Capítulo 2

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Conhecendo melhor meus próprios erros,

A te apoiar te ponho a par da história

De ocultas faltas, onde estou enfermo;

Então, ao me perder, tens toda a glória.

- Trecho do Soneto nº88 de William Shakespeare



Elisabeth reagiu àquele beijo em menos de cinco segundos. Apesar daquela varanda ser uma das mais distantes, não podia correr o risco de perder o que restara de sua honra... E de seu coração.

Quando empurrou Colin, não pôde deixar de ter a sensação de que aquele sempre seria um estado natural dos dois.

‒ Sinto muito se eu soar deveras estúpida, mas o que diabos pensa que está fazendo? ‒ Ao abraçar a si mesma, Elisabeth percebeu que sua respiração estava bastante irregular e suas mãos tremiam. Raiva era o de menos naquele momento, simplesmente detestava transparecer tamanha vulnerabilidade.

Principalmente para ele.

Colin passou a mão pelos cabelos acobreados. E ainda na parca luz, era possível ver sentimentos ardendo em seus olhos. Há 7 anos, quando foi impedida de se despedir do Colin que sempre amou, aqueles sentimentos significavam o mundo. Mas para a Elisabeth de 25 anos, aquilo já era irrelevante.

‒ Eu preciso conversar.

‒ Preste atenção no que diz! "Eu preciso". Mas eu, Elisabeth, não preciso de mais nada vindo de você, milorde.

Elisabeth não podia permitir ser influenciada por aquele pedido, levou tempo demais para recuperar-se da perda. Para ela, deixar que Colin Warwick entrasse novamente em seu coração era um sacrifício que não estava mais disposta a fazer.

‒ Milorde...

‒ Colin, me chame de Colin. Sinto estar completamente ansioso para ouvir meu nome sair de seus lábios. ‒ retrucou, avançando dois passos em sua direção.

Elisabeth desceu do parapeito e se afastou até a coluna do lado esquerdo da varanda. Como qualquer noite comum em Londres, o céu continuava nublado, bem semelhante ao que acontecia no coração de Lisa.

‒ Milorde, eu fico feliz que tenha retornado são e salvo. ‒ Lisa respirou fundo antes de continuar ‒ Mas não temos mais nada a ver um com o outro. Nesses anos, minha vida não ficou em espera, milorde. Eu continuei a encontrar as mesmas pessoas, a ouvir as mesmas perguntas e a responder da mesma forma toda vez, mas não pense que eu sou a mesma Elisabeth Cavendish que sua senhoria conhecia.

O desejo de Lisa era que seu coração estivesse tão firme quanto as palavras que saiam de seus lábios.

‒ Lisa...

‒ Por favor, Lorde Brighton, me chame de Lady Elisabeth Cavendish, ou senhorita Cavendish. Apesar de nos conhecermos desde a infância, estou certa de que não temos nenhuma relação íntima o suficiente para esse tipo de tratamento. ‒ Ouvir o seu apelido vindo de Colin era cruel demais.

‒ Pelo amor de Deus, vamos parar com esse teatro Elisabeth. ‒ Colin se exauriu. A vontade dele era tirar aquela maldita gravata e poder respirar com mais facilidade. Simplesmente não aguentava mais aquela fortaleza que separava-o de Lisa. O que era hipócrita demais da parte dele, não agira como um cavalheiro nos últimos anos, mas só queria a chance...

‒ Teatro? ‒ Elisabeth cruzou os braços ‒ Desde quando fui dada à joguinhos, milorde? Realmente deve ter conhecido a Elisabeth errada. Por favor, me dê licença, preciso encontrar a minha mãe, ela deve estar preocupada comigo.

O Amor de Lady LisaOnde histórias criam vida. Descubra agora