"Quando é que vais parar de ser parva e de procurar a resposta no fundo da garrafa?"
Não, não me tornei alcoólica nem nada do gênero.
Sim, bebo mais do que o normal, a chegar ao ponto de as coisas à minha volta não parecerem tão miseráveis.
Mas não costuma dizer que o que arde cura?
Tumtum e gin definitivamente ardem bastante e quanto a curar, bem, posso dizer que não estava triste.
"Não volto a beber."
E juro que este pensamento é real.
E foi preciso tomar consciência dele com quatro horas agarrada à sanita e uma dose de comprimidos para o fígado em cima.
"Prometo que não o volto a fazer."
"Há sofrimentos que merecem e precisam de ser sentidos."
"E eu aceito-o."
"Aceito o sofrimento, de uma forma pura e real."
"Por muito que doa."
"Eu vou sentir que dói e vou usar essa dor para aprender a não cometer os mesmos erros no futuro."
Durante o tempo que estive mal pensei seriamente naquilo que te disse à uns tempos atrás.
Tudo aquilo sobre não me voltar a apaixonar, naquele momento eu senti isso de verdade.
"Não vou voltar a passar por isto."
Já te disse, estou a tentar ser mais adulta.
E também senti isso.
Beber estava a trazer ao de cima tudo aquilo que eu não sou.
E agora, numa vida nova e diferente, eu não vou ser mais essa pessoa.
Não vou mentir, tu ainda és tudo o que eu quero e mais.
Porque és tu.
Não sei explicar, és tu.
Eu sempre achei que iamos ficar juntos para sempre.
Eu tinha esse tipo de pensamentos.
E ver que não deu certo com a pessoa mais certa, faz com que eu acredite que não possa dar certo com mais ninguém.
Porque conexões como a que nós tínhamos não se tem todos os dias.
Mas não quero estar infeliz e não quero que tu estejas infeliz. E o mais difícil foi aceitar que definitivamente nenhum dos dois estava a fazer bem um ao outro.
E sim eu estou a divagar mas foi o que eu senti com o meu fígado encharcado em álcool e isto serve para eu escrever o que sinto, consciente ou não desses sentimentos.
Já estive na borda da ponte (metaforicamente) e agora recuei alguns passos de forma a ficar segura, pelo menos por agora, sinto que estou estável neste canto que não me impede de sentir mas não me "mata" de sofrimento.
Sei que se trata do facto de estar rodeada de pessoas a toda a hora e que eventualmente daqui a uma semana isto vai voltar a ser a borda da ponte, mas talvez nesse momento eu já saiba lidar melhor com o vento.
Vou parar de divagar, estou quase a entregar a minha casa e as memórias que nela ficam guardadas.
Não foi um bom sitio para dizer adeus.
Principalmente porque me lembro desse adeus a cada hora de deitar.
Mas bem, se estou a escrever é porque já consigo ler sem me dar vontade de vomitar.
E isso é bom.
"NÃO VOLTO A BEBER."
E isso eu prometo.
"Vou querer um..."
-Magnum branco?
"Obrigada."