Capitulo 1 - O despertar

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        Assim que sinto o gosto amargo de sangue em minha boca, abro os olhos. Minha cabeça dói, meus pés estão me matando, vejo vislumbres do sol com minha visão embaçada enquanto retomo meus sentidos, estou deitada na grama embaixo de uma árvore, em minha frente vejo um vasto campo de grama, um pouco mais distante há uma grande montanha, uma leve brisa matinal sopra minha pele me tentando a fechar os olhos e apagar novamente, mas depois que me dou conta do que aconteceu, desperto. Em minha ultima lembrança eu estava no carro com minha tia Cindy, estava chovendo muito e estávamos em uma estrada perigosa, não havia mais nenhum carro além do nosso na estrada, mas então… meu Deus! Me levanto rápido e olho rapidamente para os lados em uma tentativa frustrada de encontrar o carro. Me escoro na árvore por um momento e tento acalmar a respiração ofegante enquanto penso no ocorrido, se um acidente tivesse realmente ocorrido, eu acordaria presa no carro, mas não há sinal de acidente algum e a chuva era forte e hoje o chão sequer está úmido. Percebo a gravidade da situação e começo a agir como qualquer um agiria quando se está perdido.

 - Cindy! - grito, olhando ao redor enquanto tiro meus sapatos - Cindy, onde você está?

         Ouço um ruído vindo de entre as árvores, logo olho em sua direção e… Um grito estéricamente alto sai de minha boca.

 - Opa, opa! - Aquela… coisa responde - Estou aqui para ajudar, sou seu guia de viagem, me chamo Dymas, e você quem é?

 - Eu… eu me chamo… - possuída pelo medo, tento responder a pergunta - eu me chamo vá pro inferno!

         Jogo um de meus sapatos nele e corro em direção oposta e em poucos longos passos o vejo parado bem em minha frente.

 - Eu realmente gostaria, se já não estivesse nele - ele responde, jogando o sapato em minha frente - creio que isso te pertença.

 - Eu não sei como vim parar aqui e não entendo nada do que está acontecendo agora então peço encarecidamente que me deixe procurar o caminho de volta em paz. - Tentando conter o nervosismo, respondo e começo a andar em direção às árvores.

 - Da direção que você está seguindo, só vai encontrar problemas - ele responde - estou aqui para ajuda-la nisso.

 - Me ajudar a voltar para casa? - pergunto.

 - Para sua nova casa - ele responde, e ao perceber minha expressão de espanto, logo completa - te explico tudo no caminho, me acompanhe, por favor.

         Ele anda em direção à floresta e eu, por incrível que pareça o sigo, não estou em poder de escolha e não há mais alguém ou… algo que possa me ajudar nesse momento. Enquanto andamos, penso nas possibilidades do que pode estar acontecendo, possa ser que eu esteja sonhando, possa ser que eu esteja louca ou talvez eu esteja louca e sonhando, gostaria de acreditar nisso, mas é tudo bem real. O observo de lado para ter mais detalhes do que aquilo é, seus cabelos são pretos e longos, sua barba igualmente longa, seus olhos são negros e ele tem duas asas negras nas costas, vejo por entre os cabelos, vislumbres de algo que poderiam ser chifres, pequenos chifres pouco mais acima das orelhas, ele não usa camisa, o que o faria parecer um garanhão do time de futebol da escola se não fosse tão estranho, seu corpo é visivelmente definido e não vejo nada de anormal na parte de baixo, se não fossem as bizarrices, eu diria que ele é bonito.

 - Um demônio, é isso que eu sou - ele diz, observando meu rosto como se estivesse lendo meus pensamentos. Não sei como agir, não sei como estou me expressando agora, posso estar fazendo cara de perplexa, assustada, amedrontada, incrédula… ele rí, e percebo que ele notou minha reação - Não faça essa cara, demônios não são como você acredita ser.

O Ultimo SuspiroOnde histórias criam vida. Descubra agora