Strip That Down

06

The city's cold and empty (oh)
(A cidade está fria) (oh)
No one's around to judge me (oh)
(Ninguém está por perto para me julgar) (oh)
I can't see clearly when you're gone
(Não consigo ver claramente quando você foi)
Blinding Lights - The Weeknd

Elena

Segunda-feira 11:25

Apesar do tempo reduzido, o resto das aulas passou de maneira muito arrastada. Acho que conseguia até ver a nuvem de tédio que pairava no ar.

Quando o sinal toca, acho que consigo escutar todo mundo suspirar em alívio, arrumando seus materiais para ir embora. E é só o primeiro dia.

-Tchau gente. - me despedi dos meus amigos indo em direção a van.

-Tchau. - Alex e Luan responderam juntos.

-Tchau amiga. - Luana disse me abraçando. - Depois vai lá em casa tá? - perguntou indo em direção ao irmão e concordei.

Finalmente.

Mal posso esperar para chegar em casa, comer, deitar e fazer nada. Com certeza a melhor parte do meu dia.

Fui o caminho todo em silêncio como na maioria das vezes, escutando música e criando fanfics na cabeça. Completamente normal.

12:05

Vejo que a van parou em frente a minha casa e desço me despedindo do pessoal.

Pego minha mochila e paro na frente da porta, procurando a maldita chave para abrir a porta. Mas paro ao perceber que o carro está na garagem. Conclusão: meus pais estão em casa e a porta está destrancada.

-Ótimo. - bufo fechando a mochila.

Entro em casa fechando a porta em seguida e percebo que tem alguns barulhos nem um pouco normais vindo da cozinha.

Por favor, não seja o que estou pensando, por favor. - repito mentalmente.

Vou em direção ao cômodo rezando para não ser realmente o que imagino que seja.

Ah não.

Me viro rapidamente após perceber a falta de vergonha.

-É sério que vocês estão fazendo isso na cozinha? - perguntei indignada e escuto os dois derrubando algo.

-F-F-Filha. - escuto minha mãe gaguejar.

-Você che-chegou cedo. - disse meu pai.

-Hoje a aula ia terminar mais cedo, lembra? - pergunto irônica.

-Elena. - minha mãe me repreende e respiro fundo.

-Já posso me virar? - pergunto sem paciência.

-AINDA NÃO! -os dois responderam desesperados e dou um sorriso.

-Estão querendo me dar um irmão? - pergunto com humor e sou ignorada.

-Olha, se for demorar muito pra vocês se ajeitarem aí, eu posso ir almoçar na Luana. - sugeri. - Pelo que eu vi o almoço ainda não tá pronto. - provoquei.

-Vai logo. - minha mãe disse brava e comemoro.

Pego meu celular no bolso enquanto caminho em direção ao quarto e aviso Luana que irei almoçar em sua casa.

12:48

-Se vocês continuarem desse jeito, vou ter que virar médica pra fazer um transplante de rim. - digo rindo ao ver a Luana pegando um miojo no armário.

-Miojo Luana? - olho para a porta e vejo Davi encostado no batente.

-Aham. - disse concentrada.

-Eiiiii. - digo o abrançando.

-Você cresceu? - perguntou me olhando inconformado.

-Talvez seja você que diminuiu. - digo com humor.

-Cuidado pra não ficar pra trás irmão. - Luana disse debochada.

-Vocês podiam é criar vergonha na cara e fazer uma comida decente pra visita. - escuto tia Carla dizer e concordo.

-Tia, me salve! - faço drama. - Seus filhos querem me matar envenenada. - digo indo em sua direção com uma falsa cara de pavor e a abraço.

-LICENÇA QUE EU CHEGUEI! - escuto e logo Alex aparece correndo em minha direção.

-Nem pense! - digo ao perceber o que ia acontecer. 

Fecho os olhos esperando o impacto e nada acontece. Abro o mesmos com receio e vejo Alex parado na minha frente segurando o riso e reviro os olhos.

-Amigo novo? - Davi perguntou.

-Alex. - solto a tia Clara e o arrasto comigo. - Esse é o Davi. - digo parando enfrente ao mesmo. 

-Irmão da Luana e do Luan, filho da tia Clara e do tio Pedro. - completo ao lembrar do detalhe.

-Assim como eu e o Luan. - escuto Luana dizer e a mando calar a boca.

-E Davi, esse é o Alex. Nosso novo companheiro. - termino a presentação e eles se comprimentam. 

-Pronto. - digo satisfeita. - Luana cadê meu miojo? - pergunto.

Naquele momento passou pela minha cabeça um filme da minha vida. Meu amigos. Pensei que Luana fosse tacar a panela em mim.

-Luana, você é minha best friend, melhor amiga, minha alma gêmea, a tampa da minha panela, a metade da minha laranja. - digo tentando acalmar a fera que andava em minha direção.

-A gente ia fugir e casar em Vegas, lembra? - pergunto e vejo o Luan arquear as sombrancelhas.

Quando ele chegou ali?

-Com que dinheiro? - escuto tio Pedro dizer.

Luana da de ombros e volta a olhar o miojo. Suspiro em alívio.

Tenho que lembrar de o agradecer mais tarde por ter salvo a minha vida. Serei eternamente grata.