Prólogo

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Sempre que tentava fazer um assalto à mão armada, Malcolm dizia que deveria manter a calma e nunca, nunca deveria cometer o erro de me sentir nervosa, e eu fiz o oposto do que ele. Quando parei em frente ao alvo, senti os nervos a flor da pele, comecei a tremer e quando tentei apertar o gatilho o homem correu e não pude fazer mais nada. Malcolm então, começou a dizer que eu era um desastre, e que jamais me colocaria em um plano de novo. Mas ele havia me treinado pouco, apenas dois anos, eu não sabia de tudo ainda.

Hoje eu estou aqui, bolando um plano para assaltar a joalheria dos Foster. Eu fui treinada para matar, roubar, enganar, lutar, e esse será mais um dos planos bolados por mim, que não falhará.

Não imaginava que precisaria de Malcolm novamente, mas o cara é ótimo com assaltos e sabe o quanto a joia de dez milhões de dólares é importante para nós. Foster Gun é o sonho de consumo de qualquer mulher. O colar fica no lugar mais seguro da joalheria e tem pérolas brancas com diamantes, o negócio vale ouro e vale tudo que estamos tramando.

William Foster herdou a joalheria do pai quando o velho morreu. Sei que o homem é muito rico e extremamente certinho. Sabe aqueles caras chatos e engomadinhos? Pois é, se trata de William. Mas, sendo uma mulher, não posso negar, o homem realmente é capaz de tirar o fôlego de qualquer uma só com o olhar, imagina como não deve ser na cama?

- Nicole, rápido! Não temos o dia inteiro, maninha. - Malcolm me lembra que estou demorando um pouco.

- Da mesma forma que não tenho o dia inteiro, não sou um flash, idiota. - ele solta uma risada sarcástica. - Além do mais, você não está ajudando em nada. - reclamo.

- Está bem, querida irmã. Precisa de algo? - perguntou, sínico.

- Quero que me compre um hambúrguer. - ele riu e eu continuei séria.

- Ah, é sério? - questionou confuso.

- Sim, Malcolm. - afirmei. - Logo Vai, imbecil. - xinguei.

— Calma, doce mulher. Estou indo. — informou, pegou a carteira e saiu.

O lugar onde estamos agora, é feio e fedido. Alguns ratos circulam por aqui enquanto eu elaboro o plano nos mapas da joalheria que meu irmão conseguiu. A mesa é bamba e isso me incomoda muito, mas como não tenho escolha, não posso mudar nada.

A polícia não me conhece, e para o meu bem, é bom que não me conheçam. Por isso estamos nesse lugar horrível. Assim, ninguém poderá nos encontrar e descobrir que estamos o que estamos tramando.

O plano de início parecia fácil. O que eu tinha em mente era: entrar na joalheria com um dos meus melhores vestidos mantendo a postura de dama, fingir interesse por algumas das joias mas jamais, em hipótese alguma, por Foster Gun, e assim que Malcolm conseguisse entrar, me daria um sinal que confirmava o trabalho de Russel, para que eu pudesse agir.

Russel é um hacker excelente e com alguns cliques no teclado, conseguiria tirar toda a segurança de cima da joia, o que me ajudaria muito porque, assim, o alarme não dispararia e ninguém saberia que a joia teria sido roubada, até perceberem que as câmeras foram desligadas e que Foster Gun não estaria mais ali.

A joia está dentro de um vidro, exposta para quem quiser ver, centralizada na joalheria Foster, pelo que pudemos perceber analisando algumas imagens que Russel conseguiu, há um cadeado no lado esquerdo que, por sinal, é muito bem fechado, mas nada que uma cópia da chave não abra.

Franklin, o pai de Russel está no comando, por enquanto, porque existe um caos dentro de mim que, certamente durará até o infinito e vai me fazer ficar no comando. Eu sou a minha chefe. Mesmo que Franklin sempre contrate eu e meu irmão para esses servicinhos, dessa vez — como em todas as outras — eu vou mandar. Malcolm sabe que eu sou a chefe, mas nunca falaria isso para Franklin porque o velho provavelmente não nos ajudaria mais. Mas, não posso tirar o mérito dele, afinal, o velho conseguiu a cópia da chave, falta testar, mas isso, faremos no dia do roubo.

Combinamos de dividir os dez milhões que a joia vale, entre nós quatro, mas quatro é demais, quatro é muita gente, provavelmente eu e meu irmão daremos um jeito nisso.

Ouvi um barulho enquanto traçava linhas no mapa da joalheria e levantei rapidamente já com a mão no gatilho da arma que estava a um metro de mim. Observei o local com cuidado e quando meu irmão pulou e me assustou, eu atirei na sua perna.

— Caralho, Nicole! — ele berrou e caiu no chão colocando uma sacolinha com meu hambúrguer sobre a mesa.

— Você é um imbecil, Malcolm! Pelo que você considera mais sagrado no mundo, não seja burro! — exclamei com fúria no olhar.

— Eu sei, eu sei. Imaginei que você fosse atirar, mas pensei que não acertaria. — disse e pude perceber a dor em sua voz.

— Sua irmã nunca erra um tiro, você sabe, me treinou tão bem que, agora, sou muito melhor que você. — afirmei orgulhosa. — Levanta daí e vai no hospital logo, idiota.

— Ok, já vou. Coma esse hambúrguer, custou o preço de um rim. — exagerou como sempre e saiu mancando.

O idiota sempre foi tão burro que nem parece meu irmão. Não sei o que ele vai inventar no hospital para que não queiram obrigá-lo a fazer um boletim de ocorrência.

Malcolm é meu único irmão. Ele me criou nas ruas da Espanha e com quatorze anos começou a me treinar e explicar como roubar e matar alguém. Ele dizia que eu era sua única esperança. Ninguém mais o contratava para algum trabalho e quando, com dezessete anos, ele me apresentou a Franklin e outros caras, tudo melhorou.

Mês que vem terá um dia importante, Franklin conseguiu me colocar em uma recepção que vai acontecer em uma noite com alguns empresários e investidores no último andar da joalheria Foster, e claro, William estará lá. Seria bom que eu me aproximasse do homem caso o plano der errado, e é o que vou fazer. Além disso, pretendo me tornar sua amiga, ou amante, porque aquele cara na cama, promete. Sendo algo dele, posso frequentar a joalheria quando quiser, e se eu pudesse me transformar na patroa, eu... Não. Melhor tirar essas ideias malucas. Vou atrás do homem para roubá-lo, não para ele me roubar.

Quando meu irmão chegou, estava com a perna enfaixada e com uma muleta que, segundo ele, pegou em um corredor qualquer e voltou pra cá. Regressou reclamando de dor na perna, e eu, como a boa irmã que sou, disse pra ele aguentar e dor e ir a merda. Nunca ficaria a noite inteira escutando gemidos de dor de um homem que, além de meu irmão, é uma mula.

Assim que fui deitar no colchão ao lado dele, Malcolm me olhou fixamente por alguns segundos e sei que não viria coisa boa de sua boca.

— Você está tão linda hoje, maninha. — disse e riu.

— E você é nojento e parece bêbado. Vai dormir, imbecil! — virei-me para a parede e fechei os olhos imaginando o lindo vestido que usaria daqui um mês.

- Ei, não esquece, um decote e pernas a mostra sempre funciona. Se o cara não gostar, a fruta que você gosta ele vem até o caroço. - rimos do seu pensamento idiota e vamos dormir.

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⏰ Última atualização: Jul 21, 2021 ⏰

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O Caos em Forma de MulherOnde histórias criam vida. Descubra agora