Prólogo

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Seria mais um dia normal na minha vida. Hinata Hyuuga, a tímida que não consegue se expressar direito. Que gagueja nos trabalhos da escola e é motivo de piada. Eu já desisti de mim mesma, cansei de tentar mudar essa característica minha. Tentei de um tudo para deixar de ser tão tímida e a conclusão que cheguei é que esse detalhe é inerente à minha personalidade. Assim como os olhos claríssimos e sem pupila dignos de estranheza por onde eu passo.

Se eu queria que não fosse assim? Óbvio, mas não me iludo a ponto de pensar que conseguiria ser diferente. Quer dizer, em relação a minha timidez, sobre os olhos... Bom, teve um tempo que usei lente de contato, sabe como é. Achei que desse modo chamaria a atenção do garoto que eu gosto. 

Patética.

Ele continuou sem olhar para mim e de quebra ganhei uma alergia ocular tão forte, que por pouco não danifiquei minha visão. Desisti.

Olhos brancos e sem pupila faziam parte de mim, da mesma forma que a gagueira e a vergonha me dominavam sempre que eu precisava agir como um ser humano normal.

Vida que seguia. 

Não havia nada que eu pudesse fazer, além de aceitar meu destino. 

Suspirando, segui para o colégio, eu estava no último ano e em breve me formaria. Por um lado, seria perfeito, passar vergonha na faculdade, começar a trabalhar. Evoluir o pokémon. Não me digam que não perceberam meu sarcasmo? Eu morria de medo da faculdade, trabalhos em grupo, interagir, entrevistas de emprego, dinâmicas. Argh, queria chorar só de imaginar tudo o que me esperava futuramente.

Por outro lado, havia meu eterno crush platônico, Naruto amor da minha vida Uzumaki. Como diria Frejat, por ele eu tomaria banho gelado no inverno, até dormiria com a roupa do avesso correndo o risco de virar lobisomem. Rá rá, piadinha interna da minha família, minha mãe dizia que se a gente dormia com roupa do avesso corria o risco de virar lobisomem. Que saudades dela. Enfim, voltando ao foco da questão, não nos veremos mais e isso está acabando comigo. 

Eu queria tanto ter coragem suficiente para convidá-lo para o baile de formatura. Seria meu conto de fadas eu e ele dançando juntinhos... Talvez rolaria um beijo, por que não? 

Sonha, Hinata. Você não consegue nem dizer um simples oi para o garoto, vai convidá-lo para o baile? Que piada.

Você é uma piada.

Bufando, venci a distância que havia até a escola, mais um dia de pagação de mico e solidão. Qual é, pelo menos uma vez na vida tudo podia ser diferente para mim. Tipo Naruto me enxergar, me chamar para sair e... e, papai Noel existe.

Com a cabeça baixa atravessei a rua, sem sequer prestar atenção ao meu redor. Até que trombei com algo, ou, mais precisamente alguém.

— Caramba! — uma voz cantada e feminina soou, olhei para cima. — Poxa, se machucou?

Era Sakura, uma das garotas mais lindas e populares do colégio. E, diga-se de passagem, a paixonite não correspondida de Naruto. Pois é, nada podia piorar pra mim.

— Anh, nã-ão foi nada. — gaguejei constrangida. — Desculpe. — concluí, baixando novamente o olhar.

— Que isso. — contestou com um sorriso na voz. — Eu estava distraída, não precisa se desculpar. — afirmou toda fofa e ousei espiá-la por um instante.

E, uau, muito linda. 

— Então tudo bem. — fui andando, com as bochechas queimando.

— Ei, você é Hinata não é? — perguntou, parei e girei lentamente o corpo.

— I-isso. — concordei sem entender.

— Vamos juntas, somos da mesma turma nesse período. — respondeu, dessa vez literalmente sorrindo.

Eu sabia dessa informação, claro. Era impossível não vê-la.

Incerta, fiz que sim com a cabeça, sem  ter como me livrar dela. Corrigindo, talvez eu não queria me livrar. Sakura era popular, mas não esnobe, eu a admirava de longe. Apesar de ter certeza de que ela interagiu comigo por pena, fiquei feliz de alguém ter reparado em mim a ponto de lembrar meu nome. Não me julguem, Sakura não tem culpa de eu ter os quatro pneus arriados pelo Naruto e ele gostar dela. Não iria guardar ressentimentos de uma garota só porque ela tinha o afeto do garoto que eu gostava.

Foi quando meu mundo parou, ou no mínimo desacelerou consideravelmente. Quando ouvi aquele timbre rouco e grave reverberar próximo do meu ouvido.

— Sakura. — era Naruto.

Ai meu Deus!

Aja naturalmente, aja naturalmente., ordenei a mim mesma, no entanto, minhas pernas deixaram de me obedecer. A respiração ficou curta e minhas mãos começaram a suar.

Como agir normalmente se ele estava vindo falar com Sakura? Se iria me ignorar completamente? 

— Naruto! — exclamou animada. — Chegando cedo, que milagre. — brincou e os olhos dele brilharam quando Sakura depositou um beijo de leve em sua bochecha.

— Tô pendurado, preciso me cuidar senão vou pegar bomba. — resmungou coçando a nuca envergonhado. — Oi. — e seu olhar recaiu em mim, curioso.

— O-oi. — maldita gagueira que não me abandona. 

Ele sorriu. Naruto sorriu para mim, alguém me abana.

Sakura, notando meu desconforto, se adiantou:

— Essa é Hinata, ela faz algumas aulas comigo. — me apresentou toda educada.

Agradeci por Sakura ser agradável e compreender que eu era uma porta de tão tímida.

— Eu sei quem ela é. — rebateu e meus olhos se arregalaram espontaneamente.

Que?

— Sabe? Que bom, sendo assim vamos pular as apresentações. — devolveu divertida. — Aliás, você já conhece o cabeça oca do Naruto? — perguntou a mim e balancei a cabeça em concordância. — Perfeito! — bateu palminhas e eu fiquei?

Sakura era uma figura, eu a observava, apesar de nunca ter tido coragem de fazer amizade. Vejam bem, com ninguém.

— Você está bem, Hinata? — Naruto quis saber, meu nome soando como uma melodia em seus lábios carnudos. 

Como eu queria beijar aquela boca e...

— Ah, e-eu tô bem. — forcei-me a responder com o mínimo de gaguejos possível. Pelo menos para o padrão Hinata de ser. — E você?

— Melhor agora. — afirmou e seu sorriso se alargou, chegando aos olhos e evidenciando seus risquinhos nas bochechas.

Acho que vou infartar.

— O papo tá bom, mas se não apressármos o passo vamos nos atrasar. — Sakura olhou no relógio de pulso e eu prontamente comecei a me movimentar.

Não podia me atrasar ou coisa do tipo, meu pai era rígido com minha educação e a da Hanabi. Minha irmã. Eu tinha que correr se não quisesse levar bronca pelo atraso.

— Ve-vejo vocês depois. — consegui formular apressadamente. 

Quando estivesse devidamente sentada, eu me permitiria ceder e pensar que finalmente troquei algumas palavras com o garoto da minha vida. Droga de horário, por que precisei correr bem agora? Na certa Naruto devia me achar uma estranha. Mas, se eu me atrasar, meu pai não vai gostar e eu não quero que ele desconte meus erros na minha irmã.

Com uma corrida ágil, consegui chegar na sala; e, por alguns segundos, apreciei o fato de Naruto ter dito que já me conhecia. Sem que isso fosse algo ruim. Sem pensar que era pelos meus micos compartilhados ou pelos meus olhos incomuns. Pensando unicamente que, de alguma forma, ele sabia quem eu era.

Isso foi inesperadamente bom.

Sweet loveOnde histórias criam vida. Descubra agora