Capítulo 15

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O lilás rosa-alaranjado do céu fez Inês finalmente se acalmar, esquecer o perigo e pensar nas perdas que sofreu... e nas que não queria sofrer.

Refletiu muito, conversou com a Inês mais íntima, tímida e vulnerável. Finalmente uma ficha cai e mais determinada que nunca disse pra si: O Corpo Seco não sabe com quem ele escolheu se meter.

Quinta-feira, pela manhã.

Márcia acordou cedo, apesar das poucas e mal dormidas horas de sono. Levantou já pensando em como faria com Inês, a ansiedade tomava conta.

Como iria conduzir aquela conversa?

A policial se arruma, e nem toma um café antes de partir pra missão. Passa na DPA, finaliza uma papelada e, finalmente, Cafofo Bar.

Bate na porta uma, duas, três vezes e, quando estava prestes a desistir, pronta para arrombar, ouviu uma voz.

- Policial Márcia. Decidiu bater na porta hoje? - disse aquela voz já muito familiar. - Perdeu o costume ou o distintivo?

- Ah... Oi Inês, hora ruim?

- Não, não... eu decidi ver o nascer do sol no aterro e aproveitei pra comprar o café da manhã. Se veio até aqui, deve querer falar alguma coisa da investigação, né?

- Não. - responde rápido e sem pensar.  - Quer dizer, sim.

- Sim ou não?

- É delicado.

- Vem, vamos entrar.

As duas entram em silêncio. O espaço já visitado várias vezes por Márcia e que agora causava mais ansiedade e angústia.

- Aceita um café?

Ia falar que não, mas seu estômago amaldiçoado pelo vício na cafeína fala mais alto.

Inês dá uma risadinha de canto de boca e prepara a bancada da cozinha para as duas.

- Não veio aqui só pra bebericar café e fazer fofoca. O que aconteceu? Descobriram mais alguma coisa sobre o Manaus ou o Tutu?

- Claro. - diz Márcia se sentando na frente de Inês.

Olhos nos olhos: o despertador das borboletas no estômago.

- Então, Inês, eu e Eric não estávamos investigando a morte do Manaus nem a do Tutu, não oficialmente. Mas com a morte da esposa, a Gabriela, o Eric ficou bem abalado e, por isso, eu e ele continuamos investigando paralelamente. - Márcia suspira e continua- E nós descobrimos sobre as entidades, sobre vocês.

Inês continua em silêncio, apenas a encarando. A outra mulher parece confusa com o silêncio e decide continuar.

- Já sabemos que o assassinato do Tutu e do Manaus foram causados por algo sobrenatural, mal falta descobrir quem... ou o que.

- O Corpo Seco. Uma alma de um antigo caçador ilegal da Floresta de Cedro.

- Você já sabia?

- Não há muito tempo.

- E por que não falou nada? - pergunta a policial frustrada.

- Por que será? - responde Inês irônica. - Alô? Polícia? Aqui é a Cuca, quem matou esses homens foi a alma de um caçador morto há mais de quarenta anos!

Márcia engole seco e revira os olhos.

- Você poderia ter falado comigo, ou com Eric.

- Você não entende o quão perigoso isso é. Agora vocês estão em risco também, eu não posso sair por aí espalhando sobre nós, as entidades.

- Se a gente não entende, você precisa explicar! Queremos ajudar, porra! Por que você não consegue aceitar que estamos do mesmo lado! Desde o início, mesmo antes de toda essa loucura! Se era tudo tão secreto, você devia ter sido mais cuidadosa com os furtos ao IML ou sua invasão na mente alheia! - a policial aumenta a voz.

- Eu sei exatamente o que eu fiz, Márcia. Eu sei exatamente quem ou o que eu coloquei em risco! Se você acha que eu fui descuidada nos meus atos, isso só mostra o quão genial eu fui, e como manipulei você e seu amigo tão bem. - responde a bruxa no mesmo tom.

Um silêncio se faz presente e as duas parecem concentradas apenas nas suas xícaras de café.

- Por que você é assim? - pergunta Márcia mais calma.

- Perdão? O que você quer dizer com isso?

- Assim! Você parece querer as pessoas perto e depois as joga pra escanteio. - Inês parece esquecer como falar. Apenas encara a outra mulher. - Você diz que  sabe exatamente o que está fazendo, mas parece desconsiderar que quando essa ameaça passar ninguém vai mais precisar de você. E você finge que não precisa de ninguém, mas a Inês que eu vi aqui nessa sala, sentindo a morte de um filho, de um amigo, parecia muito vulnerável, prestes a perder o controle. E perder o controle não é uma coisa que você gosta, não é? - Márcia se levanta e reúne suas coisas, deixando Inês em silêncio. - Quando quiser discutir o que importa, sabe como me encontrar.

A mulher sai do Cafofo e manda mensagem pra Eric.

"Acabei de falar com Inês. Como você ?"

"Tudo bem comigo. Como foi com ela?"

"Difícil. Descobri quem está por trás dos assassinatos, mas ainda temos muito o que conversar com a Cuca."

"Nos encontramos hoje pra conversar?"

"Minha casa, às 19."

"Ok."


..................

Oioi! Como vocês estão? Essa Inês não fácil, ? Vontade de pegar e guardar as duas namoradinhas em um potinho!

Eu não sei vocês, mas eu tô é MUITO ansiosa pro encontrinho pra drinks da Márcia e Inês. O que vocês acham que vai rolar? Uma mega declaração? Uma noite bem quente regada a cachaça? Ou vai ser tudo uma grande tragédia?

Agradeço as leituras, os votos, comentários, espero que não desistam da história! Até a próxima!

Nosso Amor Não é LendaOnde histórias criam vida. Descubra agora