Capítulo 3

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"Deus fez do arrependimento a virtude dos mortais."

Nunca uma frase se encaixou tão bem em uma situação. Na manhã seguinte, quando o prazer do crime passara, e Noah acordou com os raios de sol entrando pela janela e batendo em seu rosto, fazendo-o abrir os olhos e piscar lentamente, tudo estava bem. Os passarinhos cantavam lá fora, o vento frio varria o quarto silencioso, causando-lhe arrepios. Tudo estava bem... até que não estava.

As lembranças da noite anterior bateram forte na porta de sua mente nublada, o arrependimento veio em ondas e o remorso perpetuou-se. Noah olhou para o corpo forte esparramado ao seu lado coberto da cintura para baixo com o lençol e fechou os olhos com força, desejando que aquelas lembranças não passassem de sua cabeça pregando-lhe uma peça muito, mais muito, sem graça.

Mas não era. Não poderia ser.

Porque ele podia não lembrar de tudo, mas ainda lembrava da sensação ter os lábios de Josh Beauchamp sobre os seus novamente depois de tantos anos, e aquilo era tão frustrante. Era fodidamente frustrante porque por mais que ele tentasse odiar Josh, ele não conseguia. Não de verdade, pelo menos. E terem feito sexo naquele estado só piorava tudo. Quer dizer, fazer sexo casual nunca fora para um problema para Noah. Ele até gostava, para falar a verdade. Era bom não ter nenhum compromisso, ou sentimentos que bagunçassem tudo no dia seguinte, mas esse não era o caso. Tanto ele quanto Josh escolheram o prazer, escolheram o desejo e a tentação da carne, e durante a noite passada nenhum dos dois tinha consciência de que atrás de todo o prazer e desejo que sentiram tão profundamente como nunca antes haviam sentido, existiam todos as atribulações e as grandes doses de arrependimento.

Respirando fundo, Noah se levantou com cuidado. Ele correu até o banheiro na ponta dos pés e tomou um banho quente bem demorado. Ele se vestiu e olhou para a cama rapidamente onde o loiro continuava adormecido, antes de sair do quarto. A casa estava silenciosa e ainda era cedo, ou seja, todos ainda deveriam estar dormindo.

Noah colocou a mão na barriga sentindo-a roncar. Ele nem se lembrava da última vez que tinha comido alguma coisa. Ele foi até a cozinha e saiu abrindo os armários. Nada. Nada. E mais um pouco de nada. Noah revirou os olhos, eles tinham mesmo comido tudo que trouxeram? Inacreditável.

O moreno voltou para a sala e pegou a chave do carro de Krystian em cima da mesinha de centro, e a sua carteira que também estava lá jogada. Ele se lembrava de ter visto um mercado quando eles estavam chegando. Noah deixou a casa e entrou no carro, tentando se lembrar do caminho até o mercado. Depois de alguns minutos ele chegou ao mercado, e comprou tudo que achava que eles iriam precisar, em seguida, voltou para o carro e dirigiu de volta para a casa.

Quando ele abriu a porta da frente, segurando todas as sacolas nas mãos, logo ele viu Bailey sentado na grama com uma bola de futebol no colo e o olhar fixado em um lugar distante.

— Oi, bom dia! — Cumprimentou Noah.

— Oi! Estávamos pensando que você tinha fugido. — Sorriu de canto. — Quer ajuda? — Apontou para as sacolas.

— Quero, por favor.

O filipino se levantou, abandonando a bola de futebol no gramado e foi até o moreno, pegando metade das sacolas que estavam com ele. Eles adentraram a casa, encontrando todos os outros espalhados pelos sofás.

— Eu trouxe comida. — Anunciou Noah. No mesmo instante, todos levantaram as cabeças e o encararam.

— Graças à Deus! — Exclamou Lamar, juntando as mãos e olhando para o teto. Noah riu baixinho e foi até a cozinha, colocando as sacolas em cima da ilha. Eles se juntaram e prepararam um almoço para todos, estavam todos de ressaca da grande bebedeira da noite anterior então resolveram pegar leve.

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