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O burburinho começou a tomar conta  do teatro enquanto eu estava inerte, completamente cética ao ver minhas fotos tão íntimas expostas para todo mundo do colégio.

Eu iria morrer.

Pedro olhou para trás e eu não consegui decifrar se ele tinha esboçado um sorriso ou algo do tipo, pois minha visão já estava ficando embaçada pelas lágrimas.

— Caralho, Teo! — alguém disse perto de nós. — Sua namorada é mal gostosa!

Algumas pessoas riram com o comentário e eu não consegui ficar mais ali. Com o rosto queimando de vergonha, eu levantei da cadeira e saí correndo do teatro, abrindo a porta e deixando o clarão das luzes do corredor incomodar os meus olhos.

As vozes no teatro cessaram enquanto as batidas do meu coração ficaram ainda mais audíveis.

Adentrei o banheiro completamente desnorteada e me enfiei em um dos box, deixando minhas lágrimas descerem sem parar.

Por que isso estava acontecendo comigo? Por quê?

Senti uma onda de náuseas repentina e baixei a cabeça na privada, colocando todo o café da manhã para fora em questão de poucos segundos.

Depois que vi que eu não tinha nada mais para botar para fora a não ser decepção e desgosto, eu sentei sobre a tampa da privada e cobri o rosto com as mãos, encharcando meu rosto de lágrimas.

Por que fizeram isso comigo? Eu era uma pessoa tão ruim que merecia tudo isso?

Sem respostas para as minhas perguntas, eu continuei me acabando em lágrimas e em soluços, querendo sumir dali naquele exato instante.

Não sei quanto tempo se passou, mas assim que eu consegui controlar minimamente as minhas lágrimas, eu abri a porta do box e ao passar um pé para fora, eu senti vontade de evaporar daquele banheiro e nunca mais ver ninguém.

— Quem diria... — Daniela disse me olhando através do espelho. — Confesso que eu esperava isso de todo mundo, menos de você.

Eu fechei as mãos em punho e ela olhou para trás, fitando o meu rosto vermelho de tanto chorar.

— Eu sinto pena de você, Elisa. — Havia certo divertimento em seus olhos. — De verdade.

Eu estava prestes a abrir a boca e falar alguma coisa quando Marcela entrou toda afobada no banheiro.

— Ai, graças à Deus! — Ela se aproximou. — Eu  e a Ruth estávamos igual loucas atrás de você!

Daniela soltou uma risadinha e disse:

— Ela estava aqui, chorando igual uma garotinha da primeira série.

— Você pode nos dar licença? — Marcela perguntou para ela. — Eu preciso falar com a minha amiga.

Daniela se afastou da pia e antes de sair, disse:

— Boa sorte, Elisa. Não se esqueça de que tudo que vai, volta.

— Que garota estranha — Marcela comentou depois que Daniela saiu do banheiro. — Você está bem? Quer me explicar o que foi aquilo?

Eu neguei com a cabeça e logo as lágrimas começaram a vir à tona novamente.

— Minha vida acabou... — falei, a voz embargada pelo choro. — Eu nunca mais quero ver ninguém...

— Não fala isso, Elisa. Eu também tive um vídeo exposto desse jeito e foi por você, inclusive.

— Mas o meu foi muito pior.

— Mas nem tudo está perdido.

— Você não entende. O Teo nunca mais vai olhar na minha cara! Eu vou ser expulsa e presa! Acabou!

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