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POV Camila 

Voltamos para o apartamento de Lauren em silêncio. Quarenta minutos, e nada, só o rádio e os pingos de chuva batendo no teto. Embora ela estivesse tentando não mostrar, eu poderia dizer que estava preocupada. Sobre o que, eu não sabia, mas eu sabia que tinha algo a ver com o seu pai.

Quando parei na frente do pequeno apartamento dela, Lauren disse: — Obrigada por hoje.

Eu balancei minha cabeça. 

— Confie em mim, você não me deve nenhum agradecimento por nada. Você está sem carro por minha causa.

— Sim, bem... — ela deu de ombros. — Estamos quites agora.

— Nós não estamos. Você precisa de um carro. O mecânico...

— Eu não preciso da sua caridade, Camila. — ela disse, com os olhos brilhando. — Eu posso lidar com minha própria merda. Chegue em casa segura e tente não matar mais ninguém, ok? — abriu a porta e jogou as pernas para fora.

— Espere! — eu agarrei seu braço, não querendo que ela saísse, mas não sabendo como pedir para ela ficar.

Eu não fazia isso.

— Camila. — meu nome foi como um adeus. — Você acabou de testemunhar em primeira mão o quão fodida é a minha vida. — ela estendeu a mão em direção ao meu Mercedes vermelho, depois para seu prédio em ruínas. — Vá para casa.

— Vá para casa, para cobertura dos meus pais, onde eu pertenço? — eu respondi. — É isso que você quer dizer?

— Eu não disse isso.

— Você não precisou. — ela não TINHA que falar as palavras literalmente.

Seu tom de voz deixou isso perfeitamente claro.

— Obrigada pela carona. — Lauren repetiu antes de se virar para ir embora. — Eu realmente aprecio o gesto de boa vontade. Estamos quites, Camila. Realmente.

Sentei-me no carro, em seguida, engatei a marcha. Comecei a andar um pouco, mas não podia sair assim. Eu não podia simplesmente ir embora. Então, eu parei em um estacionamento local, saí e olhei para o prédio dela. Andei em direção a ele. Em seguida, de volta para o meu carro. E para o prédio novamente.

Merda.

Não havia nada como estar na chuva na frente da casa de alguém que você queria. Uma pessoa que seu cérebro sabia que era errada para você em todos os sentidos, mesmo que, no fundo, você sentisse que era mais certa do que qualquer uma que você já conheceu.

Eu não era AQUELA garota. Eu não fazia isso. Eu nunca me apeguei, nunca fiquei interessada em alguém. Era sempre apenas um encontro entorpecente induzido por drogas.

Exceto Lauren, ela não entorpecia a minha mente, ela a acalmava. Fiquei ali, na chuva, na calçada, olhando para a porta.

Porra. Por que ela tem que mexer com as minhas regras experimentadas e verdadeiras?

Minha blusa estava encharcada, meu cabelo grudado na minha cara. Eu tinha que tomar uma decisão. Agora. E de preferência sem pensar. Eu coloquei minha mão na maçaneta. A fechadura estava quebrada.

Decisão tomada.

3B. Se eu me lembrava corretamente, ela morava no 3B.

Eu quase não respirei enquanto subi as escadas sujas. Na frente da sua porta levei um minuto para pensar até ter a coragem de tocar a campainha. Pouco antes do meu dedo encostar nela, a porta se abriu, e Lauren ficou olhando para mim, quase como se estivesse aliviada por me ver.

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