Capítulo II - Café à la cannelle (Café com Canela)

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Taehyung vinha de uma família composta por almirantes e capitães de alta patente dentro da marinha coreana, fazendo com que passasse alguns anos da sua infância vivendo dentro de navios e navegando pelos mares. Kim Taeyong ostentava dezenas de medalhas e condecorações durante todos os anos de carreira militar pelos seus feitos ao país. Tinha muito orgulho de todas as suas conquistas e possuía o desejo de passar para os filhos o mesmo amor pelo mar. As águas profundas e desconhecidas marcavam toda a história dos Kim's.

Jaehyung era o filho mais velho e seguia os passos do progenitor dentro das forças armadas. Desde muito jovem demonstrava interesse em seguir carreira militar e trazer orgulho para a família, tinha o costume de vestir as fardas antigas do pai e correr pela casa. Taehyung também compartilhava da mesma paixão, mas diferente do irmão mais velho, era apaixonado em tentar compreender como aquelas enormes embarcações funcionavam em toda a sua glória. Toda a parte que envolvia a construção naval, pesquisa e desenvolvimento eram como a oitava maravilha do mundo.

Para o pequeno Taehyung de sete anos era fascinante ver todos os grandes, pequenos, pesados e coloridos navios flutuando sobre o mar, desbravando o oceano em segurança. Poder sentir o balançar do convés e observar o céu azul, junto do odor único de maresia, era incrível. Poderia viver no mar como o seu pai.

Por mais que a família Kim fosse formada por gerações e gerações de militares que prezavam fortemente por uma boa disciplina, Taeyong não queria cortar as asas dos seus próprios filhos e dava toda a liberdade — dentro do possível — para fazerem as suas próprias escolhas, mesmo que não fosse um pai tão presente por conta da sua posição.

Apesar dos primeiros anos de vida — tanto de Taehyung quanto de Jaehyung — terem sido passando mais tempo sobre as águas do que em terra firme, o patriarca valorizava uma boa educação para as crianças. Quando chegaram na idade de começarem a escola, os irmãos começaram a viver em Seul junto de Eunha.

Como foi o dia na escola, meu filho? — Taehyung escutava a voz do pai pelo telefone, animado demais para contar todas as brincadeiras que fez durante o dia.

— Foi legal, papai! — respondia com o seu tom infantil.

Algumas horas se passavam enquanto o pequeno alfa tagarelava sem parar, mas não era a mesma coisa que ter o seu progenitor ao seu lado. Taeyong escutava tudo com o máximo de atenção, apreciando cada momento que dispunha aos seus rebentos.

Eunha era uma das poucas médicas ômega na marinha quando conheceu o marido em um dos diversos eventos de gala que ocorriam ao longo dos meses, surgindo uma química inexplicável entre os dois desde o começo. Era como se os seus lobos tivessem escolhido um ao outro no primeiro olhar, fazendo com que não demorassem a engatar em um relacionamento.

Se almas gêmeas existissem, Taehyung diria que os seus pais eram a prova viva. Não importava quanto tempo passassem afastados, o amor parecia nunca diminuir. Eunha também era uma pessoa extremamente atarefada por conta da sua profissão, estando constantemente ocupada com plantões e cirurgias no hospital, e nem sempre podia acompanhar Taeyong e os filhos em viagens marítimas ou estar em casa.

Por mais que fossem pais fisicamente ausentes a maior parte do tempo, procuravam regularmente entrar em contato, fosse através de ligações, vídeo chamadas ou mensagens. O casal queria poder acompanhar o crescimento dos seus filhotes de perto e temiam que os rebentos se sentissem abandonados e sozinhos, mesmo que tivessem tudo do bom e do melhor que o dinheiro poderia comprar. Bens materiais não supriam a falta de afeto e atenção.

Taehyung era como um pequeno e radiante sol por onde passava, sempre alegre e atraindo a atenção desde a escolinha com o seu jeito engraçado e sorriso quadrado. Era uma criança muito especial. Sempre fazia diversos coleguinhas em qualquer lugar que chegasse, entretanto, ainda sentia muita falta dos pais por perto, sentia falta de abraços e afagos que apenas os seus progenitores eram capazes de dar.

Mon Alfa Différent [Taekook - ABO]Onde histórias criam vida. Descubra agora