I am not a robot

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Bianca havia preparado toda a viagem com apenas 1 dia de antecedência. Ela reservou o jatinho da família, conseguiu duas suítes maravilhosas num hotel legal e deu muitas ligações confidenciais para o Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio. Além disso, enviou um helicóptero para buscar Bap em Madrid logo depois do café, e, agora, sua amiga espanhola estava vindo pra Lisboa.

Normalmente, a princesa planejava esse tipo de coisa durante 1 mês, mas dessa vez era diferente. Era o seu aniversário e ela realmente não queria chegar ao Rio e ser obrigada a cumprimentar algum político escroto como Jair Bolsonaro. Então, fez tudo na surdina e felizmente deu certo!

- BIANCA CELÍLIA ORLEANS E BRAGANÇA!

Opa, Bianca pensou, desconcertada. Não falar com os seus pais sobre a viagem ao Rio era um furo do seu plano de 3 partes (1º viagem na surdina; 2º não cumprimentar nenhum político chato; 3º ficar loucona no Rio) que ela sabia que daria dor de cabeça.

- Como assim você planeja uma viagem ao Brasil sem contar a ninguém? Como assim? Eu tenho certeza de que não criei uma filha louca! – disse a sua mãe. O seu pai já estava em alguma reunião e (amém pra isso) não podia brigar com ela.

- Você tem certeza? – Arthur levantou as sobrancelhas, rindo debochado.

Bianca lançou um olhar feio pra ele e Natanaell resolveu interromper antes que seu irmão causasse mais confusão.

- Mas, mãe... Olha, veja bem...

- Mas nada, Natanaell! – a rainha bufou irritada, colocou uma mão sobre as têmporas e suspirou. Ela sempre fazia isso quando lidava com os seus filhos. - Como agora TODO MUNDO sabe que a trindade satânica + a querida Beatriz (mandem um beijo pra ela) estão indo para o Rio, vou deixar vocês irem! Isabella e Carlos vos acompanharão, – ela apontou para os dois seguranças de alta confiança da família, que estavam impassíveis perto da porta. – e eu tentarei resolver essa situação com o presidente para mantermos, sabe? A porra das relações internacionais!

- Obrigada, obrigada, obrigada... – o trio começou com uma sessão incessante de "obrigadas" que precisou ser interrompida pela voz tempestuosa da mãe.

- Quando voltarem, nunca mais vão ver a luz do sol!

Todos ficaram quietos.

...

- Ah, gente! O Rio é muuuuito lindo. É ou não é, Bolsonaro filho? – Hanna apontou a câmera do seu celular de última geração para Ícaro.

- Não me chama de Bolsonaro ou eu mando a Gabi te arranhar.

Gabriela mostrou suas unhas de gel grandes e vermelhas pra Hanna, que fez cara de brava.

- Arranho ela de volta, meu filho!

- Com que unha? – Rayssa falou, rindo.

- Isso é homofobia. To mostrando tudo no vlog, dona Rayssa. Você vai ser processada!

- Não sou eu que geralmente é processada por aqui...

Hanna expressou sua indignação para a câmera e, logo depois, parou de gravar. O vídeo para o seu canal no Youtube, que tinha alguns milhões de inscritos, teria de esperar, porque Gabi havia feito o sinal oficial de fofoca quentinha: uma cara surpresa e um dedo apontado para a tela do celular.

- Gente, vocês NÃO sabem o que a Antonielli acabou de postar! Cêis tão ligados na trindade portuguesa, né? E na princesa Beatriz, a espanhola?

- É claro que a gente tá ligado, amiga, eles são uns gatinhos. – Hanna comentou.

Ícaro também sabia quem eles eram. Especialmente, ele. Natanaell Augusto Orleans e Bragança, o garoto que saia em todas as primeiras páginas da Capricho. Suas amiguinhas de escola simplesmente o adoravam. Ele o adorava. Entretanto, à medida que foi crescendo, a imagem de príncipe perfeitinho, caridoso e hétero começou a perturbá-lo.

Verde, amarelo e sangue-azulWhere stories live. Discover now