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Abro todas as portas da casa, vou entrando de cômodo em cômodo, todos as localidades são estranhas, cada uma com cheiros, manchas e decorações peculiares. Há quartos com paredes decoradas de cabeças de animais silvestres empalhados, há outros com pegadas e poças de sangue, outros com cheiro de urina e vômito. Havia um, que parecia um poço sem fundo, absolutamente escura, vou adentrando naquela toca do coelho, absolutamente sem luz nenhuma. Tropeço em algo e sinto que um líquido espirrou em minha perna, me agacho e vou engatinhando no chão, com o propósito de descobrir o que era aquilo. Sinto uma pele gelada, deduzo ser uma boneca. Esse cômodo fede a podridão, a boneca está entornada de um líquido meio pastoso, gelado. A curiosidade me atraí cada vez mais. Vou engatinhando até a parede mais próxima, me levanto e vou passando a mão na parede na intenção de achar um interruptor. Eu poderia ter feito isso antes, mas por algum motivo eu só pensei nisso agora. Depois (de acordo com a minha intuição) passaram-se 10 minutos até eu encontrar o interruptor. Assim que ligo a luz, vejo Gustavo, morto, ele era a boneca, olho em volta, vejo Kath e Julian mortos, com os rostos pálidos, olhos brancos e insetos adentrando em seus corpos...


       Acordo aos gritos, pós um pesadelo terrível. Pego o celular e ainda são 06:00 da manhã. Aprendi uma lição hoje -> Nunca dormir com preocupações na cabeça, eles causam pesadelos. Levanto da cama, pois eu me recuso a dormir pós esse pesadelo, pego meu celular e mando mensagem para Kath, perguntando se ela já está vindo. Eu mal estou com fome, sento-me na cama, respiro fundo e pego o mapa que eu desenhei ontem. Onde tu estaria Gustavo? Arrumo minha cama e saio do quarto, vou em direção a cozinha e falo com Marta, que já está limpando a casa.

E. Bom dia Martinha, dormiu bem? por que você tá trabalhando tão cedo?

M. Bom dia menina linda, eu dormi bem sim. Bom, a cozinha amanheceu suja. Com farelos na mesa e chão, com copo na pia. Você sabe que se a sua irmã visse isso, ela me mandaria embora né?

E. Nossa, mas eu não sabia que acordavam tão cedo nessa casa.

M. É, mas ninguém acorda esse horário mesmo. Deve ter sido alguém comendo de noite.

E. Talvez, pode ter sido Juliano. - Juliano nunca come pós às 23:00 horas, por causa do jejum intermitente dele. Imagino que tenha sido o Gustavo, bom, pelo menos ele não passou fome né?

Pego uma banana e vou comendo no caminho até o meu quarto, aliviada por saber que ele comeu algo. Me deito na cama e pego rapidamente no sono...

      Assim que acordo vejo que já esta quase no horário de Kath chegar. Levanto da cama, arrumo meu quarto e vou abrindo espaços no meu guarda- roupa para colocar as coisas da minha amiga junto das minhas. Separo o mapa que eu mesma fiz e, ja vou adiantando meus pensamentos para podermos achar Gustavo logo. Desde que ele chegou, minha mente vaga por todos os cantos dessa casa, como uma alma perdia por aqui. 

     Enquanto estou pensando na vida, vejo um carro se aproximando. Me alegro, só pode ser Katherine. Desço correndo e abro a porta com um sorriso enorme. Corremos e nos abraçamos, naquele momento, tudo parecia estar lento até que minha irmã aparece para estragar tudo. Com seu sorriso falso, dá as boas-vindas a Kath e a convida para dentro, mandando Marta pegar as malas dela. Fico para trás com Marta, enquanto Gabriela arrasta Katherine por ai. ''Eu te ajudo Martinha, fica tranquila, podemos levar isso juntas.'' digo a Marta com um tom consolador a mesma me retribui com um sorriso de agradecimento. Levamos as malas de Kath para o meu quarto. Pós deixar as malas, encontro com Gabriela no corredor abrindo porta por porta, mostrando o caminho para Katherine e falando dos quartos proibidos. Resolvi acompanhar, afinal, nem eu lembrava mais onde era proibido. 

Tempos depois, o almoço chegou e eu ainda não tive um momento com a minha amiga, que inclusive, parece muito desconfortável com isso. É como se Gabriela quisesse monopolizar ela, não deixa-lá comigo, sendo que a mesma não quis que Kath viesse. Ao fim do almoço, rapidamente, puxo Katherine para vir comigo, antes que minha irmã doida inventasse mais alguma coisa pra elas duas fazerem. Nós abraçamos no corredor.


K. Finalmente, que irmã doida. Achei que ela nem gostasse de mim.

E. Na minha opinião, ela não gosta de ninguém. Mas eu também não entendi essa aproximação toda. Vamos para o quarto, eu e a Marta deixamos suas malas lá. Eu abri um espaço no meu Guarda- Roupa pra ti.

K. Ai amiga, me desculpe por não ajudar vocês com as malas Gabriela me arrastou pela casa. Fiquei boquiaberta com o tanto de quartos proibidos que vocês tem aqui. A cada porta aberta eu fiquei morrendo de medo de o Gustavo estar lá. Bom ela abriu as portas autorizadas, as proibidas ela só sinalizou dizendo ''ó, essa não pode''

E. Acho que ele não seria tão besta de ficar em um lugar óbvio. Bom, eu sei por que eu olhei nesses lugares óbvios e ele não estava lá. - Abro a porta do quarto- Bem- vinda, mí casa es su casa. 

      Os olhos de Katherine brilharam, era como se ela estivesse num sonho. Arrumamos as coisas dela, o quarto dela fica em frente ao meu. Mas acredito que ela dormirá aqui no meu quarto as vezes, minha cama cabem duas de mim e não teria problema dela ficar aqui. O quarto dela tem bastante espaço também, um banheiro gigante e chique. Mas não tem lugar de guardar a roupa. Tem somente três prateleiras e duas delas tem a função de guardar a mala, supondo que a pessoa levaria duas malas. 


'' As coisas não mudam por dois motivos: ou é medo, ou é tarde''

 - Artista Desconhecido 

O Vizinho da (Não) Casa Ao Lado 2Onde histórias criam vida. Descubra agora