A história que estou prestes a contar, é sobre um casal. Não qualquer casal. Um casal que nunca acreditou em "para sempre", ou que eram destinados e ficarem juntos. Acreditavam apenas nos momentos que viviam e nas explicações científicas das coisas. O ceticismo das duas fizeram que elas até duvidassem do que sentia, ou seria essa dúvida, o que tornava o sentimento delas mais real? Afinal, as duas sempre gostaram de duvidar.
Elas se conheceram em uma cafeteria. E, para quem acredita, pareceu destino. Da forma mais clichê, e que só acontecem em histórias e filmes de romance. Uma das duas, não importa qual, esbarrou na mesa que a outra estava sentada, e derrubou café no trabalho da faculdade. No Beachwood coffee, ficou um clima tenso, não tanto quanto Carol, que queimava de vergonha, um leve "desculpa" saiu de sua boca, foi tudo que conseguiu dizer. Luísa, deu um sorriso, "Ainda bem que não tinha gostado desse", disse sorrindo. "Mas com certeza vou querer reaver o café", disse, enquanto apontava para Carol sentar-se com ela. E assim, como mágica(ou não), elas começaram a conversar, e da conversa veio a troca de número de telefones, um "até logo" e uma enorme vontade de se ver de novo. Aquela vontade martelou na cabeça de Carol, que não entendia o que estava sentindo, era confuso, novo até. No caminho de casa, mesmo achando cedo, mandou uma mensagem para a menina que acabou de conhecer. Um tímido "oi", que logo foi respondido com um animado "Oii!", naquele momento, ela entendeu que aquele sentimento não era só dela. Ela sentia. Luísa, equilibrando livros, notebook, chaves e o celular(claro, ela precisava falar com Carol), tentava entrar em sua casa. E quando enfim conseguiu, deixou tudo no canto e sentou no sofá para continuar a conversa, ela estava muito empolgada para parar. As mensagens trocadas, resultaram em um encontro. Na mesma cafeteria, já que era a favorita das duas. Luísa foi com a sua roupa favorita, como sua mãe costumava dizer "sua segunda pele", e não poderia ser outra. Luísa era um livro aberto. Quando criança, não escondia os segredos de sua mãe, o que resultou em um inocente "mamãe, eu namoro uma menina na escola" aos 8 anos, e de novo um proposital "Mãe, essa é Luana, minha namorada" aos 16. Não que ela não se importasse com o que a mãe pensava, e por isso não tomava cuidado ao falar pra mãe, "mas que mãe nega o filho, por uma coisa tão irrelevante?", ela pensava. Mas com Luana não durou muito. Nem com Flávia, e muito menos com Roger, que francamente, não sabemos o que foi isso, nem eu, nem a mãe de Luísa. Ela dizia, que estava experimentando, mas com 2 semanas já sabia que não era questão de gosto. Não era difícil de manter ela por perto, ela tinha esse jeito único que encantar as pessoas, mesmo que não fosse conhecida como doce e gentil. Agora, Carol, passou horas experimentando roupas, não sabia que imagem queria passar. Uma "Carol mulherão", ou a "Doce Carol"? Ela manteve a dúvida até que encontrou um meio termo. Ela era boa nisso, em mediar as coisas, e por isso que planejava se formar em direito, ela gostava dessa postura de mediadora, a pessoa capaz de acalmar ambos os lados. Afinal, ela já estava acostumada. Seu crescimento foi difícil, era ela que separava sempre as brigas dos pais, foi um alívio quando se separaram há dois anos. Nem ela, nem sua irmã mais velha aguentavam mais. O fato de ela ter demorado tanto a descobrir qual Carol ela queria apresentar, era porque ela nunca tinha saído com uma menina. Beijado, sim. Namorado, sim. Mas esse primeiro encontro não aconteceu com seu primeiro relacionamento, já que elas se conheceram em uma festa, e dali já saíram direto para o namoro. Roberta não era para Carol. Não tinha como as duas ficarem juntas, e não sei como ficaram por tanto tempo. Foram 3 anos, e nunca que Roberta aprendeu os seus gostos, ou se quer qual era sua cor favorita(azul, aliás). Carol não se sentia querida, nem amada, e assim como eu, não sabia como explicar como passou tanto tempo com ela. Talvez fosse algo que ela colocou na cabeça, no início do namoro, que era para sempre, e que nunca ia acabar. Ela se manteve ali, porque não ela se forçou a acreditar que aquele era seu "feliz para sempre", até que ficou insuportável demais, até pra ela. Não fazia mais sentido, não cabia mais nela. Então tomou coragem e terminou com Roberta, mas as vezes ainda acham que as duas vão terminar juntas. Mas algo em Luísa trazia de volta aquela coisa jovem, de amor a primeira vista. E quando ela entrou no café, e viu Luísa, seu coração palpitou errado, e veio aquela sensação de queda. As pernas bambearam e as mãos suaram frio. Luísa a percebeu ali, como se algo a chamasse, e quando viu Carol, o mundo dela parou. Era como ela estivesse nas nuvens. Luísa acenou para Carol, e a trouxe de volta a realidade. As duas andaram a o encontro da outra, e a sensação de queda veio para elas, e junto, veio o medo, a insegurança a incerteza, e se mantiveram até que elas se abraçaram. No abraço acabou tudo isso. Um suspiro soou no ouvido de Carol, e Luísa podia sentir uma palpitação, que não era a sua, em seu peito. Um sorridente "Oi" saiu da boca das duas, que sentaram, e conversavam. Depois pediram seus cafés, e voltaram a conversar. Era aquela sensação de que o tempo não ia passar nunca, sabe? Que o tempo estava ali pra elas. Estavam conversando como se conhecessem desde sempre, compartilhando os segredos, suas péssimas experiências de namoros, sobre Roberta, Roger... Elas sabiam que não precisava de receio. E por mais que não tivesse sido dito ali na mesa, elas já estavam apaixonadas uma pela outra, e isso dava para ver nas risadas, nos olhares, nos toques tímidos das mãos... E tudo aquilo ali, parecia mágica. Só não para elas. Passava na cabeça de Luísa todas as reações químicas que aconteciam no seu cérebro quando Carol pegava na sua mão, e qual era a razão das bochechas vermelhas dela. Estavam presas a esses detalhes que faziam a tarde mais mágicas, pra gente, pra elas tudo tinha explicação. Aquele dia, foram as suas primeiras quedas.
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Falling: a story of rematches
RomansaUm casal que não acredita em destino. São céticas quando a questão é sobre coisas místicas. Mas elas sentiam essa conexão. Elas sentiam que estavam conectadas, de alguma forma, só não queriam acreditar. Elas eram destinadas a se encontrar de novo, e...