Capítulo 6

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— Any Gabrielly POV.

Quando acordo Josh já não está no quarto e, por alguns segundos, cogito a ideia de que a noite passada não passou de um sonho, mas então escuto o som de panelas vindo da cozinha, e percebo que não estou sozinha.

Me levanto, visto sua camisa que estava jogada no chão, fechando os botões até o meio de minha barriga, e então saio do quarto, indo em direção a cozinha.

Me encosto contra o batente da porta, observando Josh, que está sem camisa, cozinhando para mim. Ele não demora a perceber a minha presença, e quando me vê sorri para mim.

— Bom dia, dormiu bem? – Ele pergunta, voltando a se virar para o fogão, e eu vou em sua direção, o abraçando por trás e beijando suas costas.

— Mais do que bem, e você? – Devolvo a pergunta, me afastando e indo sentar para observá-lo.

— Dormi bem também. – Ele diz, e então se vira, vindo até mim e colocando minha panqueca no prato a minha frente. Sorrio e ele se abaixa para me beijar, agindo como se fossemos um casal.

E isso me lembra que mal conversamos na noite passada, e que precisamos esclarecer algumas coisas, mas acho melhor falarmos disso depois, não quero estragar o clima bom em que estamos agora.

...

Após passar uma manhã agradável com Josh, chegou a hora de enfrentar meus problemas com o meu pai.

Bato minhas unhas na mesa de metal, me sentindo cada vez mais nervosa, enquanto espero que o tragam para falar comigo. É uma sala praticamente vazia, com apenas uma mesa e duas cadeiras, e há também um segurança parado na porta, que provavelmente sairá quando ele chegar para que consigamos conversar com privacidade.

Meu coração parece parar de bater por alguns segundos quando escuto as chaves abrindo a porta, e então meu pai, vestindo um uniforme laranja e cinza, parecendo totalmente diferente do homem que conheço por ser poderoso.

Olho em seus olhos, procurando algum tipo de arrependimento, ou tristeza, mas não há isso, há apenas raiva, provavelmente raiva de mim pela minha demora para vir até aqui.

Ele se senta a minha frente, colocando as mãos, com os pulsos presos por algemas, encima da mesa, e a força com que ele bate na mesa me assusta, me fazendo soltar um suspiro.

— Deixarei vocês a sós – O carcereiro diz, saindo de nos deixando sozinhos.

Permanecemos em silêncio, nos encarando, e por mais que eu quisesse me mostrar forte, não consigo abrir meus lábios e começar essa conversa.

— Onde você estava? – Meu pai pergunta, sua voz fria e grossa me faz estremecer.

— Não lhe interessa, a única coisa que importa é que agora estou aqui, e agora você tem algumas coisas para esclarecer — Digo, cruzando meus braços e tentando ao máximo não mostrar o quão nervosa estou.

Acho que funciona, pois minha voz não falha, e ele parece se irritar ainda mais.

– Não há nada que eu deva esclarecer a você, viu os jornais, sabe por que estou aqui, e sabe por que te chamei. Quero saber oque vai fazer com os meus negócios – Ele diz, e eu não consigo evitar soltar uma risada irônica.

— Seus negócios? No momento em que você foi preso todas as suas ações foram passadas para mim, são meus negócios, e saiba que toda é qualquer decisão será tomada apenas quando eu souber quem é minha irmã e se ela concorda com isso – Digo, e ele bate sua mão na mesa novamente, me fazendo pular na cadeira.

— Melanie é uma idiota burra, ela nunca saberia administrar a empresa, mas você consegue, e você vai. sei que não vai deixar tudo aquilo acabar – Ele diz, deixando escapar seu nome.

— Melanie... eu conheço uma Melanie – Digo, forçando minha mente para se lembrar. — Você está dizendo que a Melanie, filha da minha antiga babá, aquela que era um ano mais nova do que eu, é minha irmã? — Pergunto, de repente me sentindo sem ar.

...

Saio do presídio me sentindo ainda mais perdida do que quando entrei nele.

Fui criada, até os 12 anos, perto de Melanie. Como sua mãe passava horas na minha casa, ela ficava lá, nós brincávamos, até que, do nada, meu pai decidiu mudar minha babá e eu nunca mais a vi, acho que, nessa época, sua mãe deve ter cobrado os direitos de sua filha e ele encontrou uma forma de afastá-la.

Quando chego ao meu apartamento, vou direto para meu quarto, e me assunto quando encontro Josh deitado em minha cama, estou com tanta coisa na cabeça que acabei esquecendo que, de manhã, insisti para que ele ficasse aqui e não fosse para um hotel.

— Oi, como foi lá? — Ele pergunta, desligando seu celular e se virando para mim. Chuto meus saltos para longe, de baixo da cama, e então me deito ao seu lado, deitando minha cabeça em seu ombro e suspirando, enquanto fecho meus olhos e deixo seu cheiro me acalmar.

— Nada bem – Me limito a essas palavras, e ele não pergunta mais nada, apenas me abraça e beija o topo de minha cabeça, suspirando e me confortando.

Josh me conhece a anos, ele sabe que quando algo me afeta, prefiro ficar em silêncio, e só consigo falar sobre mais tarde, quando já estou melhor.

— Quando quiser conversar, estarei aqui.


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