Proteja meu Coração

Capítulo 03

Hina

Abro os olhos devagar, uma dor horrível passa pelo meu corpo.

- Ei, que bom que acordou. Não se mexa muito. Vou te levar até um médico para ver se não machucou seriamente.

- Estou bem. - Digo me sentando.

- Teimosa. - Ele resmunga baixinho, não o suficiente.

- Disse algo? - Pergunto o encarando.

Seus olhos são gentis, ele me encara com cuidado. Acho que ficou em dúvida se deve repetir o que disse antes.

- Não. - Ele sorri, de alguma forma meu coração dispara com isso. - Sua magia é bem interessante.

Sinto o rubor subir pelo meu pescoço e rosto.

Que droga.

- Jura?

- Sim. Como funciona exatamente? - Ele fala sentando ao meu lado.

- Bom... eu consigo criar bolhas de cura. São rápidas e aceleram o metabolismo sem agredir tanto o organismo. Mas, acabei desenvolvendo algumas magias de ataque. Consigo acumular uma quantidade de magia grande dentro de uma bolha, e quando algo a toca causa uma explosão.

Ele me encara sério, prestando atenção em tudo que falo.

- Uau. Não esperava isso. É o único tipo de ataque que consegue?

- Na verdade não. Esse só é o mais fácil. Posso moldá-las no formato que quiser. Vou te mostrar.

Crio uma bolha pequena e moldo ela em formato de uma flecha. Quando ela adquiri o formato que desejo concentro uma quantidade de mana nela e a arremesso na parede. No exato local que a flecha passou existe um buraco, pequeno. No lado de fora, a flecha aterrissou num pequeno jardim. Tudo ao redor está murcho.

- O que foi isso?

- Bom... ele suga a mana. Não mata nem nada do tipo, e na verdade ela suga por alguns segundos só. Mas numa luta pode ser útil. - Digo envergonhada.

Ele arregala os olhos e me encara.

- Isso pode ser muito útil. Pelo visto sua magia tem muitas utilidades.

- Na verdade eu não treino muito ela, então não sei te dizer.

Penso um pouco então me lembro do ataque.

- Droga. - Levanto rapidamente. - O pessoal da vila.

Quando vou sair correndo ele segura meu braço.

- Está tudo bem, meu esquadrão derrotou todos já. Quando te encontrei já estavam lutando lá. Não se preocupe, descanse e fique bem.

- Quanto tempo faz isso?

Ele me olha e volta a sorrir.

- Duas horas.

- O que? Eu estou dormindo por duas horas?

Ele me da outro olhar gentil. Algo nesse olhar me encanta.

- Na verdade sim. - Ele coloca a mão na cabeça, parece até nervoso. - Quando desmaiou eu te trouxe pra cá, uma senhora me encontrou e disse pra te trazer pra casa dela. Então aqui estamos.

- Você ficou esse tempo todo aqui?

Vejo que mexe um pouco na sua máscara sem jeito.

- Sim, como disse achei sua magia interessante. Então sim, fiquei aqui te esperando.

- Ah... - Eu estou sem saber o que falar.

- Não quero parecer intrometido nem nada, mas a senhora que me mandou te trazer pra cá disse que você não é daqui. Que chegou a alguns anos.

Arregalo os olhos, lembrar de tudo ainda dói muito.

- É... eu meio que... fugi de casa. E acabei vindo parar aqui. Não me arrependo disso. - Encaro seu olhos. Eles transmitem paz.

- Entendo. Bom eu preciso ir. - Começa a caminhar até a porta. - Na verdade eu tenho uma proposta pra te fazer.

- Qual?

- Entre pro meu esquadrão. - Ele sorri e inclina a cabeça um pouco de lado.

- O que?

Ele da uma risadinha.

- Você tem talento. Pensa bem, não precisa me responder ainda. Se aceitar vou ficar muito feliz.

Ele sai e eu me jogo na cama sorrindo igual uma idiota.

Merda, o que está acontecendo comigo?