Socorro meu namorado é um fantasma

Reencontro

Busan, setembro de 2019

Eu estava assustado, era sempre o mesmo sonho, mas eu nunca havia visto o rosto daquele garoto, ele parecia um anjo. Acordei e fiquei sentado na cama, pensando em algum significado para aquilo. Meu celular começa a tocar e vejo que era o Tae me ligando, ainda era cedo, eu não me lembro de ter marcado nada com meu amigo.

-Alô? Tae, porque você está me ligando?

-Jeon, você não se lembra? Hoje é dia de ver o Jin.

Era mesmo, todos os sábados nos encontrávamos no restaurante do Jin, é quase um ritual, onde falamos sobre o que anda acontecendo em nossas vidas.

-Eu havia me esquecido, eu irei me arrumar! Te encontro lá!

Desliguei e corri para tomar um banho, como já tinha se passado boa parte do dia, e estava no final da tarde, já começava a esfriar, então coloquei uma camisa branca de gola alta, uma calça jeans e um casaco preto, arrumei a bolsa e calcei a bota de cano curto que tinha ganhado do Joon, fui para a parada próxima de meu apartamento e peguei o ônibus, gosto de me sentar na janela para ver as paisagens, mesmo já conhecendo todas, ainda assim amo admirá-las.

O tempo parecia quente, mas na verdade estava frio, observo as folhas caírem, famílias rindo e casais se beijando, vejo idosos andarem de mãos dadas e crianças correndo, tudo aquilo era agradável, eu amava ver todas aquelas cenas cotidianas, e me perguntava se um dia eu iria ser assim, feliz como eles?! Desci do ônibus e fui direto para o restaurante do Jin, as pessoas passavam rindo e conversando sobre quaisquer assuntos, passei pela frente do restaurante e todos estavam sentados perto do vidro, rindo, comendo e bebendo, até que o Hope me vê e grita meu nome, com isso eu abro um enorme sorriso, aqueles caras malucos eram a minha família.

— Olha o garoto dorminhoco.- Disse Joon sorrindo.- Não acredito que dormiu tanto e acabou esquecendo que iríamos nos encontrar hoje!

-Sinto muito, eu não sabia...

-Mas nós falamos no grupo. - Hope falou.

-Gente entendam, passou de 20 mensagens ele não entra no grupo, falamos sobre muitas coisas ontem, veja quantas mensagens tem no seu celular Jeon. - Disse Tae.

Abri meu celular e tinham 300 mensagens não lidas,

-Viu! Eu disse que ele não lê, vou te ligar se marcamos de sair para algum lugar. - Disse o mesmo colocando a mão em meu ombro.

Os meninos falaram sobre tudo, o Yoongi disse que ia assinar com uma empresa e que provavelmente vai virar um rapper super famoso e rico, o Namjoon falou sobre o emprego que havia conseguido em uma clínica que ele queria entrar, o Hope falou sobre sua viagem a Paris ser no mês que vem, e que queria ir à ilha de Jeju passar uma semana com todos nós. O Tae falou que conseguiu superar as expectativas da diretora e que sua arte vai parar em uma galeria famosa de Seul, e então todos olharam para mim.

-E você, Jeon? - Perguntou Yoongi.

-O que tem eu?

-Como anda a escultura? Já achou o significado? -Perguntou Namjoon

-Eu não sei, não ando dormindo bem, então ando sem criatividade para as coisas.

Todos me olharam curiosos. - O que você anda fazendo que não dorme bem? ‐ Yoongi questiona sério.

-Ele anda tendo muitos pesadelos.. com um garoto angelical, chorando. -Falou Tae debochado.

-Você o quê? Por que não me disse isso? - Namjoon estava indignado.

-Eu não queria te incomodar com isso, e Taehyung... como você é um bom amigo, hein? Nem pra fechar o bico...

Tae deu de ombros, e todos ficaram conversando normalmente, mas o Joon não parava de olhar pra mim, aquilo já estava me incomodando, então todos perceberam que Jin estava escutando a conversa e riram, o restaurante do Jin fecha às 20 horas e já eram 23 horas, estávamos conversando sobre a faculdade de cada um, e o Jin aconselhava cada qual em sua dúvida, eu me sentia bem conversando com ele, ele era mais velho e sabia de muita coisa, tanto é que eu vou ver se ele me ajuda com esse pesadelo. Já se passavam 1 da madrugada e estávamos rindo, mas então a esposa do Jin pediu para todos irem pra casa, os meninos ficaram chateados, mas era necessário, eu só Jin éramos os únicos sóbrios, já que beber não era nosso forte.