"E então, a princesa empunhou a grande e pesada espada e jurou defender todas as criaturas da floresta enquanto ela viver" Théo finalizou a história que ele estava contando para as crianças no Jardim
"Mas cavaleiro Théo e agora? Oque vai acontecer depois disso?" Uma criança falou se levantando
"Calma aí cavaleiro Caio, depois de amanhã vocês saberão" O Théo falou se levantando também, oque fez as crianças levantarem todas de uma só vez, suspirarem, e irem em direção às enfermeiras que cuidavam deles, dando a entender que era para elas voltarem para as alas delas
"Nossa, você encanta mesmo as crianças" Eu falei me aproximando do Théo
"Senhorita, eu apenas estou fazendo oque amo" Ele disse sorrindo, curvou-se e deu breves passos para trás se afastando lentamente sem tirar os olhos dos meus, sorri.
Como ele fazia isso? Contava a história tão vividamente! Eu estava ansiosa para vê-lo de novo depois de amanhã, apesar de ser apenas nove horas da manhã, parecia ser muito mais, eu fiquei tanto tempo prestando atenção e me aprofundando na história que pensei que o tempo tinha corrido.
"Vovó, como a senhora está? Desculpa ter me afastado" Falei para minha vó, que estava não muito longe, saindo do transe que os olhos de Théo me deixaram
"Não se preocupe minha filha, seus pais já chegaram, seu pai irá cuidar de mim, já pode voltar" Minha vó disse tomando a água que a enfermeira trouxe, e dando uma piscadinha
"Tudo bem vovó, espero que melhore logo" Falei dando um abraço nela
"Até" Falei indo embora e dando um breve tchauzinho com as duas mãos
Um tempo depois fui procurar minha mãe, ali estava ela, falando com os médicos para ver a situação da minha vó"Senhora Rebeca , a Dona Madalena não está muito bem, o estado dela ainda continua crítico, a enfisema pulmonar dela está muito grave, e só está aumentando" O Médico falou com os exames da minha vó nas mãos, minha mãe olhava e folheava todos eles, quando eu já estava indo lá uma mão tocou meu ombro
"Anna?" Me virei para trás e vi Théo
"Oi?" Respondi
"Você está bem? Cadê aquela idosa que estava com você hoje mais cedo?" Ele perguntou
"Ah estou bem sim, aquela idosa é minha vó" Esclareci
"Ah então você está cuidando dela?" Perguntou ele, se direcionando para umas cadeiras que perto haviam
"Sim, bom estou fazendo companhia para ela, não sei se notou mas como o médico acabou de falar, ela está em estado crítico" Respondi seguindo ele, e me sentando ao seu lado
"É uma pena" Ele respondeu aparentemente triste
"Sim, mas e você? Está no hospital apenas pelas crianças ou tem algo mais?- Indaguei a ele
"Ah, eu, eu tenho insuficiência cardíaca, mas eu me livrei dela, os médicos dizem que não tem cura, mas acho que já me livrei sim" Ele disse dando uma piscadela
"Eu sinto muito, não sou médica mas acho que não tem jeito mesmo, só com um transplante" Falei sincera, ele confirmou com a cabeça
"Efetivamente, mas prefiro pensar de forma positiva, mesmo que não tenha saída" Ele falou dando um sorrisinho
"Bom, mas e ai o que poderia ser o final da história de hoje?" Ele perguntou desviando o assunto
"O que poderia ser o final da história? Mas se tem a história, tem o final!" Indaguei
"Sim algumas vezes sim, porém eu mesmo as invento, acho que é mais emocionante quando a história tem vários pontos de vista e ideias diferentes, e não apenas as minhas, é desse modo que as vezes nem eu mesmo sei o que pode acontecer no final" Explicou ele sorrindo
"Ok senhor cavaleiro, porém não tenho uma imaginação fértil como a sua" Falei relembrando ele do modo de falar que ele usava com as crianças, de modo que fez ele sorrir
"Bom, agora vou indo senhorita, já está na hora de voltar para a minha ala" Ele disse batendo as mãos no colo e se levantando, com isso eu acenei como um até mais
Quando ele já havia saído de vista, fui tomada por uma tristeza devastadora e enterrei minha cabeça ao redor dos meus braços
"Ah e Anna..." Ele disse voltando, levantei a cabeça novamente no susto.
Ao perceber ele disse: "Pode desabafar comigo se quiser um ombro amigo pra se apoiar, eu estou aqui" completou me dando um abraço.
"Serei seu amigo" Completou
"Obrigada Théo, você é um ótimo amigo, apesar de a gente acabar de se conhecer" Falei sorrindo, ele acenou com a cabeça
"Théo? Théo? Aonde esse menino foi parar meu Pai?" Uma voz distante o procurava, provavelmente a enfermeira desesperada o procurando.
"Eu tenho que ir de verdade agora" Ele disse apontando para trás sem tirar os olhos dos meus.
"Vai logo Théo" eu disse dando risada, ele riu também e foi corredor a dentro.
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Cartas Para Você
RomanceAnna é uma garota de 16 anos que visita o Hospital Dra. Fernanda Guerra frequentemente para cuidar de sua avó Madalena, lá ela faz uma grande amizade com um garoto chamado Théo, Théo é um garoto muito gentil e carismático, ouvi dizer que ele até che...