𝑑𝑎𝑛𝑔𝑒𝑟𝑜𝑢𝑠 𝑔𝑖𝑟𝑙- Vinnie Hacker

03

Estava na biblioteca da minha casa, lá era o maior local dentro da mansão da nossa família, antigamente ali era um ateliê de arte da minha vó, mas como meu pai era apaixonado por leitura ele transformou em uma biblioteca.

Lá era como um lugar de paz para mim, amava o cheiro que o ambiente exalava, me lembrava alguns momentos com ele.

Lembro que ele sempre passava horas trabalhando, muitas vezes até de madrugada e eu como adorava a compainha dele dormia ali ao seu lado em um sofá que havia no meio da biblioteca.

Fiquei ali por um tempo lembrando da minha infância e adolescência, que por sinal foram ótimas. Me lembro do primeiro dia que meu pai começou a me ensinar a atirar, com certeza teria sido o melhor dia da minha vida se eu não tivesse atirado de raspão na perna de um dos meus seguranças, mas fora isso foi tudo ótimo, inclusive Henry é um dos meus seguranças até hoje.

Flashback on

- Bom dia papai.- Disse entrando as pressas na sala de jantar.- Hoje você vai me levar no stand de tiros?

- Bom dia minha querida, sim meu bem.- Citou deixando um selar no topo de minha cabeça.- Está realmente animada, né meu bem?

- Lógico, esperei minha vida inteira para chegar o dia de aprender a atirar com o melhor.

- Está puxando meu saco Senhorita Scarlet?- Com um enorme sorriso no rosto se levantou da mesa.- Você não vai treinar com um Rifle, meu bem.

- Poxa pai, queria tentar pelo menos uma vez, por favor...- Fiz um bico triste e o lancei um olhar de cachorro sem dono.

- Não Scarlet... Não mesmo, nem tente.

- Você não me ama mais!

Flashback off

Por eu ser filha única e a queridinha do papai, sempre tive tudo que queria, tudo mesmo, quando fiz 18 anos ele me presenteou com uma Ferrari e uma boate no centro de Los Angeles que eu carinhosamente coloquei o nome de Avelon. Mas mesmo eu sendo sua queridinha ele nunca deixou eu atirar com um Rifle, o que era uma das minhas grandes vontades. Até hoje não entendia o por quê de ele odiar tanto Rifles, eu queria atirar apenas uma vez.

Minha adolescência também não foi nada mal, acho que as pessoas de lá tinham um pouco de medo de mim, não julgo, e a maioria deles se aproximava por esse mesmo medo. O que de tão ruim eu poderia fazer com eles? Sim eu era filha de um chefe de gangue, mas assim como eles eu era uma adolescente... É, uma adolescente que sabia artes marciais e andava com uma arma. Eles tinham razão.

Conheci Avani no colégio, mesmo que sua mãe fizesse parte da gangue, antes de estudarmos juntas não eramos nem um pouco próximas. Do ensino médio em diante eu e ela não nos desgrudavamos, assim como unha e carne. Ela é a melhor, estava do meu lado para tudo. Assim como Bryce.

Falando do imbecil, eu e ele fomos criados juntos, os pais dele eram muito próximos dos meus. Sua mãe, um amor de pessoa, toda vez que vinha em minha casa trazia alguma coisa para mim, desde doces até joias valiosas, eu amava. Já seu pai, não confiava muito nele, como meu pai dizia "nos Beaufort só são pegos pela polícia quem é idiota." e acredite, o Senhor Hall foi pego pelo menos umas 4 vezes em assaltos a bancos e joalherias, um animal.

A família Hacker era sensacional, tirando o idiota do Vincent, lógico.
Maria, mãe de Vinnie era uma ótima mulher, nunca vi uma pessoa mais doce que a Senhora Hacker, as vezes dava vontade de colocar em um pote. Já o Senhor Hacker tinha o coração maior que o próprio corpo, era ele que cuidava das questões sociais da nossa gangue, sempre tinha projetos novos para ajudar crianças e pessoas em situação de rua. Um grande homem.
Não sei como dois anjos conseguiram criar um cara tão babaca como Vincent.

Assim como Avani, estudei o ensino médio inteiro com Vincent, um tanto torturante. Ele era o tipo do cara padrão, jogava basebol e sempre estava rodeado de meninas loiras e comuns. Aquilo me dava nojo, meninas correndo atrás de um garoto irrelevante que não dava bola pra elas.
Por um curto tempo eu fui um pouco apaixonada por ele, nada mais que uma paixão idiota de adolescente.

Nessa época, mesmo gostando dele nunca dei muita bola, mas ele... ele se empenhava em me tirar do sério. Toda vez que passava por alguma sala que soubesse que eu estaria dentro o garoto gritava meu nome e sempre fazia eu ser expulsa da aula por "perturbação". Teve um jogo de besebol que o idiota juntou um compilado de fotos minhas e fez uma edição com música e tudo mais, ridículo, e durante a pausa do jogo colocou aquela edição para todos verem, o que ele estava pensando? Aquilo foi estremamente vergonhoso pra mim, eu sou bonita, mas não precisava né.

Depois daquilo, fui perdendo totalmente o encanto por aquele idiota, por mais que ele fosse bonito, só queria chamar atenção. Ele me irritava profundamente.