Ah, véspera de Ano Novo. É sempre uma época bem especial e nostálgica. É o último dia do ano e é um dia que costumamos refletir bastante. Refletir sobre o que fizemos durante o ano, sobre as perdas, sobre as conquistas, sobre quem fomos e quem queremos ser. Para o grupo de amigos, os últimos dias foram muito bons, tiveram seus altos e baixos assim como todos os outros dias, mas se eles estavam juntos, se divertindo e curtindo um pouco a vida, tinham valido a pena. A praia estava cheia de pessoas festejando e bebendo até que fosse meia noite, e os fogos de artifício explodissem no céu anunciando que teríamos mais trezentos e sessenta e cinco dias de novas possibilidades e aventuras.
— Aí desculpa. — Noah olhou para cima, a culpa por ter esbarrado em alguém sendo substituída por surpresa ao ver o ruivo da primeira noite sorrindo para ele. — Oi... Nicky, certo? — O garoto confirmou com a cabeça, o sorriso aumentando e se espalhando para os olhos. Noah não pôde deixar de reparar o quão bonito ele era. Sendo honesto, Noah se lembrava vagamente dele e o pouco que se lembrava era bom.
— Que bom que me reconheceu, pensei que nunca mais fosse te ver — diz com um meio sorriso. — Ainda vai passar muito tempo aqui em Santa Mônica com os seus amigos? — Urrea negou com a cabeça.
— Vamos embora amanhã de manhã. — Nicky confirmou com a cabeça, como dissesse que entendia.
— Você mora em Los Angeles ou aqui mesmo?
— Los Angeles, faço faculdade lá. — Respondeu vagamente. O ruivo sorriu grande, tão grande que Noah pensou que o rosto dele fosse rasgar. Ele não conseguiu evitar o sorrisinho de canto que surgiu no canto dos seus lábios.
— Que coincidência, acabei de me mudar para Los Angeles. — O moreno passou a língua pelo lábio inferior, umedecendo-o antes de dizer com um tom malicioso:
— Acho que deveria me visitar então. — Nicky soltou uma risadinha, percebendo o tom maldoso na voz do outro garoto, e deu um passo na direção dele.
— Com certeza eu irei. — Noah sorriu. — Mas então... — disse lentamente, enquanto se aproximava cada vez mais até estarem a poucos centímetros de distância um do outro. Ele abaixou um pouco a cabeça, por Noah ser menor que ele, e sussurrou no ouvido do de olhos verdes: — Não vai me dar um beijo de feliz aniversário? — Urrea sentiu um arrepio descendo por sua espinha ao ouvir o tom rouco chegando aos seus ouvidos como uma melodia sensual.
— Seu aniversário é na véspera de ano novo? — Indagou confuso. Nicky endireitou o corpo e sorriu para ele de lado, negando com a cabeça causando um riso baixo no mais novo.
— Mas ainda quero um beijo. Se eu bem me lembro... você está me devendo isso. — Noah inclinou a cabeça para o lado, mordendo o lábio inferior levemente vendo o ruivo focar os olhos azuis naquele ato.
— Você é bem saidinho, não é? — Questionou com diversão.
— Parece que esse é o único jeito de chamar a sua atenção. — Admitiu em voz baixa ainda concentrado nos lábios do outro.
— E por que você quer chamar a minha atenção? — O ruivo piscou lentamente e concentrou os seus olhos nos de Noah por alguns segundos antes de o olhar de baixo para cima com um meio sorriso.
— Talvez seja porque você é gato, definitivamente faz o meu tipo, é engraçado e tem um sorriso lindo. — Noah sorriu, se sentindo envergonhado de repente. Suas bochechas ardiam, e ele sabia que estava corando. Nicky esticou a mão, tocando sua bochecha suavemente passando o polegar pela pele avermelhada com carinho. Noah se inclinou na direção do toque, quase que inconscientemente. — E fica uma gracinha quando está com vergonha.
Noah mordeu o lábio inferior, sentindo-o se aproximar mais de si. Ele fechou os olhos e se inclinou na direção do ruivo, mas antes que seus lábios pudessem se encostar, Nicky se afastou alguns centímetros, deixando o americano confuso.
— Espera, o loiro não vai aparecer para quebrar minha cara, não é? — Perguntou dando uma olhada rápida ao redor da praia. — Eu gosto muito da minha cara. Ela é muito bonita para ser esmagada. — Noah riu baixo, negando com a cabeça.
— Não, eu prometo.
Eles se olharam por alguns instantes, e era como se não tivesse mais nada ao redor dele. Seus olhos estavam conectados um no outro, brilhando como diamantes. Nicky passou os dedos pela pele macia, desejando que o tempo pudesse passar mais devagar para eles ficarem ali por muito e muito tempo. E então a contagem começou.
10...
9...
— Acho que temos o timing perfeito. — Sussurrou contra os lábios de Noah. 7... 6...
— É... acho que temos sim...
5...
4...
3...
2...
1...
Talvez seja estranho pensar que você tem menos um ano de vida, mas sempre comemoramos o fim de mais um ciclo. Olhamos para os próximos dias com os olhos brilhando de esperança e ansiedade, tentando visualizar o que queremos que esteja reservado para nós dentro de cada um deles. De repente, em um momento fugaz, os fogos de artifício explodem no céu e anunciam que o ano novo está presente e o ano velho ficou para trás; os amigos se reúnem em um abraço comemorativo, desejando o melhor uns para os outros; Noah e Nicky se unem em um beijo lento e envolvente; O champanhe borbulhante é estourado, as taças são enchidas e se cruzam em um brinde feliz; esquecemos tudo que ficou para trás e pensamos apenas nas milhões de possibilidades que esse ano pode nos oferecer.
— Ótimo jeito de começar um novo ano. — Nicky murmurou, ainda com os olhos fechados sentindo a onda quente do beijo ainda se apossando do seu corpo. O ruivo passou a língua pelos lábios, finalmente abrindo os olhos e se deparando com um Noah sorridente que lançou seus braços ao redor do pescoço dele e o abraçou forte. Nicky sorriu grande e o abraçou pela cintura trazendo o corpo magro para mais perto de si. Mesmo que parecesse loucura, Noah ainda sorria meio bobo, alguma coisa dentro dele dizia que eles não ficariam só naquela praia, e ele estava ansioso para ver onde isso daria. Ele estava feliz. Tipo, verdadeiramente feliz. Não só por Nicky, já que eles tinham praticamente acabado de se conhecer, mas sim porque aquela viagem tinha sido mais surpreendente e maravilhosa do que ele poderia imaginar e porque era um ano completamente novo. Seriam mais 365 dias pela frente, e cada dia seria uma aventura nova.
Sabe, a felicidade depende de duas coisas: sorte e boas escolhas. Somos a soma das nossas decisões, todo mundo deveria saber disto. Infelizmente, nem sempre tomamos as decisões certas, mas tudo bem, errar é humano. Se, nestas ocasiões, perdemos a esperança e nos desencorajamos, diminuímos nossa habilidade de encarar as dificuldades. Se, por outro lado, nos lembramos que não se trata apenas de nós, mas, que todos têm de passar por sofrimento, esta perspectiva mais realista aumentará nossa capacidade e determinação para sobrepujarmos os problemas. Nada é para sempre. Nem as coisas boas, nem as ruins. Às vezes esquecemos disto.
Ainda abraçados, Noah abre os olhos lentamente com um sorriso que aos poucos vai diminuindo ao olhar para frente e ver Josh o encarando profundamente, quase como se conseguisse ver o furacão de sentimentos passando pelo seu peito. Ele olhou para Nicky ainda de costas, analisando-o de cima a baixo e então virou para o rosto de Noah que ainda o olhava.
— Mais feliz? — perguntou ao movimentar os lábios sem fazer nenhum som. Noah confirmou com a cabeça.
Beauchamp dá um meio sorriso e Noah retribui. Eles não precisavam da aprovação um do outro, é claro, mas, no fundo, ainda era como se eles fossem crianças e sentissem a necessidade de proteger um ao outro. Mas as crianças crescem, e com aquele pequeno diálogo, eles queriam mostrar que estavam bem e que deveriam seguir em frente. Não se pode ficar preso no passado, caso isso aconteça, você perderá o futuro.
Noah e Josh... o que eles têm... Deus! Era um daqueles amores antigos que a gente nunca esquece, sabe? Aquele que ainda aquece o coração só de lembrar.
Só que, às vezes, amores antigos devem ficar lá onde estão, guardados em uma caixinha de lembranças enterrada no fundo do guarda-roupa cheia de coisas boas e ruins que a gente possa abrir de vez em quando, quando o peito apertar de saudades só para não esquecer de tudo.
Amores antigos são lembranças do que fomos e vivemos. Ninguém precisa apagá-las, mas também ninguém precisa revivê-las.
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Too Young
FanficShort fic inspirada na música "Too young" de Louis Tomlinson. Uma viagem de fim de ano com seu grupo de amigos parecia a ideia perfeita depois de um ano exaustivo como aquele. Quando seu primeiro ano de faculdade chegou ao fim, Noah não podia estar...