*Benny Stanford*
Na pausa do meu plantão eu fui até o quarto de Dean, ele estava lendo mais parou assim que eu entrei e me sentei ao lado de sua cama.
— Oi sorte! Porque está aqui?
— É a minha pausa. O que estava lendo?
— Jane Austen, eu estava lendo Orgulho e Preconceito.
— Eu nunca li esse livro.
— Não! Nunca leu orgulho e preconceito!? Meu Deus! Você pelo menos assistiu o filme!?
Sorri com sua reação.
— Assisti sim.
— Achei que o senhor Darcy da minha imaginação era bonito mais o ator é tão lindo que superou a minha imaginação.
— Tem razão ele é muito bonito mesmo.
— Concerteza, Benny o que gosta de fazer?
— Eu gosto de ler.
— Romances?
— Não assassinatos, gosto de mistério suspense e sangue, é por isso que meu livro favorito de Agatha Christie é O Corpo na Biblioteca.
— Você trabalha com gente sangrando o dia todo e quando chega em casa quer ler sobre isso?
— É.
— Você é meio exótico.
— Você não é diferente.
Ficamos nos encarando como naquela outra vez, em seus olhos tinham calor, até que ele desviou os olhos dos meus e olhou para a janela.
— Oh, está nevando!
— Neve?
Olhei pra trás e vi na janela a neve cair.
— Benny é a primeira neve do ano!
— É sério? Estava tão frio que nem percebi que ainda não tinha nevado.
— Estava frio mais esta prestes a ficar muito pior. Droga não queria ter sofrido um acidente no Natal logo no Natal.
— Sua família não vem?
— Eles vão vir amanhã, e amanhã você deveria ir pra casa dormir e descansar, conversar comigo deve ser chato.
— Pelo contrário, gosto de conversar com você.
Ele corou e desviou o olhar e depois me olhou nos olhos de novo, seu rosto avermelhado o deixava mais adorável do que já é.
— Tem certeza que você tem 27 anos?
— Porque pareço mais novo?
— Parece mais novo sim na verdade parece mais que você tem 16 anos e não 27.
— Acho que é coisa de família, meu irmão tem 31 e parece que tem 25.
— É sério?
— É sim, olha só uma foto dele.
Ele pegou seu celular e me mostrou uma foto do irmão.
— Tem certeza que seu irmão não tem 25 não?
— Tenho certeza.
— Então realmente é coisa de família.
— É sim, mais você também aparenta ser mais novo do que realmente é, quantos anos você tem?
— Isso ainda é confidencial.
Sorri pra ele e me levantei indo pra porta.
— Vai aonde?
— Trabalhar, te vejo depois.
— Tá bom então.
Dei um último sorriso e saí de seu quarto indo cuidar de outros pacientes. Quando meu plantão acabou as 6h AM eu dirigi exausto pra casa, estou tão cansado que nem fui me despedir de Dean, ele é muito fofo, gosto do sorriso dele e de como seus olhos brilham. Eu não queria mesmo ir pra casa, não queria ter que colocar minha máscara de novo, a máscara do filho perfeito, do marido perfeito e do pai perfeito, um boneco que é manipulado. Quando cheguei em casa minha esposa me saudou com um beijo, e vinho então perguntei.
— Qual é a ocasião?
— Fui promovida!
— De novo! Nossa que legal!
A Eleanor minha esposa, anda sendo promovida todo mês ou parece ser todo mês, antes ela só era uma funcionária depois virou secretária, depois assistente.
— Qual foi a promoção?
— Gerente!
— Que ótimo querida!
Eu sou tão bom em mentir que as vezes nem percebo que estou mentindo.
— É, talvez a gente possa se divertir um pouco.
— Eu adoraria, talvez a gente possa beber esse vinho a noite, já que estou muito cansado trabalhei a noite toda.
— Mais isso nunca te impediu? Tem alguma coisa te incomodando?
— Não, não é nada eu só estou cansado é sério.
— Então vai descansar e a noite vou te encher de beijos.
Ela disse animada e eu fingi o maior sorriso do mundo, ela foi saltitando pra cozinha, eu subi as escadas e fui ver a minha sobrinha May, eu amo muito mais me arrependi por não ter ensinado ela melhor e não ter ficado por perto, quando meu irmão morreu eu já estava no segundo ano de faculdade e meus pais me forçaram a casar logo com a Eleanor, então fomos morar juntos com a May enquanto eu estudava e trabalhava. Quando entrei em seu quarto ela estava se agarrando com um garoto, entrei e bati palmas.
— Aí que susto!
— Mais que cena linda de um romance! Eu deveria ter feito pipoca antes de chegar aqui e ver um show erótico ao vivo. Garoto cai fora daqui anda! Sai logo!
O menino saiu correndo e May gritou comigo.
— Mais que droga Stanford! Eu vou fazer dezoito!
Ela fechou a porta na minha cara e eu gritei.
— Espero que não engravide com 17!
Fui até o meu quarto e me joguei na cama rastejando por dentro do lençol, naquele momento eu queria ouvir a voz do Dean pra me acalmar.

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A Primeira Neve.
LosoweBenny é um médico que conhece Dean um paciente que sobreviveu a um traumatismo craniano, Benny se apaixonou profundamente por ele, mais antes precisava se divórciar e se divórciar significava ter que encarar seus pais e dizer que tinha um crush em u...