Capítulo 4

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Naruto.

Meu encontro com Sakura foi um fiasco, voltei do banheiro, após jogar água no rosto, e menti que não me sentia bem. Ela me olhou meio decepcionada, no entanto, compreendeu. Embrulhamos tudo para viagem e a deixei na casa dela sem muita conversa. Me despedindo rapidamente, sem fazer menção alguma de beijá-la.

Refleti uma boa parte da noite sobre o que eu estava fazendo comigo mesmo. Hinata sequer me seguiu de volta no Instagram, para piorar, Kiba postou uma foto nos stories com ela de dentro do cinema. Parecia realmente um encontro romântico e ver aquilo acabou comigo. Que merda de confusão eu fiz? Quando podia ter agido e chegado na garota não tive atitude. Ignorei a oportunidade, pois estava vidrado na Sakura e em minha chance de finalmente ficar mais próximo dela. Deixando escapar a garota dos olhos castanhos que chamou minha atenção por várias semanas. Agora era tarde demais, a opção de conhecê-la melhor não estava disponível. Quer dizer, não romanticamente. Eu não podia meter o louco e furar os olhos do Kiba, sendo que, para início de conversa, foi eu que a apresentei a ele. . Incoerência e insensatez tinham limites. Caramba. Eu não sentia nada por Hinata, aquela sensação na boca do estômago era puramente egoísmo da minha parte. Certo? O que eu queria? As duas pra mim? Qual é, Naruto. Não seja otário, você sempre quis a Sakura, tanto que não deu bola alguma para Hinata quando teve chance. Quando não corria o risco de magoar seu amigo, quando tudo era menos complicado de se resolver. Agora está aí metendo o louco. Eu conversava comigo mesmo, como se fosse outra pessoa, era o que dava para fazer dada a situação.

Como se imaginasse o conflito que se desencadeou no meu subconsciente. Meu pai apontou na porta e deu duas batidinhas, seguidas de um toc toc falado.

— Entra, pai. — murmurei, colocando um travesseiro sobre a cabeça, visando abafar meus próprios pensamentos conflitantes.

— Chegou cedo, achei que demoraria mais. Levando em conta que saiu com a Sakura. — sua voz continha um leve tom de ironia, não respondi de imediato. — O que foi? Deu errado? — insistiu e eu soltei um suspiro longo e pesaroso.

— O que aconteceu é que eu sou um bosta, pai. — resmunguei.

— Por que está dizendo isso, Naruto? — ele rapidamente veio até mim, sentando na ponta da cama. Me ajeitei, cobrindo os olhos com o braço, a fim de escondê-los, para que por ventura meu pai não visse a confusão estampada neles.

Ele devia sentir vergonha de ter um filho tão invejoso e egoísta. Só queria Hinata porque não podia ter, da mesma forma que queria Sakura quando ela não demonstrava o mínimo interesse em mim. Agora que possivelmente corresponderia aos meus sentimentos, eu a rejeitava.

Que lixo de garoto eu me tornei.

— Cometi uma burrada, aliás, acho que mais de uma. — minha voz soou baixa, insegura. Limpei a garganta e prossegui: — Estraguei tudo com a Sakura e se não tomar cuidado vou estragar tudo com meu melhor amigo também.

— Senta aqui e explica o que de fato aconteceu. Depois pensamos nos estragos e em uma forma de mitigá-los. — respondeu e eu assenti, ainda incerto.

Obedeci, mas fiquei em silêncio por longos segundos. Meu pai aguardou pacientemente, até que finalmente comecei a narrar toda a história. Desde que comecei a gostar da Sakura, passando por quando ela gostava do Sasuke e éramos apenas amigos distantes. Até após ele ir embora, rompendo com ela. Mencionei as aulas de química com Hinata, o meu interesse discreto por ela. Seu sumiço, o reencontro, Kiba interessado nela há bastante tempo. A apresentação, o encontro duplo, meu coração batendo forte ao vê-los juntos. Suas características físicas que me encantavam, seus olhos que descobri serem perolados e brilhantes. Sua voz doce e suave. O quase beijo na Sakura, minha volta para casa mais confuso do que nunca. Tudo. Relatei toda a confusão a ele, afinal era o meu pai. Saberia o que eu devia fazer. Tecnicamente, esperava que sim. Porque eu jazia completa e absolutamente perdido.

— Puxa! — exclamou, após, quase sem fôlego, eu concluir o relato. — Caramba, filho, que confusão. Só que calma, vamos por partes, ok? — fiz que sim com a cabeça. Aguardando a voz da sabedoria. — Primeiro, você sempre deixou claro que gostava da Sakura, sua mãe e eu sabíamos disso. — assenti lentamente, ele continuou: — Mas... — tinha um mas, obvio —, você precisa colocar na balança se esse sentimento que nutriu por ela em todo esse tempo é genuíno. Você ainda é novo, Naruto. Vai aprender muito sobre o amor, desde que esteja disposto a isso. Segundo, se sentiu atraído por essa garota antes de saber quem ela era, correto? — não esperou resposta — Significa que talvez não estivesse assim tão apaixonado pela Sakura quanto pensava. Podia estar acomodado, vocês dois sempre foram amigos, é mais fácil gostar de alguém que se conhece bem. Isso não quer dizer que seus sentimentos por ela não fossem válidos. O que eu quero dizer com isso, é que precisa ser sincero consigo mesmo e com as pessoas envolvidas nessa situação. Se está confuso, chega no seu amigo e joga a real. Seja honesto com ele, conte que sentia algo pela mesma garota antes e que ao reencontrá-la essa curiosidade aflorou. Não aja impulsivamente com nenhuma das duas, se não tem certeza de quem gosta realmente. Se dê um tempo para pensar e reavaliar quem será a verdadeira dona do seu coração. — ele apontou para mim, mais precisamente para o centro do meu peito, sorrindo. — Naruto, você ainda tem muito o que aprender, só não machuque ninguém no processo. Nem a você mesmo, eu confio que tomará uma boa decisão. — era muita responsabilidade para um garoto tapado como eu.

Bom, eu estava na merda, não havia nenhum humor nisso.

— O senhor não pode me dizer exatamente o que fazer? — esses seus conselhos só me deixaram mais confuso.

Ele riu e o som de sua risada me acalmou minimamente.

— Se fosse fácil assim... — refletiu consigo mesmo. — Eu também precisei lidar com situações complicadas antes de namorar sua mãe. Acontece quando começamos a gostar de alguém.

— Me dê exemplos. — especifiquei. Nunca tive interesse em saber os detalhes sobre como meus pais se apaixonaram. Mas talvez algum tipo de experiência eu tiraria desse relato.

Já seria alguma coisa, levando em conta que eu tinha zero entendimento do assunto. Era completamente leigo, por isso me enfiei nessa sinuca. Já estava na hora de amadurecer e finalmente dar o meu primeiro beijo. Qual é, eu seria motivo de piada se descobrissem que nunca beijei na boca!

Bom, essa parte guardei somente para mim, meu pai não sabia que eu era BV. Acho que só Kiba conhecia essa informação. O resto da escola pensava equivocadamente que eu passava o rodo geral. Se soubessem da missa a metade. Enfim, foquei no meu pai e ouvi atentamente o que ele me contava. Sorrindo vez ou outra, meus pais eram meus exemplos, devia ter me interessado pela história deles antes. Como eu disse, nunca fui sensato. Era hora de mudar essa estatística e resolver de uma vez por todas meus conflitos amorosos.

Sweet loveOnde histórias criam vida. Descubra agora