EYES & EYES

Parte III

Rara

Dito isto, senhor Park assentira e partira, ausentando-se daquela imensurável ambitude, indo concluir, a pendência que lhe havia passado, apesar de ler-se por entre seus olhos, que quisera ficar, entretanto, eu não poderia deixar Matilde, fora disto, além de que poderá Matilde precisar, de alguém que a possa aconchegar, assim que se inteirar do imprevisto. No andamento da debandada de senhor Park, minutos a seguir, as figuras de Romando e Robert, se faziam presentes, dentro do mesmo espaço em que me pousava, sendo que ambos chegaram ao mesmo tempo e, com eles, assim como eu, uns rostos totalmente espatifados por corriqueiras lágrimas.

Nas entradas de Romando e Robert ao hospital, observara a compleição de Milena, no exterior do território hospitalar, por intermédio da sua porta de correr automática, que era feita de vidraça, dizimando assim, qualquer dúvida de que não pudesse ser o seu reflexo, ou a sua silhueta, pois eu a conhecera, mesmo entrevendo-a, a 200 metros de distância e, aqueles saltos vermelhos, vestido em corte V, com uma racha lateral direita, retiravam, seja qual for, a possibilidade de alucinação de minha mente, posto que nos encontrávamos na recepção do ambulatório, que continha, igualmente, um espaço com alguns bancos, que poderia ser considerara, como uma sala de espera, ainda assim, era incrível como Milena, continuava com a sua postura, amargamente fria, porque não havia posto os pés, dentro da superfície da clínica, mesmo sabendo que uma das pessoas, que até ao presente, acredito que gostara, estava entre o respiradouro de vida, porque se podia notar por entre seus olhos, apesar da frustração que ainda retinha por liames quebrados e elos danificados, por mais que negasse continuamente.

Preparava-me para ir ao seu encontro, para esclarecer-lhe algumas de suas preocupações, quando oiço a voz de um profissional, chamar pelos incumbidos de Lúcia Morgan, visto que cria, que já obtivessem alguma informação, acerca do estado de minha Lúcia, impossibilitando assim, a realização da minha anterior acção. Assim sendo, concentrara as minhas íris, tal como Romando e Robert, pois eu olhava a todas as figuras ao meu redor, no perito que recebera o nome de Bennington, que era um médico e, certamente, o encarregado pelo atendimento de Lúcia, porque detectava-se a partir de sua expressão facial, que haveria de dar-nos dados acerca de Lúcia, uma vez que no seu crachá, presente em sua bata branca, que revelava o seu "uniforme", se apresentava o seu nome.

— Responsáveis por Lúcia Morgan, certo? — Procura Dr. Bennington, no mais pacífico tinido possível, e de maneira bastante educada.

— Certo — Replico energeticamente e, de idêntica guisa, disciplinada, sendo que a minha tensão, já alcançara os mais descomunais padrões e, com Robert e Romando compreendendo, mantendo-se calados, durante a conversação, apesar de saber, que também estavam no mesmo ponto de ânsia, dado que as suas características fenotípicas eram decifráveis, já que como tivera dito, eu observara sempre as fisionomias à volta de mim — Em que estado ela se encontra? — Desfecho a minha manifestação, com os olhos encharcados e sentindo a minha anelante respiração.

— Bom, devo dizer que inquietante — Inicia cautelosamente — Porque os seus débeis pulsos, já não aguentam mais cortes e, apenas uns poucos mais, poderão custar-lhe a vida, porém, ela irá se recuperar — Dispara de feição maneirada — Contudo, deverá ficar o dia de hoje e o de amanhã, em observação, para que se possa revigorar, toda a sua função vital. — Fecha Dr. Bennington pacientemente, matando todos os presentes naquela sala de espera, não obstante de que, podia ouvir os brados que se tentavam abafar, por meio das lágrimas de Romando e Robert, cujas quais, também se juntavam as minhas, mas mesmo extenuados, precisáramos de manter-nos norteados, porque Lúcia necessitaria e agarrar-se-ia, a nossa presença.

— E nós poderemos vê-la? — Sondo ainda em vagido e, com o igual fraco folgo, ao Dr. Bennington.

— Claro, no entanto, ela ainda se fixa na zona de observação, como dissera, mas rapidamente, será evacuada para um quarto a solo, entretanto — Exibe dando tréguas em seus vocábulos e, estendendo a sua vistosa mão, dando a entender, que nos estava a ceder, a devida permissão — Acompanhem-me, por favor. — Retorque Dr. Bennington com brandura, nos guiando, em prontidão, para a área de análise daquele hospital.

Assim que chegáramos ao local, o nome "zona de observação" realmente se encaixava, posto que somente podíamos contemplar, a minha Lúcia, através de um vitral embutido na parede, da parte frontal da sala. Era cortante, a imagem que nos era apresentada de minha Lúcia, porque a de há alguns anos, era a mesma, mudando-se meramente, o espaço e a maneira como as acções, se haviam mostrado, ainda assim, o resultado final, era asseguradamente, o mesmo, isto é, a minha Lúcia desfalecida entre as taipas da ortotanásia, todavia, desta vez, não era por causa de um impossível beijo e, tampouco, de um amor não experienciado, mas, era pela razão de uma sombra de um passado sombrio, que voltara para a sua vida, da pior maneira possível.

Completamente retalhados, Romando, Robert e eu, olháramos para Lúcia ainda inorgânica e, com lágrimas que nem adjectivos mais, tínhamos para as qualificar, pois a todo momento, se fizeram acompanhar, antes que Dr. Bennington, fosse tratar de suas outras pendências, já que inevitavelmente, detinha outros pacientes por consultar, sendo que se posicionava dentro de suas funções, deixara-nos algumas especificações.

— Daqui a alguns minutos, que na verdade, é algum período de tempo estendido, se fará presente uma enfermeira para evacuar o corpo de Lúcia Morgan, para um quarto a solo e, de claro, dar-lhe vestimentas ao padrão do hospital, porque passará mais um dia neste recinto, para assim, avaliarmos o seu progresso, antes de lhe darmos a devida alta. — Clarifica Dr. Bennington, retirando a sua carne do meio em que eu, Romando e Robert nos mantínhamos no minuto a seguir, indo, desse modo, resolver suas questões, ou melhor, solucionar suas outras funções.

Após a saída de Dr. Bennington da nossa esfera, prendera os meus luzeiros, na cruel concepção de minha Lúcia, e depois de alguns longos minutos com a mesma visiva fronteira, que me dilacerava, decidira espectar em torno da proximidade em que eu, Romando e Robert nos encontrávamos, estes, que em nenhum momento, desviaram os suas ópticas da presente visão.

Reparando e passeando as minhas já avermelhadas vistas, uma vez que era imprescindível que assim se tornassem, por motivo dos litros de água que hão caído de meu rosto, vislumbrara a configuração de Milena, no final do comprido corredor da secção em que nos púnhamos, sem nem ao menos, ter tido a vontade, de sequer chegar ao nosso encontro e, aproveitando que Romando e Robert se distraíam com o incisivo quadro de Lúcia, movimentara a minha compleição até a sua, pois Milena, com certeza, já extrapolara todos os limites. Perante o seu semblante naquele extremo de corrediço, iniciara, sem perder muito mais tempo, o discurso, que outrora com a chegada de Dr. Bennington à recepção, hei-me impedido de realizá-lo.

Continua...