Capítulo 3

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Notas:  Fiz algumas alterações na organização dos capítulos, eu estava bem incomodada com o desenvolvimento do capítulo 3 e do capítulo 4, então achei por bem mudar algumas coisas. 

Espero que gostem.

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Amor, amor fiel, em minha mente te lembrei,

Mas como eu poderia te esquecer Com que poder,

mesmo na menor divisão de uma hora,

ele me enganou, me deixou cego, até minha pior perda!

- Trecho do poema "Surpreso com a alegria" de William Wordsworth



No dia seguinte ao baile de Lady Dunford, Elisabeth seguiu com sua rotina tranquilamente, ou pelo menos tentou.

Quando chegou para o desjejum, seus pais, Agatha, sua tia-avó Lauren e seu noivo pareciam estar discutindo algum assunto muito difícil. Seu pai, especialmente, estava com as mãos unidas como em sinal de oração e sua testa franzida.

‒ Bom dia a todos! ‒ Lisa tentou expressar o seu melhor sorriso. Quando finalmente perceberam a presença dela na sala, os homens se levantaram e John caminhou até ela.

‒ Sinto muito vir tão cedo, fiquei preocupado com os acontecimentos no baile de Lady Dunford.

Prestando mais atenção ao rosto de John, Elisabeth notou a testa levemente franzida também, e uma ardência em seus olhos. Nada como a urgência que um dia já presenciara nos olhos de outra pessoa, mas um calor gentil, que a envolveria gentilmente a qualquer sinal de perigo.

Lisa segurou as duas mãos de John e fitou seus olhos:

‒ Estou bem, John. E obrigada por ter vindo. Sinto por ter interrompido o café da manhã.

John ainda abriu a boca para responder, mas Agatha foi mais rápida.

‒ Besteira. Sente-se aqui, a Sra. Burns fez um delicioso bolinho com morangos.

Elisabeth deu um beijo nas bochechas de seu pai antes de se sentar entre Agatha e sua mãe.

‒ Permitam-me saber qual é a pauta desta manhã.

Seus pais se entreolharam e Lorde Ellsmere pigarreou:

‒ O assunto era Warwick, e como devemos lidar com a situação. ‒ Elisabeth realmente deveria dar mais crédito aos parentes, todos pareciam verdadeiramente constrangidos por estar discutindo tal assunto sem a presença dela.

‒ Certo, ‒ ao ver que o omelete estava no aparador, Elisabeth se levantou para se servir ‒ eu agradeço a preocupação de todos vocês. Mas eu vou lidar com a situação, isso se de fato virar uma "situação" a ser considerada.

Lisa voltou a se acomodar à mesa e reuniu forças para ser o mais sincera possível naquela situação.

‒ Amo vocês, de todo o coração. Mas isso é assunto meu. ‒ sua mãe parecia estar à qualquer momento de retrucar ‒ Não vou mentir ou fingir que não foi nada demais, ontem...

Sua tia Lauren que levantou a voz:

‒ Foi muita petulância daquele rapaz reaparecer como se nada tivesse acontecido. Na minha época isso teria se resolvido com um duelo, Richard. ‒ a senhora bufou ‒ Que não um duelo, mas se fosse o meu Charles, ele nunca teria deixado isso como está.

‒ Titia... ‒ Lisa tentou retomar a palavra.

‒ É assim que as coisas são! ‒ afirmou com toda confiança que décadas entre a nobreza lhe impuseram ‒ Se pelo menos eu fosse dez anos mais nova, eu mesmo teria enfiado um soco naquele canalha.

Ontem, eu me senti vulnerável como eu não me sentia há bastante tempo. Contudo, deixei claro ao Lorde Brighton que esses anos foram mais do que suficientes para que ambos reconstruíssemos nossas vidas. Mas peço que todos vocês me permitam lidar com isso, pelo menos... Dessa vez.

***

À medida que sua mente estava mais nublada e sua garganta anestesiada, Colin percebeu que ingerir mais conhaque não era uma atividade difícil. Olhando para o retrato de seus pais, sentia o peso dos últimos anos.

‒ Não permitirei que alimente essas ideias sem sentido, Colin Warwick. ‒ Lorde Brighton bufou ‒ Você não irá comprar nenhuma patente! Eu lhe proíbo!

‒ Eu não iria para combate direto, mas quero fazer parte das Forças de Sua Majestade. É preciso entender a guerra, para evitá-la. Mas o senhor...

‒ Não preciso ouvir essas justificativas. ‒ balançou a mão interrompendo o filho ‒ Eu ainda sou o visconde e posso controlar cada centavo que você recebe.

Colin empalideceu, enquanto respondia:

‒ Então, meu pai, provavelmente precisarei enterrá-lo para poder seguir meus desejos. Fique tranquilo, se quiser notícias minhas, estarei em Oxford.

Não podia deixar de odiar cada segundo daquela última conversa que teve com seu pai. Sentia-se não apenas um tolo, mas um canalha em diversos sentidos, para com várias pessoas.

‒ Warwick, eu devia ter adivinhado que você estaria nessa situação. Mas tudo tem limites, homem.

Thomas Scott tirou o paletó e se serviu de uma dose de conhaque.

‒ O que faz aqui, Scott?

Colin esfregou os olhos e tentou focar na figura de Thomas.

‒ Coincidentemente, eu encontrei com John Leighton há menos de 10 minutos, o duque estava voltando da casa Cavendish.

Colin zombou:

‒ E você acha que essa informação será útil para mim? Estive pensando pelas últimas horas no que eu devo fazer para conseguir cinco minutos da atenção de Lisa. ‒ entornou o restante do conteúdo e devolveu o copo para a mesa ‒ Escute, Scott, eu sei o que eu fiz e o que deixei de fazer. Mas eu a amo de todo coração. Não posso permitir que ela se case por menos que isso.

‒ E o que garante que Leighton não a ame? Você acredita que é a única pessoa capaz disso? Olhe, Warwick... Já se passaram sete anos, tempo suficiente para que ambos sigam em frente. Você está sendo um maldito egoísta!

Thomas também deixou seu copo de lado e pôs a mão no ombro de Colin.

‒ Eu não suportaria, Scott.

‒ Meu amigo, volte à razão, Elisabeth ficou sozinha aqui, aguentando tudo e todos, sem nenhuma notícia sua. Não apenas ela, devo frisar, apesar de como amigo só ter recebido um ou duas cartas com meia dúzia de palavras...

Colin o interrompeu virando abruptamente.

‒ Você não imagina como é uma guerra. Tudo o que tem nos livros não passam de conjecturas, dados, informações teóricas. ‒ retrucou ‒ Não existe um manual que lhe ensine como lidar com companheiros morrendo.

‒ Sim, nenhum de seus amigos pode sequer imaginar o que é passar por isso, Colin. Mas será que você não confiava em nenhum de nós para compartilhar a carga? Nem mesmo a Lady Elisabeth?

O questionamento de Thomas não apenas o atingiu o orgulho do Colin de 30 anos, mas desmantelou a super confiança do Colin de 23 anos que acreditava ser capaz de tudo.

‒ Scott, estou cansado, podemos continuar essa conversa noutro momento.

Colin não esperou para ouvir uma resposta de seu amigo, subiu as escadas em direção ao seu quarto encerrando qualquer discussão.

Mas nem mesmo a quantidade absurda de álcool permitiu que o sono o alcançasse com facilidade e à medida que a luz do sol se intensificava, com a aproximação do meio-dia, Colin tentou inebriar-se com momentos que não passavam de longínquas lembranças de um tempo feliz.

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⏰ Última atualização: Jul 22, 2021 ⏰

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