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3 anos depois

— Ma chérie, teria sido muito mais rápido pegar o metrô, não? — Lucien bufou atrás de mim, o mais provável suando até a morte em seu casaco sob medida. E justamente por isso. A caminhada até Montmartre - e meu verdadeiro destino, os artistas na praça - foi uma escalada.

— Eu disse que poderia encontrá-lo aqui. — falei, minha irritação crescente. O metrô não era uma opção por razões que eu não estava disposta a compartilhar com ele, não importa quantas vezes ele lamentasse. — Você não tinha que andar comigo. Você nem sequer tinha que vir. Eu sei onde é a Place du Tertre, Lucien. Eu te disse isso.

— Eu sou um cavalheiro. — ele disse. — E você é nova em Paris. É meu dever - e grande prazer - te mostrar os lugares.

Eu podia ouvir o sorriso em seu rosto plano, sem sequer me virar, e lutei contra a vontade de tremer. Não importava quantas vezes eu tivesse dito a ele que eu tinha passado muito verões em Paris e que eu conhecia bem a cidade, ou o fato de que eu falava francês fluentemente, ele insistia em me tratar como uma estrangeira impotente. Como alguma donzela em perigo para ele salvar.

Ugh.

Peguei o meu ritmo, de repente, lamentando o short minúsculo rosa que eu tinha vestido. Eles abraçavam minhas curvas perfeitamente e mostravam muita perna. Lucien estava apreciando demais a vista.

Cavalheiro, o caramba.

Eu fiz uma nota mental para ser mais cuidadosa sobre o que eu usava perto dele, apesar que seria uma chateação. Especialmente considerando o seu desrespeito aos limites pessoais.

Partilhar um apartamento com um homem que você não conhecia - e um mais velho - não era nada fácil. Mas eu não tinha muita escolha. A minha decisão de vir para Paris tinha sido de última hora, e Ally tinha me arranjado o apartamento do seu amigo, enquanto ele estava em uma viagem de negócios estendida aos Estados Unidos.

Eu sabia que haveria um companheiro de quarto - alguém com quem eu estaria trabalhando na galeria - eu só não esperava que fosse Lucien.

Mas a vida nunca era o que você esperava. Ou o que você queria. Ela apenas pisava em seu coração até que você quebrasse.

Ou tomasse pílulas.

Ou bebesse até o esquecimento.

Ou fodesse seus miolos para que você parasse de pensar sobre...

NÃO. Eu não iria lá. Eu não podia pensar nela. Não sem um flash de dor, não sem o vício muito familiar apertando meu peito.

Fazia três longos anos desde que eu estraguei tudo com Lauren . Três anos tentando esquecer, e um único pensamento ainda doía como um filho da puta.

Porra.

Paris TINHA que tirá-la da minha cabeça. Fora do meu coração. Fora da minha alma fodida.

Paris e arte - tinham que ser suficientes para destruir o seu fantasma.

Três anos sob as asas dos meus pais não tinham feito isso. Três anos de sorrisos forçados através da névoa da dormência. Três anos vivendo a vida de outra pessoa.

Eu não podia mais fazer isso, e eu finalmente percebi que eu precisava fazer algo.

— Por que você não vai encontrar alguns novos artistas para nossa galeria de Paris? — Ally havia dito a seis meses atrás, quando eu comecei a entrar em pânico sobre a graduação e meu encarceramento iminente na faculdade de direito. — Saia do país, fique por conta própria e descubra se esta é a vida que você realmente quer, chérie.

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