua mãe -lugar de onde vem toda sua descendência- do que continuar Brasil com seu p...
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Narrador
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''Antes que possa voltar para você, Oh, o que eu deveria fazer sem você?''
Ricky Montgomery- Mr. Loverman.
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O céu naquele dia da semana chorava toda a água absorvida no começo da estação.
Algumas poças se formavam entre os fundos do pavimento enquanto os pingos ovais deslizavam verticalmente, mas não se mantinham por muito tempo, já que estavam no meio do caminho de estudantes do ensino médio. Seus pés com galochas espalhavam a água pluvial enquanto faziam piadas desconexas, se esquentando contra o frio complementar.
- Estavam comentando que o ginásio tinha algumas partes não reformadas no teto, talvez os times tenham que faltar hoje.
- Hun, isso é um péssima notícia. Não tem outro lugar pra treinar? -Comentou. A menina de cabelos curtos, na altura das orelhas, negou com a cabeça. Makoto suspirou , espirrando um pouco da poça com a bota de chuva. -Bom, um dia não vai ser tão destrutivo, né?
- No meu time , cada dia conta, mas o masculino já é bem treinado, não devem estar em má posição. - Shiori Mina retrucou, se distanciando de pouco em pouco para dar bom dia às outras colegas de esporte. Mina era a capitã de vôlei da seleção feminina e levava muito a sério sua posição, desde que havia lhe conhecido, Yui não a viu reclamar por um momento das situações que ocorriam com o time.
Sempre foi gentil consigo, apesar de dura, e se tornou ainda mais próxima conforme os meses se passaram e contou como fazia parte de um time de vôlei no Brasil. Seus olhos brilharam e pediu para que mostrasse suas habilidades na quadra, mas Makoto fora relutante; havia feito uma grande amiga, não queria estragar aquilo se voltasse à ter o mesmo comportamento. Em contrapartida, Yumi parecia estar sempre ocupada, sempre mais longe e menos conversativa do que antes; parecia envolvida demais com Issei, sendo sincera.
Com o guarda-chuva acima de si, checou o celular rapidamente para deixá-lo no silencioso. Algo trombou com sua umbrela, e dois braços longos contornaram seu corpo, lhe fazendo assustar e ir para trás, encostando no tal corpo.
- Pequena, sou eu! -A voz barítona comentou, dando aquele riso atrevido que sempre reconhecia. - Desculpa, devia ter sido mais cauteloso.
- Não se desculpe, adoro surpresas. -Diz, enquanto o garoto ficava do seu lado. Mesmo com a distância certa dos guarda-chuvas, seus ombros largos ficavam perto de si. -Elas só normalmente não envolvem sustos por trás.
- Experimente coisas novas, boneca, é o quê eu digo.
- Você nunca diz isso, baka.
- Ah -Pareceu pensativo. Seu ar cômico me fez soltar um riso nasal- Justo.
Olhou para ele mais uma vez: Oikawa usava o uniforme da escola e seu cabelo era milimetricamente arrumado, podia notar de perto a tentativa de esconder uma espinha com maquiagem. Há um tempo, após suas confissões, começaram a sair mais vezes, ficando mais próximos do que nunca, Makoto não se lembrava de ficar conectada assim com alguém dessa maneira.
Aproveitou a falta de alguns metros até o colégio e puxou a conversa sobre o ginásio, o mesmo que Ume havia lhe contado. Ele concordou com a afirmação da de cabelos curtos e se pôs inerte por algum tempo.
- Mako-chan. -Tiniu- Você...gostaria de fazer parte da seleção feminina de vôlei de Seijoh?
- Há?? -Yui se assustou, parando no lugar em que estava, imóvel. Naquele momento, não tinha muita ideia do que dizer, ou responder. Ela sabia o quanto gostava do esporte, queria até chegar às Olimpíadas se pudesse, mas, droga, aquilo era um grande trauma também em sua vida. Ela não queria estragar tudo de novo.
- Eu já te vi jogando sozinha no ginásio uma vez, você é uma atacante ótima, eu diria que tem muito talento. -Se aproximou, jogando um charme atrevido. Estava estranhando mesmo sua falta de sem-vergonhice -E não digo isso porquê você é minha boneca, fica tranquila. -Recebeu um tapa na nuca da pequena, com esforço -Ai! Vai, aceita, poderíamos ganhar todas as partidas juntos!
- Hm, Oi-kun, sabe minha situação com isso...
- Mas precisa passar por cima disso, do que adianta falar assim se sabe que ainda gosta? -Toru fechou seu próprio guarda-chuva e tomou o de Yui, usando para proteger os dois das gotas. -Eu provoco muito o Reizinho da quadra, mas mesmo ele sendo bem arrogante no começo, conseguiu voltar e joga razoável. Não melhor que eu, óbvio, mas joga.
- Olha... -Pensou por um instante. Estava naquele limpo faziam meses, Oikawa quase nunca estava certo, mas nessa situação, sua ideia serviu como uma luva. -...espero que essa escolha não me decepcione.
- É um sim?? -Retribuiu, com um sorriso de orelha a orelha. Makoto concordou com a cabeça e Toru a apertou contra seus braços, animado, mas realmente se surpreendeu quando abaixou o corpo para lhe dar um beijo nos lábios, em meio a rua; seu gosto habitual de chiclete para o hálito era inconfundível. -Não vamos deixar de competir para ver quem marca mais pontos, hein?!
Revirou os olhos, se divertindo com o espírito competitivo de Oikawa, que, coincidentemente, lembrava o seu em sua melhor forma.
- Isso se Shiori e as outras me aceitarem no grupo.
- A Shiori te adora, e é só mostrar suas habilidades que não vai ter problemas. Todas são bem gentis, quer dizer, menos uma...mas isso não importa muito. Ninguém liga pra ela.
- Oikawa!
- O quê, ué? É verdade, ela é bem rude mesmo, mas você nem vai notar ela ali. É líbero e entrou enquanto Naomi está com uma lesão na perna.
Pisaram, finalmente em Aoba, tirando as galochas e colocando os sapatos do uniforme. Com um beijo de despedida, se despediram um do outro, já que enfrentariam aulas diferentes naquele dia. Um beijo que Toru fez questão de deixar na bochecha, à milímetros dos lábios de Yui, enquanto sua mão quente deslizava escondido e atrevidamente pelo fim de suas costas.
- I-Idiota...- A morena sussurrou, ainda sentindo o arrepio gostoso pelo toque. Vestiu suas luvas sem dedos e, com um sorriso, segurou seus materiais do armário.
Mal notavam que uma garota alta e de cabelos esverdeados lhe observavam à distância, indomável, inquieta e pronta para seu primeiro passo.
