Rayd e a lua do caçador - Volume I - O DESPERTAR

CAPÍTULO 38 - A PALESTRA

Todo aparato já estava arranjado sobre a mesa auxiliar ao lado do leito de Porzig. Ele desmaiara na garupa de Gudruk e não recobrara mais a consciência. Mesmo assim o doutor Zorn achou por bem aplicar uma dose do seu dwale, para garantir que ele não acordasse no meio da amputação. Marielle o auxiliava em tudo com uma eficiência fora do comum. Zorn sentia a paixão aumentar a cada dia que passava ao lado dela, não conseguia suprimi-la, era maior do que ele. O torniquete havia sido amarrado um pouco abaixo do joelho, o corte seria um palmo acima do tornozelo para garantir que a gangrena que aparentava estar somente no pé, não se espalhasse. Após um longo e sofrido procedimento o rapaz foi levado ao seu quarto para repouso e ambos torciam para que a perda de sangue mais a gangrena não o matassem. De qualquer maneira ainda tinham algumas horas até que ele recobrasse a consciência e muitas outras até que ele estivesse pronto para falar. Decidiram descansar.

A manhã veio agradável, o vento forte amainara, e apenas uma neve suave salpicava as ruas de um branco imaculado. Todos estavam reunidos na sala de operações, quando Zatyk e Zig chegaram afoitos, cavalgaram a noite toda, mesmo assim, devido à adrenalina não se sentiam cansados.

- Onde está o ferreiro? Exclamou o Subxerife assim que os viu.

- Comandante, fomos atacados, talvez pelas mesmas criaturas que mataram os caçadores. Mestre Rayd salvou nossas vidas, mas perdemos o pobre Mykolas! Falou Zatik quase sem fôlego.

- Devagar homem, o que quer dizer? Era Gudruk se adiantando à Zorn.

- Rayd fez o quê? Perguntou Marielle aflita.

- É, é isso mesmo. Mestre Rayd matou as criaturas com suas armas brilhantes. Depois, mesmo ferido saiu em perseguição a uma delas, à noite, na floresta! Exclamou Zig.

- Muito bem, por favor acalmem-se! - Preciso que me digam tudo exatamente como aconteceu! Falou Zorn.

Foi Zig quem desandou a falar.

- Então vossas mercês estão dizendo que são várias criaturas? E todas como os relatos descrevem, uma coisa entre um ser humano e um animal? Questionou Zorn.

- Sim, pudemos comprovar com nossos olhos. Lutamos com eles! Respondeu Zatik.

- Mas o que podem ser essas coisas, quem as criou e com qual objetivo? Gudruk questionava.

- Quem as criou já tenho cá minhas suspeitas, agora o objetivo é claro, semear o terror entre as pessoas do Condado de Balga e arredores! Declarou Zorn.

- Comandante, devo acrescentar uma coisa que vem me remoendo quanto a dúvida de contar-lhe ou não! Falou Gudruk.

- Pois fale homem, qualquer pista é bem-vinda! Tornou o subxerife.

- Todos os mortos e feridos tinham ou têm uma ligação entre si!

- Uma ligação? Pois é exatamente esse elo que está faltando para que forme minhas conclusões!

- Todas elas eram membros de um movimento de resistência chamado Rebelião Prussiana! Disse Gudruk, engolindo em seco, sabendo do risco que estava correndo.

- Rebelião Prussiana? Perguntou Bronius admirado. O homem tinha os olhos vidrados em Gudruk.

- Sim um movimento que luta em segredo para pôr fim ao domínio dos Cavaleiro Teutônicos em toda a Prússia! Complementou.

- E como conseguiu essa informação? Zorn questionou.

- Não posso revelar, mas posso garantir que a fonte é das mais confiáveis! Respondeu.