08. PREPARING

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Foi quando todos os alunos estavam jantando no Salão Principal que Ravenna Locke aproveitou para se esgueirar pelos corredores de Hogwarts, em direção da sala de poções. Carregava sua velha mochila cheia de ingredientes, esses que havia carinhosamente pego emprestado com bastante êxito da despensa de Hogwarts na noite anterior.

No geral sua escapada ontem havia corrido muito bem, tirando o fato de ter sido encontrada por Fred Weasley no caminho, é claro. Mas ele não seria um problema visto que também estava quebrando a regra; ou seja, era um toma lá dá cá.

Tendo certeza que não havia ninguém perto o suficiente para a flagrar — mesmo que algumas vozes joviais ecoassem pelos corredores mais próximos — a garota empurrou a porta da sala de aula, adentrando e a trancando por dentro. Percorreu os olhos pelo ambiente escuro e completamente vazio, soltando um suspiro aliviado.

Ravenna se aproximou de uma das mesas rápido e ali depositou sua mochila. A abriu, retirando todos os ingredientes que havia furtado e os espalhando pela superfície — e que inclusive, tinha pego até mais do quê precisava.

Mas de qualquer forma, agora era a hora de colocar a mão na massa de verdade.

A garota basicamente misturaria um monte de coisa na sorte e o quê saísse dali que não parecesse tão mortal, é claro, seria a revanche líquida para os Gêmeos Weasley.

E ela só não se sentiria mal fazendo isso porque Fred e George já fizeram bem pior há um tempo atrás, quando arranjaram poções nas quais sabiam ter efeitos péssimos e mesmo assim a fizeram tomar sem nem imaginar.

Nada como um troco na mesma moeda, certo?



Trinta minutos haviam se passado e as coisas estavam indo de acordo com o plano. Locke já tinha amassado alguns dos ingredientes em dois pilões até um virar uma espécie de pó fino e o outro uma pasta.

Tinha aproveitado que estava dentro da sala e pegou um dos livros que ficavam na baixa prateleira de madeira no canto, abrindo na primeira poção que achou só para conferir o modo de preparo. Já que apesar de algumas etapas mudarem, no geral sempre era a mesma coisa; ferver, amassar e depois misturar tudo.

Ravenna Locke definitivamente não se considerava muito fã e muito menos craque em Poções.

A garota se aproximou do caldeirão verificando se os Ovos de Cinzal já estavam no ponto certo e então pegou o primeiro pilão, do pó fino, despejando todo o conteúdo ali dentro. Mexendo em sentido horário devagar com sua varinha.

O líquido ali dentro que antes era marrom se transformou em algo avermelhado aos poucos e Ravenna sorriu. Pegou o outro pilão e também despejou ali dentro.

— Acho que estou indo bem — Pensou alto enquanto mexia a mistura novamente, dessa vez para o sentido oposto. Nada tinha explodido até o exato momento, então ela estava saindo no lucro.

Esperou um tempinho e então acrescentou um outro tipo de pó que havia pego ontem, em um pequeno frasco. Não tinha certeza sobre o nome, já que nesse não havia etiqueta, mas pela aparência parecia ser um tipo de pó perolizado.

Foi questão de segundos para Locke despejar tal no caldeirão e a poção começar borbulhar, tomando uma forte cor rosa-brilhante. Pequenas fumaças começaram a subir do líquido em pequenos espirais e um cheiro não tão desconhecido invadiu as narinas da garota.

Ravenna franziu a testa confusa com tais características. Tinha quase certeza de que era para aquele líquido ter continuado na cor vermelha e inodoro.

Respirou fundo tentando identificar da onde já tinha sentido o aroma extremamente familiar que o líquido rosa exalava. Mas, antes mesmo que sua mente pudesse trabalhar, as vozes de Snape e Minerva surgirem parecendo se aproximar lá fora. Atraindo total atenção da menina.

A garota arregalou os olhos assustada e engoliu seco, olhando para o caldeirão de novo. Ela precisava esperar o borbulhar da poção passar para poder a coletar.

— Com toda certeza devem ter tais informações em um dos livros de Poções, professor Snape — Ouviu McGonagall dizer em um tom otimista do lado de fora.

— Espero que sim... é o quê veremos agora — Severo a respondeu em seu tom neutro e os barulhos dos passos chegando literalmente em frente à porta.

Droga.

Ravenna alternava o olhar entre as duas coisas centenas de vezes, pressionando os lábios nervosa enquanto via o líquido do caldeirão voltando ao seu estado normal aos poucos. Pegou dois frascos pequenos que tinha separado para isso e os mergulhou no líquido, enchendo ambos até o topo e os tampando com uma pequena rolha.

Logo pegou o mini-caldeirão pelas alças e correu em direção da improvisada pia que havia no canto da sala, despejando todo o restante no ralo. O deixando de volta na mesa.

O barulho da porta sendo forçada para abrir a fez olhar de novo para aquela direção nervosa, enquanto corria para devolver o livro à prateleira e limpar algumas das ferramentas que usou.

— Acho que eu tranquei antes de sair e acabei me esquecendo — Snape declarou do outro lado, parecendo tatear algo em suas próprias vestes pelo leve barulho. — Espere, tenho as chaves comigo... — O barulho do molho de chaves ecoou dentro da sala e Ravenna pegou sua mochila como um raio, correndo para se esconder perto de umas das prateleiras ao lado oposto da porta.

Quando aberta, iria praticamente camuflar a menina.

A pesada porta foi destrancada devagar e empurrada em meia circunferência, realmente escondendo uma parte de Locke na sombra que projetou na parede. A garota observou Severo e Minerva adentrarem no cômodo em passos ágeis, indo direto em direção da mesa do mesmo mais ao fundo.

Pareciam estar preocupados com algo e aquela foi a deixa perfeita para Ravenna sair quase que em câmera lenta de seu esconderijo, passando pela porta e começando à correr para longe dali quando se afastou em poucos passos pelo corredor.

Não podia nem dar chance de Severo e Minerva verem quem causou tamanho barulho correndo daquele jeito pelo castelo.

— Ei! — Blaise Zabini reclamou assim que foi quase atropelado pela garota em um dos corredores, mas ela nem ao menos parou para o ouvir. Só precisava continuar seu caminho para chegar sã, salva e sem nenhuma punição na Torre da Grifinória.



Locke só foi parar de correr quando chegou dentro do dormitório feminino, podendo respirar fundo e se jogar em sua cama. Fitando o tecido vermelho do dossel que todas as camas possuíam.

Essa tinha sido por pouco.

Recuperou o fôlego por alguns longos segundos e se sentou na cama, desviando a atenção para a mochila que tinha largado ao seu lado no colchão assim que se jogou ali. A abriu em um rápido gesto, pegando os dois frascos de dentro e fitando aquela poção rosa cintilante.

Não sabia o quê tinha criado ao certo e na hora do desespero nem ao menos pode tentar consertar, mas não parecia ser algo perigoso o suficiente para causar algum dano irreparável.

Na verdade, estava até que bem bonitinha e só por não ter explodido no caldeirão significava que foi uma boa alquimia.

Sendo assim, Fred e George Weasley seriam as cobaias dos futuros efeitos daquilo, entregando a tão desejada vingança doce e perfeita para aquelas bombas de fedor de puro mau-gosto no Livro de Herbologia.

Ravenna só precisava pensar em um jeito de como faria aqueles dois ingerirem isso.



TRUE LOVE ━━ Fred WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora