Capítulo 3

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Coreia do Sul, 2007.

Dez anos haviam se passado e muita coisa havia acontecido com a família Kim. Uma delas foi o retorno para a cidade natal há alguns anos.

A empresa em Seattle agora também tinha mais uma filial, a da coreia do Sul. Um longo caminho fora percorrido para que isso se tornasse possível e assim os Kim voltassem para seu país de origem com estabilidade financeira e uma boa casa para morar.

A família havia crescido, o Sr. Hyeon depois de quatro anos do falecimento de sua esposa, descobriu-se apaixonado novamente e com o apoio do filho criou coragem e se declarou para Gracie, a governanta de sua casa e amiga fiel desde que Namjoon tinha cinco anos. Ambos passaram pela dor da perda, eram viúvos e Gracie também desenvolveu sentimentos pelo homem de meia idade. Passaram por um período de namoro e noivado até que há quatro anos eles enfim casaram-se na Coreia.

Namjoon havia incentivado o pai dizendo que ele precisava e merecia recomeçar sua vida ao lado de uma boa mulher e Gracie sempre esteve ao lado deles em todos os momentos que tiveram, fossem eles bons ou ruins.

Seu pai por sua vez rebateu o conselho dizendo ao jovem que ele também deveria encontrar alguém para amar novamente. Nam já estava com 29 anos e só teve alguns encontros esporádicos no decorrer desses anos, mas a resposta era sempre a mesma "não tenho tempo para isso". No passado por que o filho era pequeno, ou por que ele mesmo estava na faculdade. Depois era por que a empresa, a família e o filho eram sua prioridade e assim os anos foram passando. Havia sempre uma desculpa preparada.

O pequeno bebê recuperou-se bem, teve alta hospitalar após 45 dias de seu nascimento. Tornou-se uma criança saudável, forte, com o sorriso quadrado mais lindo que alguém poderia ver um dia. Seus olhos eram brilhantes e com fortes traços orientais. Puxara a seu pai, a genética asiática era mais forte. Tinha a pele dourada e era muito serelepe e inteligente. Dez anos, essa era a idade do garoto a quem todos chamavam de Tae, ou para os estranhos, Kim TaeHyung.

Nesses anos que já estavam na Coreia, Nam dedicava-se integralmente ao filho e a empresa. Quando o corpo necessitava de uma companhia para dividir uma cama de hotel, ele saia para beber algo e dali sempre tinha a companhia feminina ou mesmo um corpo masculino para desfrutar.

Depois que perdera a esposa, percebeu que independente de qual gênero estivesse em sua cama, compartilhando daquele momento de satisfação, não faria diferença. Era apenas sexo, era apenas prazer, ele não tinha intenção e nem queria se apegar a ninguém. Ninguém fora capaz de despertar algo mais em si. E assim sua vida afetiva resumia-se a sexo esporádico tanto com mulheres como com homens, desde que não existisse sentimentos envolvidos, para ele não fazia diferença.

Ele não tinha tempo para isso, ele não queria isso. O amor machucava e ele não queria mais sentir aquela dor. Amor era algo que não lhe pertencia. No auge dos seus 29 anos, Namjoon ainda morava na casa do pai com seu filho, não via necessidade de mudar-se. Gracie era uma boa avó para seu filho, cuidava do garoto enquanto ele trabalhava. Todos se davam bem e a única vez que sugeriu ao filho de irem morar em um apartamento, somente os dois, Tae abriu o maior berreiro. Grudou-se nas pernas do avô e pedia para a vovó não deixar ele ir embora. Tae havia feito o maior drama e assim por unanimidade, eles ficaram.

2020...

-Tae acorda garoto. Vai chegar atrasado na faculdade. -Dizia Namjoon já abrindo as cortinas e arrancando as cobertas da cama do rapaz de 23 anos.

-Pai...só mais um pouquinho.

-Nem mais, nem menos. Se quisesse dormir mais tempo, chegasse mais cedo em casa ou dormisse aqui com o Yoongi ao invés de ficarem se pegando pelas baladas.

-Quando é que me acordar virou assunto sobre sexo pai?

-Não virou. Vamos levanta logo. Você tem 20 minutos para se arrumar e tomar café para não chegar atrasado.

-Pai... você precisa transar de novo. Seus hormônios estão subindo pra cabeça. Você está estressado. Eu nunca me atraso, sou o melhor aluno da turma e o segundo melhor da faculdade, só fico atrás do aluno do curso de fotografia, o Jeon.

-Eu me orgulho muito de você filho, mas não vou sair por aí transando com todo mundo. Você que me aguente. Como está o Yoongi?

-O Yoongi?

-É, como está seu namorado?

-Bem? -Responde em um tom de interrogação, como se ele mesmo não soubesse o que dizer.

-Bem? Que resposta é essa Kim TaeHyung?

-Pai tô atrasado, dá licença... tô indo tomar banho.

E lá estava mais uma vez o garoto que fugia de algumas perguntas quando não queria se explicar. Já não era a primeira vez que isso acontecia.

Tae amava incondicionalmente seu pai e sua família, mas estava com receio de contar no que havia se metido. Talvez ainda fosse cedo demais para dizer sobre seus sentimentos. Talvez outro dia ele pudesse sentar com seu pai e falar abertamente sobre o que estava acontecendo.

Afinal de contas namorar Yoongi estava Ok para sua família, mas como seria se ele falasse que também estava saindo com Hoseok, o filho caçula do gerente da empresa do pai. Eles entenderiam um relacionamento a três?

Nenhum deles era menor de idade, Tae tinha 23, Yoongi era o mais velho com 26 e Hoseok já estava com 24 anos. A única coisa que poderia ser um problema para eles seria a não aceitação de sua família, por que a sociedade já condenava relacionamentos homoafetivos e isso não mudaria nada em relação ao que sentia, mas ter seu pai e seus avós ao seu lado era fundamental para ele.

Tae precisava contar para a sua família o que estava acontecendo. Essa fora a conclusão de seus pensamentos ao terminar de se arrumar e descer as escadas para comer algo rapidamente.

-Vovó, posso trazer o Yoongi e o Hoseok para jantar aqui no final de semana? Tipo....no sábado?

-Claro querido. Os pais do Hobi vão vir também?

-Ainda não vovó, por enquanto só os dois.

-Aconteceu algo Tae?

-Vai depender de como vocês vão reagir vovó, mas isso é assunto para daqui dois dias. -Deu um beijo no rosto de sua avó já saindo para encontrar seu pai, precisava ganhar uma carona para a faculdade, afinal de contas seu carro ainda estava no mecânico.

-Pronto pai, cheguei. -Disse entrando no carro e passando o cinto de segurança por seu tórax.

-Não esqueceu nada?

-Não pai, não esqueci. -Respondeu sorrindo-lhe.

Tae admirava e amava seu pai incondicionalmente e doía ver o mais velho solitário, afundando-se em trabalho sem ter alguém para voltar e amar nas noites vazias daquele imenso cômodo que ele chamava de "meu canto", vulgo quarto frio e solitário.

-Pai...

-Hum...-Resmungou enquanto prestava atenção ao trânsito.

-Você vai sair sábado?

-Não, por que?

-Eu pedi pra vovó fazer uma comidinha gostosa pro jantar. Eu vou levar o Yoon e o Hoseok para comer com a gente.

-Sem problemas filho. Eu não tinha planos para o final de semana e os meninos são uma agradável presença. -Respondeu terminando de estacionar em frente a faculdade.

-Obrigado pai. Eu te amo. -Disse dando um beijo de surpresa no rosto do mais velho que sorria para o garoto.

-Também te amo filho. Agora sai logo desse carro por que o Yoongi já está ali te esperando. Até mais tarde.

Permission To LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora