capitulo 01

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Mais um dia se passava na pacata cidade de Itaguaí, Denise Evarista se via mais uma vez encurralada com a ideia de um "hospital psiquiatrico" na cidade, ela sabia que não se passara de um experimento para os anseios egoístas de Simão Bacamarte, um 'mediquinho' sem nenhuma noção da realidade.

Claro, que toda a cidade achava a ideia um absurdo sem igual, mas a insistência e a perseverança do Simão o fez conquistar tudo o que queria mais uma vez, para variar né?

Porém, mais uma vez as pessoas cederam aos impulsos egoístas dele. Caso não tenha ficado claro, não sou sua maior fã, pois o sujeitinho teve a audácia de me dizer que não sou tão bela e nem tão simpática! Como ele ousa falar isso de mim! Uma mulher fantástica, mas isso é história pra' outra hora.

Não posso negar que tentei impedir essa loucura, tentei persuadir-lo para irmos a uma viajem ao Rio de janeiro, mas quem disse que ele me deu ouvidos? Tirei os olhos dele por cinco segundos e já estava grudado na câmara falando com os vereadores e tentado convence-los de seu experimento desatinado.

Além de todas essas baboseiras, o incansável do meu marido conseguiu colocar o seu hospício na melhor rua de Itaguaí, a famigerada rua Nova, o edifício tinha 50 janelas por lado, o que sinceramente eu acho um exagero, um pátio no centro, e numerosos cubículos para os "hóspedes".

E como se fosse pouco toda essa palhaçada, a igreja fez questão de dá sua contribuição, dizendo que os desequilibrados que ali iriam ficar teriam qualquer tipo de condição para adorações.

Ao asilo se deu o nome Casa Verde, por alusão a cor das inúmeras e desnecessárias janelas que lembravam a cor. Foi tudo inaugurado com muita pompa; as vilas e povoações próximas, e até remotas, e do próprio Rio de Janeiro, vieram para assistir a cerimônia, que desnecessariamente durou sete dias.

Muitos lunáticos ja estavam recolhidos; e os parentes tiveram ocasião de ver o carinho paternal e a caridade cristã com que eles iriam ser tratados.

Já Denise, que mesmo desgostando da ideia aceitou de bom grado toda a riqueza que partiu de lá, vestia-se luxuosamente, cobria-se de joias, flores e sedas. Ela se via como uma rainha, poderosa e soberana sob sua riqueza; ninguém deixou de visita-la duas ou três vezes, sentia-se uma celebridade invejada, o que, sejamos sinceros, ela era.

E assim se acabou os dias de festas públicas, e Itaguaí ganhou uma casa de orates.

continua

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