Acordo sentindo pontadas de dor por todo corpo, algumas sutilmente prazerosas, outras terrivelmente intensas. Quando tento me mexer, meu cotovelo bate em um corpo que salta ao acordar do meu lado.
Espantada, encaro o corpo e vejo o rosto de Daniel, com sobrancelhas enrugadas por conta do impacto do meu corpo no seu, mas logo ele suaviza com um sorriso que não consigo responder por conta da dor. Estranhando minha resposta, ele se levanta e acaba tocando na minha cintura, fazendo-me gemer de dor e suas feições expressarem a compreensão sobre a situação.
- Muita dor? – Ele pergunta, com ares preocupados.
Balanço a cabeça em resposta, agradecendo que, pelo menos, não tive uma ressaca no pacote de consequências de noite passada. Enquanto ele sai do carro, tento fazer movimentos sutis até a saída também, sentindo pontadas de dor com alguns movimentos. Quando estou na beirada do banco, vejo sua mão estendida e não consigo deixar de franzir a testa, ele percebe e quase retira a mão, mas resiste e eu sorrio ao segurá-la, agradecendo o suporte.
Então, quando nós dois estamos de pé ao lado do meu carro, surge o momento constrangedor, onde nenhum de nós sabe o que falar ou como agir, mas logo ele é quebrado por Mar gritando ao nosso encontro:
- Bom dia, princesa!
Ela estampa um sorriso enorme e vejo que Thomas está ao fundo observando-a, ambos com feições cansadas e satisfeitas, o que faz com que eu não resista em estampar um sorriso malicioso.
- Bom dia, gatinha! – Respondo, tentando falar alto, mas sem forçar muito.
Ela me agarra e eu me contorço de dor, empurrando-a para longe. Ela percebe e simplesmente levanta minha camiseta ali. Tento resistir, mas acabo focando nas marcas roxas pela minha cintura com uma careta.
- Vou buscar algo para passar aí. – Daniel fala e caminha rapidamente em direção ao interior do lugar.
Vejo Mar analisando-o caminhar percebendo pela primeira vez que ele estava ali conosco, abre um sorriso e eu já sei o que virá.
- Eu não acredito que você finalmente me ouviu na sua vida! – Ela grita e da pulinhos, fazendo-me corar com seu escândalo. – Como foi?
Ainda corada, memorias de noite passada surgem em minha mente e não posso negar.
- Foi bom, natural, eu realmente tinha que ter me aberto para isso antes. – Falo antes que consiga elaborar um filtro, assumindo que ela tinha razão, o que aumentou seu sorriso depois que completei: - E eu não me senti um objeto inanimado, distante, como me sentia com Mathias, foi realmente diferente, mas não por conta do Daniel, por mim mesma...
Ela passou o braço sobre meus ombros, demonstrando compreensão, e beijou o topo da minha cabeça enquanto me guiava até o bar.
Sentamos e logo recebemos um suco de laranja, que foi muito bem apreciado pelo meu estômago, enquanto alguns integrantes da banda se aproximavam.
- Como você está hoje, Mad? – Perguntou Thomas, enquanto passava os braços ao redor de Mar com tanta naturalidade, que eu tive que sorrir enquanto minha amiga brilhava com a chegada dele.
- Dolorida, mas bem. – Repondo sorrindo antes de terminar meu suco.
Daniel chega com a caixa, mas então parece meio perdido e eu percebo que, seguindo o raciocínio dele, eu teria que ficar novamente seminua para tratar os hematomas. Rindo, pego a caixa e falo:
- Pode deixar, eu consigo fazer isso.
Ele parece sutilmente decepcionado, mas dá de ombros e toma o lugar que acabou de desocupar para ir até o banheiro.
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Efervescente
RomanceMadalena é uma jovem professora de 23 anos que, enquanto busca explorar sua vida sexual e lidar com seus traumas, acaba dando de cara com uma guerra ideológica em seu país. Acompanhada de uma nova geração de artistas, não vê alternativa além de reag...