Um demônio

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Chegando naquele setor uma linda mulher de cabelos loiros amarrados em um rabo de cavalo os atende, Lilian a olha calada, algo em seu rosto a incomodava.

— Eu preciso que você adiante o implante. — Mateus fala decidido, ele tinha ouvido a conversa mais cedo e estava certo a fazer de tudo para que a garota recebesse o demônio.

— Sobre as ordens de quem senhor?

— Minhas.

Os dois se olham profundamente, Lilian sabia o que estava acontecendo, porém, observando o físico de Mateus chegou à conclusão de que não conseguiria fazer nada contra o mesmo.

— Olha Mateus, eu não sei o que você espera que eu faça, os superiores já não estão felizes com essa sua promoção.

— Clara ela vai conseguir, confia em mim.

— E eu vou ganhar alguma coisa com isso? Não sei... talvez um anel ou algo do tipo? — Enquanto falava ela mexia em seus cabelos constantemente, mas Mateus parecia não mostrar nenhuma afeição.

— O que você quiser.

— Certo! Venha comigo, minha querida. — Com um sorriso enorme ela estica sua mão para a garota que a segura.

Clara a leva para uma porta com um bilhete "entrada permitida somente para pessoas autorizadas", Lilian por algum motivo encara Mateus enquanto adentra a porta e vê-la se fechar, ela sente um vazio imenso, era como se a visão que ela tinha dele fosse o que ela procurava há muito tempo.

Em poucos passos as duas adentram uma sala com aparelhos vitais, uma maca e uma mesinha de alumínio com equipamentos médicos em cima.

— Deite-se aqui, por favor.

A enfermeira se aproximou com um tipo de injeção, o líquido era da cor preta e isso lhe causou um estranhamento, quando finalmente foi injetado a dor se espalhou por todo o seu corpo, mas Lilian sentiu um estranho cansaço, ela queria dormir e ninguém ia a impedir.

Quando acordou o seu corpo não seguia seus comandos, parecia que tudo tinha parado, menos sua cabeça.

— Tem alguém aí?

A falta de uma resposta deixou claro que ela estava totalmente sozinha, o que não se diferenciava da maioria de seus dias, naquele momento se esquecera até mesmo de Mateus, que puxou sua total atenção em poucos segundos.

Quando seus movimentos voltaram, ela teve força o bastante para se sentar na maca mas na hora de descer suas pernas fraquejarem causando um fatídico tombo, Lilian tentou se levantar, porém sua falta de força ficou estampada em seu rosto, até olhar para a porta, lá estava Lívia a observando com a mesma camisola transparente, com os mesmos pingos de sangue, mas dessa vez sua expressão era calma.

Lilian contou os segundos, foram três segundos até Lívia sair, três segundos e Lilian finalmente se levantou junto com um sentimento de dever, ela tinha que ir atrás daquela pessoa, parecia loucura, mas ela precisava, talvez fosse o único jeito de sair viva de lá.

Correndo para fora ela se depara com um enorme corredor e uma bifurcação para a esquerda, nela consegue se ver apenas o rosto de Lívia dobrando o corredor, Lilian anda enquanto olha os arredores, não se lembrava de ter passado por aquele lugar, mas naquele momento estava certo de que tudo seria uma ilusão, um morto não voltaria a vida tão facilmente.

Quando chegou na bifurcação ela se deparou com duas portas, uma dupla no final do corredor e outra na parede esquerda, está em si se encontrava aberta, Lilian decidiu olhar para dentro, verificando assim se Lívia estaria ali, e estava, Thalia estava rasgando sua filha ao meio com a faca que tinha a matado, os órgãos ficavam espalhados ao chão a medida que ela os arrancava de dentro do corpo gélido e imóvel de Lívia, Lilian queria sair correndo dali, e ela tentou, mas assim que se virou seu corpo travou, não importava o quanto ela tentasse se mover, nada parecia funcionar, seu rosto se travou em direção a bifurcação daquele maldito corredor, nada acontecia até se passarem três segundos, as paredes começaram a se descascar mostrando uma parte suja e abandonada, pareciam enferrujadas, um odor de apodrecimento surge e quanto mais atenta ela estava mais ficava claro que alguma coisa se aproximava.

Sua respiração ficou profunda e pesada, naquelas circunstâncias um sentimento horrível invadiu, algo iria acontecer e isso ficou claro quando garras escuras e longas apareceram lentamente na bifurcação do corredor, as batidas aumentavam mais e mais enquanto aquela criatura ficava aparente, ela era alta e corcunda, seus dedos eram enormes juntamente com as garras pretas finas e pontudas, era esquelética com cabelos enormes pretos tampando todo o seu rosto, com fios vermelhos enrolados em seu corpo. "Quando se olha para o poço ele te olha de volta" era isso que Lilian sentia, o demônio olhava o fundo de sua alma e se aproximando rapidamente arranca o seu coração, enquanto a garota se perde nos olhos profundos daquele demônio o restante se torna negro, fazendo com que tudo perdesse o sentido.

O destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora