Parte II
Os dedos dele eram quentes, escorrendo sobre minha pele fria e morta como se percorresse um cadáver com devoção. Eu arranhava suas costas e o trazia para mim como se mal pudesse acreditar que ele estivesse ali, tão perto, tão meu. Seus lábios tinham gosto de morangos açucarados de verão. Mas seu beijo era vinho regado a pecado durante o inverno.
— Diga que não há ninguém como eu — ele sussurrou, sua voz era melodiosa como um maldito anjo caído me arrastando para sua eterna condenação.
Me condenem, eu me rendo — pensei, me entregando. Estava tão tão tão tão quebrada. Meus ossos pareciam gelatina sobre seu toque e todo o meu ser entrou em ebulição, deixando o estado líquido das partículas que me compunham. Sou feita de bolhas.
— Ninguém se compara a você — sussurro em resposta.
E então eu estou caindo do céu, voando direto para o inferno. Pronta para cair nos braços do anjo de as asas cortadas, as costas em chamas, sangrando o sangue sagrado dos céus agora abandonado. Estou caindo eternamente, como Alice na toca do coelho. Consigo brincar com meus dedos durante a queda, como se estivesse em câmera lenta, do céu ao inferno.
Meus olhos se abrem.
Consigo visualizar a perfeita arquitetura do teto sobre minha cabeça. Luke e Leia estão dormindo no berço e C3PO está os cuidando. Assim que acordo, sinto a pressão em meu peito, os batimentos cardíacos se acelerando, o frio que se instala por todo o meu corpo e que sobe por minhas entranhas, incomodando cada espaço que ocupo.
Com exceção dos momentos em que coloco as crianças para ninar — quando os sinto em meu colo, as pequenas vidas tão dependentes de mim, exalando amor por seus poros, me trazendo de volta o calor que a dor me roubou —, todo o resto é uma tortura.
Não há alívio.
Estou angustiada, encarando aquele livro que nunca consegui terminar de ler. Não consigo avançar as páginas, estou presa na angústia do nome da obra e do sentimento de leitura. Os ponteiros dos relógios passam tão devagar e o tempo tão depressa. Há sentimentos presos em cada célula minha que se capacita para esquecê-lo. Sou uma confusão. E há violência em cada centímetro de pele morta que me reveste. Sou uma bagunça. Estou quebrada — repito insistentemente em minha mente.
Eles dizem que vão me curar, mas eu não acredito mais. Há conserto para o irreparável? As questões não param. Meus dedos são o automatismo mecânico do surrealismo e meu cérebro é constituído somente do inconsciente. Para que ego quando se tem a dor? Há controle melhor do que a sensação de vazio?
Obi-Wan entra em meu quarto. Seus passos são firmes e hesitantes. Eu o ignoro, porque simplesmente me sinto enojada somente de olhá-lo.
— Padmé... — A voz de Obi-Wan era desonesta e carregada de uma culpa hipócrita — Você precisa superar....Não há mais volta...
De repente, me levanto. A raiva me inunda os olhos, as pontas dos dedos e a garganta. Me envolve e me estrangula.
— Não me diga o que fazer — E sei que minha voz soa ríspida, mas não me importo — Vai embora daqui, agora!
Minhas palavras cortantes não se equiparam à minha dor dilacerante. E nada que eu diga ou faça pode compensar o buraco no meu peito exposto.
Ando até a varanda e encaro a paisagem. Os jardins de Naboo são belos, mas agora me parecem sangrentos. Fecho meus olhos por instantes, talvez minutos, apenas para provar mais um pouco... E então...
Os lábios dele selados por toda minha epiderme é capaz de dar vida à morte.
— Skywalker — suspiro, e ele corresponde com mais beijos, aumenta a intensidade, seu toque é firme, é quente, é necessário.
Ele tem sede e eu sou um cálice de água sagrada. E Anakin, como um bom religioso, bebe-me até saciar-se.
— Não abra os olhos — ele suplica, a voz ofegante.
E como posso não atender seus pedidos?
— Prometa ficar — eu sussurro sofregamente, pois Anakin tem o dom de roubar o ar de meus pulmões toda vez que toca meu corpo.
Ouço a risada dele ecoar, deliciosa, o prazer transcorre sua voz e alcança meus poros eriçados.
— Eu já estou aqui — ele respondeu de forma pragmática.
— Isso não é uma promessa.
— E mais do que uma promessa, é a permanência — Skywalker rebate, selando seus lábios pecaminosos sobre a minha nuca.
Assisto seu pomo de adão subir e descer ao que ele se torna ofegante.
Nunca gostei da sua teimosia.
— Nunca gostei desses enigmas estúpidos de Jedi — ele respondeu, como se pudesse, de repente, ler meus pensamentos.
E novamente, ele está sobre mim, acima de mim. Milhas de distância nos separam, como se entre nossos corpos agora tão próximos, quase fundidos, houvesse oceanos. Parece que cada vez que me agarro a ele, ele simplesmente me solta. Estou desesperadamente tentando segurá-lo, implorando que fique, gritando que não me deixe.
Não vá...
Mas Skywalker está soltando minha mão, deixando-me cair no escuro. Escuto há uma longevidade que não posso medir os gritos raivosos de Anakin, ele pragueja os céus e então se perde.
Onde ele está?
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Boa noite, gente! Tudo bem com vocês? Peço desculpas por essa atualização já tarde! Minhas aulas voltaram e eu to na correria já! Hoje passei a tarde toda estudando, por isso não tive tempo de postar o cap antes! Mas eu espero que vocês gostem!!!!!!!!!!!!
Gostaria, como sempre, de agradecer o número de visualizações, votos e comentários que vocês deixam, eu realmente gosto MUIIIIIIITO de responder comentários e ver que vocês estão curtindo e interagindo com a história!!!!!
Deixem seu voto e comentário hein, prfvvv!!!! Isso me ajuda demais a continuar trazendo conteúdos anidala aqui p Wattpad :)
Obrigada e até a próxima atualização!!!!
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Paraíso Sombrio - Anidala
Fanfiction"Anakin é a Estrela da Manhã. E eu me odeio e me afogo em meu próprio pecado. Quando as mãos dele estão em minha nuca e ele me olha com devoção, eu tenho certeza. Certeza que o amo. E isso me destrói". Amar Skywalker para sempre não poderia ser um...