Capítulo 2

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Seattle, 15 de maio de 1997.

Na sala de emergência do Hospital local, pai e filho aguardavam notícias da jovem Louise Elizabeth Kim de 18 anos, grávida do seu primeiro filho com Kim Namjoon.

Eles eram um casal jovem, apaixonados e apesar de muito novos haviam se casado há poucos meses ao descobrirem que teriam um filho. Sim, um filho fruto do relacionamento de dois anos, mas ali estava ele, na sala de emergência daquele hospital.

Enquanto pai amparava e cuidava do filho, no noticiário passava a matéria sobre o acidente que levara sua esposa Kim SooMin de 42 anos. Ela era a vítima fatal de um acidente automobilístico. Acidente este provocado por um motorista alcoolizado. Ele que trafegava com seu caminhão quando invadiu a pista contrária colidindo frontalmente com o carro em que as duas mulheres estavam.

A Srª SooMin falecera no local, já a jovem gestante que estava no banco do passageiro, fora resgatada em estado gravíssimo.

Não havia maiores informações para serem divulgadas nos telejornais até aquele momento, mas eles mostravam as cenas do trágico acidente e o resgate das duas mulheres.

Naquela sala de espera o Sr. Kim Hyeon e seu filho olhavam o noticiário vendo as imagens trágicas e o resgate das vítimas. O choro do mais novo era algo doloroso, perdera a mãe e sua esposa estava entre a vida e a morte no centro cirúrgico. Ele já não tinha esperança que seu filho sobrevivesse, mas pedia a Deus para que sua esposa ficasse bem.

As horas dentro daquele hospital pareciam infinitas. O Sr. Hyeon precisava cuidar dos procedimentos de liberação do corpo da própria esposa, mas também não podia deixar o filho sozinho nesse momento tão complicado. Sem ter outra opção recorreu ao amigo e sócio para ajudá-lo tendo como retorno o apoio para o que fosse necessário.

(...)

Após sete longas horas o médico enfim surge procurando pelo parente de Louise. Namjoon imediatamente aproximou-se do médico dizendo que era o marido dela. O médico ao vê-lo desesperado por notícias de sua esposa, sendo um casal tão jovem, por um momento não soube como proceder com a notícia que daria ao rapaz.

Namjoon enchia-lhe de perguntas, mas o médico não tinha como responde-las. Apenas olhou para o homem de mais idade e em um gesto silencioso de troca de olhares, mostrou o seu pesar. O Sr. Kim Hyeon entendera que sua nora também falecera e então abraçou fortemente o filho para confortá-lo enquanto o mesmo recusava-se a acreditar que Louise o tinha deixado.

-Eu sinto muito senhores. Fizemos de tudo para salvá-la, mas os ferimentos foram graves demais. Ela teve complicações devido as duas paradas cardiorrespiratórias e não resistiu.

-E o bebê? -Questionava entre lágrimas de dor e desespero que escorriam por sua face.

-O bebê teve complicações devido ao parto prematuro. Ele lutou fortemente por sua frágil vida e sua vontade de viver foi mais forte que a morte. Conseguimos estabilizá-lo e agora ele está na UTI neonatal pois requer cuidados especiais.

-Eu quero ver minha mulher e o meu bebê Dr. Smith, por favor me deixe vê-los.

Atendendo ao pedido, o médico os conduziu até onde o corpo de Louise se encontrava, afastou-se um pouco para que o rapaz pudesse chorar por sua perda e se despedisse de sua esposa. Depois os conduziu até a UTI neonatal mostrando aos dois o frágil bebê de oito meses e toda a parafernália que o envolvia para que sua vida fosse preservada e se recuperasse logo.

-Seu filho irá ficar bem Sr. Kim. Ele é um menino forte, a gestação de sua esposa estava bem adiantada. Logo ele se recuperará e não irá demorar para estar em casa com a família.

-Filho? É menino? -Questionou surpreso.

-Sim, um lindo menino Sr. Kim. Aquele rapazinho nos aparelhos é o seu filho. -Apontou mostrando o bebê gordinho ligado ao soro e ao oxigênio.

Ao saber o sexo do bebê lembrou-se do dia em que ele e Louise apostaram se seria menino ou menina. Nesse mesmo dia escolheram qual seria o nome que dariam e mais uma vez lágrimas deslizaram por sua face.

-Vai ficar tudo bem filho. Eu estou aqui com você, nós vamos cria-lo com muito amor.

Enquanto Namjoon ficou ali observando seu filho através daquela janela de vidro sendo cuidado pelas enfermeiras, o Kim mais velho tomava as providências para a liberação do corpo de sua nora e mais uma vez ligou para o amigo, dessa vez para avisar que Louise também havia falecido e mais uma vez pedindo ajuda para os trâmites de mais velório.

Entristecido pelas duas perdas, Alex cuidou de tudo para Hyeon pois naquele momento o amigo precisava ser forte para ajudar o filho. Eles tinham que se erguer pois havia uma pequena vida que precisava dos dois.

(...)

Naquela madrugada, ao chegar em casa, Nanjoon não conseguira dormir, nem tão cedo suas lágrimas cessaram. A Srª Tompson, governanta da família Kim, tinha seu coração partido pela perda que a família estava sofrendo e pela dor do seu pequeno Kim, a quem dedicou treze anos de sua vida aos seus cuidados.

Em silêncio ela subiu degrau por degrau. Bateu à porta do jovem rapaz, mas ele não respondeu e ela como sempre fazia, abriu a porta cuidadosamente.

-Nam, querido. Eu trouxe um leite morninho para você. -Dizia entrando suavemente na penumbra daquele quarto.

-Eu não quero nada Gracie, não estou com fome. Só quero ficar sozinho, por favor. -Resmungou virando-se para o lado oposto de sua cama abraçado a uma camiseta de sua esposa.

A Srª deixou a bandeja com o copo de leite e os biscoitos sobre a mesa de cabeceira e tomou a liberdade de sentar-se na beirada da cama do casal. Com cuidado tocou os pés do jovem e arrumou a meia que estava torta, quase saindo dos pés, deixando um pequeno carinho ali.

-Eu sei que esse momento é muito doloroso Monie, sei que é uma dor dilacerante e que a perda precisa ser sentida. Eu ainda me lembro de quando você usou essas mesmas palavras para mim há três anos quando fiquei viúva. Foi você que esteve me confortando naqueles dias difíceis e solitários. Eu sei que você precisa ficar só, precisa chorar, sentir, se despedir e tudo isso vai levar um tempo para ser aceito. -Ela dizia fazendo carinho nos cabelos do rapaz, -Só não se deixe vencer pela dor da perda, pela falta de Louise. Do amor adolescente e do casamento tão prematuro, existe alguém que ainda está vivo e precisa de você. Ele tem a mim, ao seu pai, mas é de você que ele mais vai precisar quando sair daquele hospital.

Namjoon virou e sentou na cama ouvindo as palavras da mulher que se preocupava consigo. Não demorou para que se jogasse nos braços de sua amiga. Era assim que ele via Gracie, uma amiga. Abraçou-a apertado com a cabeça apoiada em seu ombro, deixou que as lágrimas molhassem as roupas da mulher enquanto recebia o carinho do deslizar das mãos quentinhas em suas costas.

Chorou até que as lágrimas se findassem e o fungar tomasse conta de si. Aos poucos sua respiração ia se acalmando ao som da suave voz que lhe acalantava com o canto infantil tão conhecido por si.

A suavidade da voz, o carinho nos cabelos, o toque nas costas e toda a tensão daquele dia fizeram com que Namjoon se rendesse e nos braços da Srª Tompson seu corpo amoleceu entregando-se ao sono.

Com cuidado ela acomodou o corpo do rapaz na cama, cobriu-lhe e com carinho deixou um selar em seus cabelos. Quando se pôs de pé, pegou o copo de leite intocado e frio saindo do quarto deixando seu olhar mais uma vez sobre Namjoon antes de fechar a porta.

-Vai ficar tudo bem querido. -Murmurou já no corredor fora do quarto.

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