CAPÍTULO II: PROMESSA CUMPRIDA

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Lipe sentia a coroa beriliana pesar sobre sua cabeça. Cravejada de cristais coloridos, a peça reluzia na escuridão que se fez quando ele soprou as velas sobre seu bolo de aniversário.

Nas mãos, o príncipe ainda segurava o convite vulcano. O som de aplausos e assovios se misturava às vozes das pessoas que ainda entoavam "Parabéns pra você".

Os sons foram silenciando e a escuridão reinou absoluta. O salão de festas, lindamente enfeitado por tia Margarida, estava recoberto pelas trevas. Os convidados também estavam ocultos e apenas se via o brilho dos seis cristais engastados na coroa de Berília.

Lipe sentiu um estranho calafrio quando avistou um vulto branco na direção da porta de entrada.

Cuidado, filho!, uma voz sussurrou nas sombras. Lipe percebeu algo de similar naquela voz, como se a tivesse ouvido antes. Mas sua mensagem fez o coração dele gelar.

Quando as chamas avermelhadas iluminaram o salão, o vulto branco já não estava mais lá. Em seu lugar, havia outros vultos, porém pretos e aterrorizantes. A matilha tenebrosa de heliótrofos rodeava um menino que Lipe desejava muito rever. Mas a expressão de André o assustou.

Ao lado de Gregory, Chris alimentava o fogo com as próprias mãos. Tia Margarida e suas filhas portavam suas armas, juntamente com Naldo e seu irmão. Mais a frente, Aurelius e os berilianos miravam a porta de entrada do salão, com expressão muito séria. Todos os convidados olharam desconfiados tanto para o grupo de recém-chegados quanto para a demonstração mágica de Chris.

— Eu prometi vir a sua festa. — André irrompeu o silêncio tenso que sua entrada causou, porém a expressão do menino era sombria. Lipe se lembrou da mensagem recebida dias atrás, mas não imaginava que o amigo ainda quisesse encontrá-lo, depois de tudo o que havia acontecido. Os olhos negros e delirantes de André revelavam o mesmo ódio demonstrado em Atlântida. — E estou cumprindo minha palavra.

Os demônios devoradores de sóis logo avançaram na direção de Lipe. A escuridão voltou a imperar absoluta como se a esperança tivesse abandonado aquele local antes tão alegre. Lipe se lembrou da selvageria assombrosa daquelas feras que estraçalharam Petrus no salão em Aquamarine. Sem as espadas sagradas, não tinha como enfrentar os seres sombrios.

— Protejam Lipe! — gritou Aurelius.

Logo Chris, Aurelius, tia Margarida e Naldo se achegaram ao menino, rechaçando os heliótrofos que tentavam alcançá-lo. O som de luta ao redor, os rugidos bestiais dos heliótrofos e os gritos das pessoas se misturavam na penumbra. Faíscas brotavam por todo lugar como em uma grande guerra.

Lipe ouvia a gritaria e o tumulto no salão. Todos os convidados da festa entenderam que aquilo não era uma encenação ou truque, como as borboletinhas feitas por Ana. Estava ocorrendo um ataque real. Desesperadas, as pessoas procuravam a saída, mas a escuridão as cegava. Corriam em círculos tropeçando umas nas outras.

— Por favor, tirem os convidados daqui! — Lipe pediu.

— Todos ficarão bem, se você cooperar. — André disse com voz suave. Com o estalo do interruptor, a escuridão deu espaço à luz das lâmpadas que o príncipe das trevas acendeu. Um grupo de pessoas estava cercado pelos heliótrofos em um canto do salão. — Basta você me entregar o que vim buscar.

Lipe encarou o amigo que tanto amava, enxergando uma malícia exalar dele como nunca havia visto. Ele sabia que André estava possuído pelo espírito maligno do Imperador das Trevas. Seus amigos da escola, alguns vizinhos e colegas do futebol tremiam encurralados pelas feras negras.

— Por favor, não machuque essas pessoas. Elas não têm nada a ver com isso. — Lipe implorou. — O Império das trevas foi derrotado e Erica está morta. A guerra acabou, André!

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⏰ Última atualização: Jul 21, 2021 ⏰

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