Agora em Madrid

vinte e dois

*

𝕸𝖆𝖉𝖗𝖎𝖉, 𝕰𝖘𝖕𝖆𝖓𝖍𝖆

— A mamãe está brava com você. — Malu contou, mexendo nos fios ruivos e olhando para mim pela tela do celular.

Costumávamos nos ligar de vez em quando para nos atualizarmos um da vida do outro, já que ela havia escolhido morar a milhares de quilômetros de distância.

— Ela não é a única. — Comento, lembrando da Rodrigues.

— O que foi? DR com a namorada? — Perguntou e eu suspirei.

— Vou te contar uma coisa, mas você não pode falar pra ninguém, está bem? — Digo e vejo ela confirmar com a cabeça e aproximar o celular do rosto. — Não é um namoro de verdade.

— Como não?

— É um contrato. — Conto e ela coloca a mão no rosto, negando com a cabeça.

— Theus, eu não acredito que você caiu nessa também. — Riu. — Burro! — Gritou e eu revirei os olhos.

— Eu disse que não pode falar para ninguém. — Resmungo.

— Vou contar pro meu namorido sim. — Disse e logo Iago apareceu ao lado dela, encarando a tela do celular e me mostrando o dedo do meio.

Retribuo, ouvindo Malu nos repreender.

— Meu amor, o Matheus está em um namoro falso. — Contou para ele e Iago soltou uma gargalhada.

— Qual o problema dessa família com namoros falsos? — Perguntou.

— Culpa dos meus pais. — Minha irmã e eu falamos ao mesmo tempo.

— Matheus, o meu namoro com a sua irmã também era falso e agora nós estamos prestes a nos casar. — Iago falou, mostrando a aliança.

— Vocês dois foram feitos um para o outro, não é como se a cariño e eu...

— Cariño. — Malu me interrompeu. — Já estão até de apelidinhos fofos, mas é tudo falso, claro!

— Logo, logo vamos receber um convite de casamento aqui em casa. — Iago falou. — Me chama pra ser padrinho?

— Vão tomar no cu de vocês. — Resmungo e eles riem. — É sério, tá legal? Minha mãe está brava por eu não apresentar a minha namorada e a minha falsa namorada está brava por eu não a apresentar à minha mãe.

— Que confusão. — Meu cunhado falou.

— Entendo a Letícia. — Disse Malu. — Que coisa mais ridícula essa de não querer apresentar, Matheus.

— Iago. — Falo, procurando o mínimo de apoio.

— Tudo o que a sua irmã fala, eu concordo, foi mal. — Falou e Malu riu, dando um beijo na bochecha dele.

— Inútil. — Resmungo.

— Theus, eu apresentei o Iago como namoradinho para os nossos pais quando começamos, mesmo sendo falso. — Minha irmã falou. — Eles vão achar estranho se você não a apresentar, isso sim.

— Mas é que...

— Deixa a mamãe sentir o gostinho de como é ter uma nora, vai. — Disse. — Até uns meses atrás ela estava achando que você nunca arrumaria uma namorada.

— É uma falsa namorada, Malu!

— Ela é a sua namorada de verdade até vocês dois acabarem ou rasgarem o contrato. — Falou. — Tenho certeza que vocês foram instruídos a serem um casalzinho perfeito, então você tem que fazer direito.

— Eu vou falar pros meus pais que você me incentivou a mentir pra eles. — Digo e ela ri.

— Uma mentirinha do bem. — Disse. — No final vocês dois vão acabar casados e com dois filhos, eles não vão nem se lembrar dessa mentira. E nem você.

— Eu não vou acabar casado e com dois filhos! — Falo e faço careta.

— Tá bom, Iago 2.0. — Ela riu, enquanto o meu cunhado resmungava ao seu lado.

*

Bufo soltando o meu corpo na cama e jogando o celular ao meu lado, após Rodrigues ignorar mais uma das minhas ligações.

Já havia deixado mensagem também e nada dela me responder.

Voltamos para a parte em que ela me ignorava, já que eu não aproveitei o dia que estávamos juntos para me desculpar e tentar fazer-lá me entender. Pelo contrário, fiz ela ficar ainda mais brava.

Não me parecia algo tão absurdo assim eu não querer colocar os meus pais em meio a uma mentira, mas entendia ela por ter ficado chateada.

Estico o meu braço e pelo o celular outra vez, ligando novamente para ela.

— Cariño? — Chamo quando ela atende e ouço um barulho alto de música tocando.

— Oi, Vieira! — Paola falou embolado. — A sua cariño não pode falar agora, ela está com a boca um pouquinho ocupada.

— Fazendo o que?

— Vomitando. — Respondeu e riu. — Let, é o seu namorado. — Disse um pouco longe.

— Manda ele tomar no cu.

— Ela mandou eu mandar você mandar ele tomar no cu. — Disse atrapalhada. — Acho que eu falei errado, mas é pra alguém tomar no cu.

— Mereço... — Murmuro. — Onde é que vocês duas se meteram?

Paola começou a contar desde o momento em que Letícia havia mandado mensagem para ela mais cedo e eu caminhei até o meu carro.

Demorou um pouco até a amiga de Rodrigues chegar na parte em que falava onde elas estavam, só aí eu pude dar partida no carro.

**
queria tá igual a paola agora
tão bêbada q nem sabe oq tá falando