Olá olá gente, como cês tão? Eu espero que bem.
Antes de vocês embarcarem nessa história, eu queria só dizer umas coisinhas:
Eu não achei indícios do sobrenome da Emily em nenhum lugar, então resolvi usar o Carter da sua dubladora original, que é a Helena Boham Carter.
A história se passa antes de toda a tragédia que aconteceu na vida da Emily, então ela ainda está viva ok?
E é isso, espero que vocês gostem. Boa leitura sz——
O mercado cheirava a peixe, nem mesmo os legumes frescos do fazendeiro conseguiam ocultar um pouco daquele odor forte. A peixaria dos Van Dort estava funcionando a todo vapor nos últimos dias, talvez o aumento do preço das carnes vermelhas tenha obrigado a população do vilarejo a consumir outro tipo de nutrientes. E aquela lojinha de peixes velha finalmente havia chamado a atenção de todos.
Emily admirava o velho casal por terem conseguido sair da sarjeta e chegarem a classe alta, mas sabia que nem todos tinham esse mesmo pensamento. Seu amado Lorde Barks Bittern era um deles.
— Desde que os negócios daquela família desajustada prosperaram, todas as ruas ganharam esse cheiro nojento. — dizia o velho homem com um tom superior e para todos que quisessem ouvir.
— Não diga isso, querido! Eles são pessoas boas. — a jovem era ingênua de acreditar que seu amado era apenas uma pessoa que se preocupava com o bem estar de todos, e aquele cheiro era realmente incômodo às vezes, mas não era tão ruim como todos diziam.
Os olhos de Bittern sempre reviravam quando sua noiva dizia algo gentil. Se perguntava como alguém podia ser tão estúpida daquele jeito, mas não podia chamar sua atenção, e nem tinha um porque para isso, visto que em algumas semanas ela já estaria morta.
— Certo, querida! Eu vou tentar ser mais gentil, está bem? — nem mesmo o sorriso com covinhas a mostra era capaz de fazer aquele homem repensar suas decisões. Emily só fazia parte do plano, o maior feito da sua vida era ter nascido em uma família rica, mas ela ainda não sabia que também era seu maior azar.
O casal caminhou por mais algum tempo, até que a jovem senhorita lembrasse que precisava voltar para casa cedo. Não sabia porque seus pais não confiavam em seu noivo, ele era um homem íntegro e bondoso (nem ela mesmo acreditava nessa última parte, mas um coração apaixonado é tolo e inocente).
— Eu mal vejo a hora em que finalmente estaremos morando juntos. — sorriu para Lorde Barks quando chegaram em frente a sua casa, sabia que era a última vez que o veria naquela semana, já que ele avisou-a que precisaria viajar pelos próximos dias, para avisar os familiares sobre o casamento.
— Logo mais este desejo será realizado, querida! — acariciou as bochechas rosadas com as costas da mão, se perguntava se Emily ainda seria bonita com a morte lhe dominando. — Até mais, meu amor.
A moça queria ter dito algo, mas quando se dera conta o amado já estava lhe dando as costas e caminhando pela rua solitária. Deveria entrar, não queria que seus pais saíssem de dentro da mansão gritando aos quatro cantos do mundo o seu nome.
Ao avistar o salão de entrada vazio, acreditou que a sorte estava ao seu favor. Não teria que ouvir os sermões de seu pai, ou as lamentações da sua mãe, mas como sempre estava enganada. Quando pisou no primeiro degrau da escada, escutou a voz séria de Oliver Carter.
— Emily Carter, onde você estava? — respirou fundo antes de encarar seu progenitor, conhecia muito bem aquele tom de voz, e sabia que ele estava com raiva e desapontado.
— Eu fui dar uma volta, papai — tentou manter o timbre da fala de maneira casual, mas era péssima em mentir. — O dia estava adorável hoje. — outra péssima mentira em menos de um minuto. O dia estava horroroso como sempre, úmido e quente, com nuvens cinzas indecisas que não sabiam se deixavam a água cair naquela cidade sem cor.
— Emily, eu não sou ingênuo! Você acha que eu não sei que saiu novamente com Lorde Barks Bittern? — os olhos castanhos lhe encaravam com desaprovação, e como todas a vezes que seu pai lhe olhava daquele jeito, seu coração doía, mas o que poderia fazer? Ela amava aquele Lorde mais do que ela mesma.
— Papai, o senhor sabe que eu o amo... — Oliver conhecia perfeitamente aquele monólogo da filha, não aguenta mais ouvi-lo, se sentia enojado e culpado pela situação. O que tinha errado na criação da menina para chegar naquele ponto? Dela o desobedecer e não acreditar que ele e sua mulher querem o melhor para ela.
— BASTA, EMILY! — o grito do homem a assustou, ele nunca gritava com ela, ele nunca a tratou daquele jeito. — Você não sabe o que é esse amor, menina! Filha, você tem 19 anos, você é ingênua e não sabe como a vida pode ser cruel, como as pessoas podem ser cruéis, você ainda mal viu o mundo, querida...
— Eu vou para o meu quarto — não queria continuar ali, não queria olhar nos olhos da pessoa que vivia lhe falando de amor, mas que não aceitava que sua filha estava apaixonada. Qual era o problema dela amar Lorde Barks? Era um sentimento puro e genuíno, seu pai tinha que entender, ele mesmo vivia falando sobre como se apaixonou pela sua mãe quando a viu pela primeira vez.
— Eu só quero o seu bem, querida! Um dia você vai entender.
— Pois eu não acredito nisso... — subiu as escadas correndo com certa dificuldade, o vestido estava pesado e o espartilho apertando-a ao ponto de quase perder o fôlego.
Ao adentrar o quarto finalmente sentiu-se livre, ali era seu refúgio e seu lugar mais íntimo.
Sentia uma vontade dilacerante de rasgar aquele amontoado de panos, seus olhos se encheram de lágrimas de alegria quando finalmente conseguirá se livrar da roupa. O espartilho estava espremendo suas costelas, queria ter mais paciência para se livrar dele ou chamar uma das empregadas para lhe ajudar, mas não queria ser vista por ninguém naquele momento, então simplesmente agarrou a tesoura que estava em cima de sua penteadeira e cortou aquela peça que lhe fazia mal todos os dias.
Finalmente conseguia respirar, porém doeu ao sentir o ar em seus pulmões, a dor que estava tentando conter a semanas tomou conta de si.
— Por que eu simplesmente não posso ser feliz? — perguntou aos céus ou a qualquer coisa que pudesse lhe responder. Sua visão já estava embaçada por conta das lágrimas, seu corpo doía de tal forma como se tivesse sido ferido fisicamente, suas mãos agarravam com força seus longos cabelos negros em sua raiz, podia sentir suas unhas a perfurarem um pouquinho, mas nada se comparava ao seu coração que estava destroçado, queria que seu pai a apoiasse, ela o amava e o admirava tanto que lhe matava não ter sua aprovação. Mas mesmo que isso a matasse, ela estava disposta a se casar com Lorde Barks Bittern.
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Luz do Luar
FanfictionVictor queria poder dizer que não estava obcecado pela beleza daquela moça, mas não tinha razão para mentir. Ela era fascinante, tudo nela chamava sua atenção. A maneira que sorria para todos, sua pele branca (quase transparente) em contraste com a...