Jungkook não conseguia me olhar nos olhos.
Noite passada foi péssima, já que esperávamos ter uma boa noite de sexo como uma comemoração, mas eu não contava com uma crise alucinógena num momento daqueles, foi um desastre.
Isso me fez lembrar da nossa primeira vez, em sua casa. Estávamos apenas nós dois, já que seu pai estava trabalhando na marcenaria. Aconteceu como deveria acontecer, hormônios, trocas de olhares, carícias, beijos e então fomos para o quarto. Bom, ambos não tinham experiência alguma, logo não sabíamos onde pôr a mão ou, se nos cobriríamos ou não. Ainda hoje, penso que a camisinha estava do lado errado.
Nada aconteceu certo, foi constrangedor mas é engraçado lembrar, porque fizemos juntos e apesar da precipitação e daquele friozinho na barriga causado pelo pensamento de que alguém poderia chegar a qualquer momento, foi bom.
Foi maravilhoso.
Ontem… bem, foi só um desastre mesmo.
Tive dificuldade para dormir, as imagens voltavam para me atormentar e me apavorar. Momento ou outro, eu via a casa pegar fogo, levando meu marido com a madeira que era consumida pelas chamas, me faziam gritar e espernear, para depois ver o rosto de Jungkook, com seus olhos arregalados e cheio de medo e culpa.
Ele chorou a noite toda; agora ele se culpa, mas a culpa é toda minha.
A anos lido com insônia, alucinações e houve tempos em que eu não conseguia distinguir se estava acordado ou sonhando.
Meu marido me acompanhou em todo esse processo, desde os primeiros sinais até a terapia, os remédios e as internações. Isso o assombra até hoje.
Jungkook é um grande homem, o homem que nunca serei, pois não tenho forças. Ele foi forte para aguentar tudo isso e ainda me levar junto, me carregar e amparar para que eu não caísse.
Se sente culpado porque acredita que tudo começou quando nos conhecemos, não é verdade. Mas é sim que tudo se intensificou quando começamos a precisar mentir; mentir onde estávamos, mentir sobre o que fazíamos, mentir sobre quem éramos.
Mas a culpa não é dele se nossas famílias eram tão... abusivas.
Nosso café da manhã foi silencioso, parecia que isso estava virando rotina.
Nos levantamos, lavamos o rosto com a falsa ilusão de que isso nos daria energia e faria toda aquela olheira sumir, então começamos a preparar o que comer e nos sentamos para tal, sem dizer uma única palavra.
– Vou lá fora. – se levantou depois de alguns minutos, ajeitando a camisa no corpo e mantendo os olhos sobre a mesa. – Para... vou juntar as ferramentas e... – pareceu não conseguir pensar em uma boa desculpa, então apenas coçou a garganta e saiu.
Era tudo minha culpa.
Havia largado o tratamento e a terapia meses antes, simplesmente porque me sentia bem, não tive mais crises de sonambulismo ou sequer algum pesadelo, nem mesmo dores de cabeça.
Me auto diagnostiquei e fiz o que bem entendi.
Jungkook nunca soube, não aprovaria de maneira alguma. Estaria certo, afinal.
Devíamos mesmo voltar para Califórnia, para voltar a me tratar novamente.
Arrastei-me para fora da cabana, apoiando-me no batente da porta quando senti que meu corpo cederia, estava fraco dos pesadelos da noite passada.
Lá fora, pude vê-lo terminar de arrastar uma tronco, não tão grande, para perto de um banquinho e então se sentar, buscando uma conhecida bolsa azul para perto – era onde ficavam suas ferramentas, ele iria esculpir.
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A Floresta da Árvore de Fogo | Jikook
Fanfiction[FANFIC] Park Jimin retorna a sua antiga cidade para o velório de sua avó e ao descobrir sobre sua herança, parte junto a seu marido para uma cabana no meio de uma floresta distante. Ele estava lá apenas para guardar a única coisa que sobrou da pes...