Capitulo 3 - Aura

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 Uma das regras mais importantes que tomei pra mim mesma hoje: Se você descobrir que está morta, que pode nunca mais ver sua família e amigos novamente e que um demônio é seu único companheiro agora, transe com ele. Não vou negar que foi bom, por alguns minutos, tudo o que estava martelando na minha cabeça foi pelos ares, tudo o que me deixava nervosa e aflita já não me assustava mais, mas agora me sinto culpada, invés de pensar no que devo dizer amanhã no Initium para que inverno me conceda a volta à vida, eu estava transando, foi como se eu tivesse esquecido meus pais, meu irmão, minha tia, que estava comigo nos últimos momentos, a Carly, minha melhor amiga e... Meu namorado, o Finn. Fecho os olhos e respiro fundo, porém, nada alivia meu estresse. Abro os olhos, me levanto da cama e vou até a janela, na tentativa de encontrar respostas para as milhões de perguntas que se formam seguidamente em minha cabeça, olho ao redor e com um leve susto, vejo a mesma velha de antes me olhando, com o mesmo sorriso leve no rosto, me olhando fixamente nos olhos, o que me parece estranho, e como consequência disso tudo, decido algo mais estranho ainda, eu vou falar com ela. Viro-me quase que instantâneamente, caminho rápido até a porta e em poucos segundos já estou descendo a escada, assim que termino, vejo o Dymas sentado, lixando suas unhas e... sério? Ele levanta o olhar e logo em seguida se levanta rápido e me puxa pelo braço assim que estico a mão para a maçaneta da porta.

- Hey! - Ele grita. - você não pode ir lá fora.

- E porquê não? - pergunto em protesto. - o que tem demais lá fora? eu não posso pelo menos tomar um ar? tenho que ficar aqui dentro o dia todo enquanto os outros saem quando querem? não vejo nenhum demônio mandando eles ficarem dentro de casa.

Ele para por um instante sem ter o que falar, vejo ele abrir a boca já com a resposta pronta para ser falada.

- Desculpe, mas não preciso de uma babá. - Respondo antes que ele fale enquanto abro a porta e saio, ao analisar o sol eu diria que é quase meio-dia. Começo a andar em direção a estrada e vejo as pessoas reagirem da mesma forma de antes ao me verem, as mulheres estão chamando as crianças pra dentro enquanto os homens seguem atrás delas e me observam de suas portas, se há algo de muito errado comigo, estou prestes a descobrir. Sinto o ar ficando cada vez mais frio, olho pro céu e vejo o tempo fechado, volto meu olhar para a velha e me surpreendo, ela não está mais ali, sem exitar, continuo andando em direção da sua casa quando sinto algo gelado segurar um de meus braços.

- Eu já falei que... - nem termino, ao me virar, vejo que não é o Dymas que está me segurando.

- Você deveria controlar mais seus impulsos, garota. - Uma mulher alta, de cabelos pretos e longos, olhos incrivelmente azuis e pele branca diz, enquanto me olha fixamente nos olhos. - se importa se eu... - Ela nem termina a pergunta, passa a mão no meu rosto, puxando meu cabelo para trás da orelha e tocando um sinal que tenho perto da orelha. - Como eu suspeitava, mais uma, senti seu cheiro de longe, garotinha.

- Meu cheiro? Como assim, mais uma? - pergunto - quem é você?

Sua mão em minha pele é tão gelada que chega a me machucar, puxo meu braço em protesto e ela o solta.

- Vamos deixar essas perguntas chatas pra amanhã - ela responde, levantando um leve sorriso no rosto. - Meu nome é Inverno, sou a mística que governa Glórdia no tempo livre, e que governa a terra por um quarto do ano, e você, qual seu nome?

- Nancy! - digo, nervosa - quer dizer... eu... me chamo Nancy Morgnot! - tento controlar o nervosismo abrindo um leve sorriso.

- Muito prazer, Nancy - ela diz, se aproximando um pouco mais de mim - Eu passei pra avisar que há um toque de recolher agora, todas as almas devem estar em suas casas, alguns representantes meus passarão pelas casas, coletarão seus dados e amanhã buscarão todos para o Initium, seja pra onde quer que você esteja indo, acho que não será possível, volte o mais rápido para casa, alguns demônios estarão rodeando a vila e você é presa fácil. - ela passa a mão em meu queixo e abre um sorriso.

O Ultimo SuspiroOnde histórias criam vida. Descubra agora