Part I

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Aquela noite estava perfeita. Nem muito quente, nem muito fria. Uma brisa suave invadia as janelas de meu pequeno, mas nada humilde apartamento. Me apoiei no parapeito da varanda, a cidade ao meu redor borbulhava, com seus gritos e buzinas. Diziam que em New York era impossível sentir-se sozinha, mas aquilo era mentira. Eu me sentia sozinha.

Ou melhor, tinha optado em estar sozinha.

Dei uma boa olhada no interior do meu apartamento, minha casa. Meu peito encheu-se de orgulho. Aquilo foi conquistado com o meu trabalho, com minha voz e meu talento. Pai e papai me ajudaram no começo, mas assim que comecei a ganhar bem nos musicais coloquei outro sonho na minha cabeça: eu mesma pagaria pelo meu apartamento.

Fazia um ano que eu estava nele, que pensei em cada canto junto com Santana e Kurt. Eles queriam dar seus cinco centavos, no entanto não deixei. Aquele era meu lar, meu espaço, meu esconderijo para toda a bagunça fora daquela porta. E eu amava cada pedaço daquele lugar.

Entretanto não tinha imaginado o quão solitário seria ter tudo e ninguém para dividir.

Deixei a varanda e fui em direção ao meu piano. Não podia ter um lugar que não tivesse algum instrumento e foi uma pequena fortuna pagar por um lugar com espaço suficiente para caber um piano.

Droga, eu deveria estar feliz! Feliz por ser uma cantora de sucesso, por ter o mundo ao meu redor. Por que não estou? O que mais pode haver?

—"City of stars..." - comecei a cantarolar. –"are you shining just for me?"

Ziiiiiip

Peguei meu celular do meu bolso. Não podia ser Santana ou Kurt, porque eles tinham um jantar de casais pra ir. Até ontem Santana tentou me empurrar alguém pra mim ir com eles, mas depois de áudios furiosos ela desistiu. Meus pais não eram porque já era 23:00 e estavam dormindo (ou é isso que eu prefiro acreditar). Quando abri o whatssap não fiquei tão surpresa em ler quem era.

QUINN FABRAY: Berryyyyyyyyyyy...T'á acordada?

Ai não. De novo não.

Pelo excesso de letras e erro na digitação ela estava bêbada.

Raquel: Quinn, são 23:00.

QUINN FABRAY: Eu tenho relógio no meu celular, Rachl. Tô querendo saber se tá acordada.

Rachel: Primeiro: Não seja grossa comigo. Segundo: Se eu estou te respondendo É CLARO que estou acordada.

Quinn Fabray:Tá, to indo pra ai.

Rachel: Não. Eu não quero que venha.

Quinn: Não to pedindo, to informando. Até daqui a pouco.

Respirei fundo.

Como se não bastasse a minha melancolia de estar sozinha em um sábado a noite ainda terei que aguentar a Fabray vomitando em meu tapete.

Quinn e eu temos uma amizade complicada. Ficamos bem unidas depois da faculdade, ela se mudou pra New York e nos víamos quase todos finais de semana. No começo era fácil conciliar nosso tipo de entretenimento, Quinn ia os musicais comigo e eu a acompanhava nos restaurantes cheio de massa que ela adorava. Até que ela se contrabandeou pro lado da Santana nos bares mais podres de New York e bastou um tempo com Santana solteira e pronto, Fabray nunca mais abandonou a vida noturna.

Fico com raiva, é claro. Além de perder minha única companhia pro meus eventos que eu gostava tinha que aguentar Quinn bêbada e chorosa no meu apartamento pelo menos um final de semana por mês.

Why'd You Only Call Me When You're High? (FABERRY)Onde histórias criam vida. Descubra agora