Capítulo 2 - Sob o mesmo teto

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A noite não foi nada fácil para Wei. Estar entre os lençóis de Lan Zhan sentindo seu cheiro não ajudou muito. Menos ainda sentir aquela dor pelo seu corpo, pois era o lembrete vivo da loucura que foi aquela noite.

Que homem era aquele? Nunca, teve alguém parecido! Literalmente, o virou do avesso. Aquelas mãos pareciam brasas percorrendo seu corpo. Lan Zhan deixou claro que não passou de uma transa insignificante, ele precisava parar de pensar naquilo. Virou-se pela milésima vez na cama tentando se convencer que esqueceria tudo. Estava grato, era só isso.

No sofá deitado de costas olhando para o teto Lan Zhan não diferia. Perguntava-se como o pequeno Wei podia ser tão diferente de tudo o que já experimentara. Ele era deliciosamente delicado, mas em simultâneo, tinha uma força, uma intensidade que ele jamais encontrara em outro parceiro.

Os motivos que levaram Wei até sua cama ele jamais aceitaria. Era fato que deveria ter ficado afastado daquele garoto. Suspirou pesadamente, pensando que logo ele o tiraria de sua cabeça. Novidade! Era isso o que lhe faltava, precisava conhecer pessoas novas. Cansado e mais calmo com seu errôneo raciocínio, adormeceu.

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Durante o café da manhã, Wei criava coragem para puxar assunto. Queria deixar bem claro que não era ingrato.

"Quero te agradecer, o que você está fazendo por mim jamais vou esquecer!"

"Não agradeça, não é necessário. O fato de você ficar algum tempo aqui não vai mudar minha rotina. Vou continuar trazendo quem eu bem entender para minha casa, só peço que fique em seu devido lugar e não me atrapalhe."

Wei murchou na cadeira. Se ainda tinha alguma ilusão em relação aquele homem acabou naquele momento. Afinal era o que ele queria, distância.

"Prometo não atrapalhar! Por favor, deixe-me ajudar com a casa. Posso preparar as refeições, sou um bom cozinheiro!"

"Tudo bem! Se você quiser, não vou me opor."

Wei agradeceu com um lindo sorriso, deixando o maior desnorteado com aquilo. Os acontecimentos da noite passada ainda estavam muito aflorados em sua memória. Tentando disfarçar o quanto ele mexia com sua cabeça, continuou comendo sua torrada.

"Pela manhã você pode ir comigo, mas a noite terá que voltar de ônibus, pois fico sempre até mais tarde na loja."

"Volto caminhando, não se preocupe!"

"Sei que você não tem dinheiro para a passagem, mas hoje as coisas vão mudar.

"Eu não quero seu dinheiro!"

"Nem eu vou te dar!" Lan Zhan foi direto. "Mas mudando de assunto, porque você reagiu daquela maneira, pensando que eu fosse lhe bater?"

Normalmente Lan Zhan não perguntaria nada assim, mas Wei o deixava fora de si.

"Sei o quanto dói levar uma surra de alguém bem maior!" Wei respondeu de cabeça baixa.

"Quem fez isso?" Lan Zhan teve impressão que sua boca, ganhara vontade própria.

"Meu pai sempre me bateu, mas a pior surra foi no dia que ele me expulsou de casa ao descobrir que eu era gay!" Wei fala com voz baixa e melancólica.

"Desculpe perguntar algo tão íntimo. Isso não me diz respeito!"  Respondeu retraído sentindo dó do garoto.

O restante do café foi no mais completo silêncio.

Wei levantou-se recolhendo a louça. O maior notou a careta que ele fazia enquanto andava até a pia de uma forma estranha.

Na escuridão dos teus olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora