Sangue Profano: A história de um deus

Arco I - Planejamento Estratégico de marketing Cap. I - Reconhecendo o Terreno

Ele sentiu uma corrente de vento fria e úmida percorrer seu corpo "acho que esqueci a janela aberta " pensou, mas estava tão cansado e com o efeito do álcool não tinha forças para abrir os olhos e continuou a dormir. Esperando que  em algum momento alguém fecharia, afinal sempre havia alguém disposto a cumprir as trivialidades de sua vida, ele não precisava se preocupar com esse tipo de coisa. Até que sentiu o chão a baixo de seu corpo pinicar seu rosto. Sentiu a umidade e o frio que o abraçava cada vez mais atravessando o tecido de sua roupa, nesse momento só queria que de alguém entrasse na sala e jogasse uma manta quente sobre seu corpo frio, mas isso não aconteceu .

O frio estava o incomodando absurdamente. Um tempo passou e de repente Chen Qiao começou a sentir gotas molhando seu rosto, de forma instintiva colocou suas mãos esguias em sua cabeça tentando não ser atingido pelas gotas frias, porém a força e a quantidade que caia foi aumentando de forma crescente. Apesar de suas pálpebras pesadas se forçou a abri-las. Quando olhou a cena diante de seus olhos ficou completamente atordoado.

Levantou-se do gramado molhado em que estava deitado e se sentou. A sua frente pode ver algumas árvores que ele não conseguia identificar quais eram ao certo, nenhuma havia flor, algumas possuíam poucas folhas amareladas e muitos galhos vazios, outras por sua vez nem folhas tinham. Havia muitas casas, provavelmente ele estava em alguma cidade de interior. As casa de madeira eram muito simples, nada que chamasse sua atenção. A rua estava completamente escura, mas pode observar que não havia asfalto no chão, nem carros e nem postes com luz, nem prédios gigantes, nada do que estava acostumado. Mesmo que fosse uma cidade de interior deveria ter pelo menos um ponto de ônibus! Ou uma estação de trem. Quanto mais olhava, sua mente tornava-se um caos.

Suas roupas começaram a ficar ensopadas, mostrando levemente o contorno de seu corpo, seu cabelo negro colava com água em seu belo e pálido rosto quadrado. Com sua visão ainda meio embaçada e confusa começou a olhar ao redor. Só havia ele parado nessa rua mal iluminada e deserta. A iluminação não era feita por postes de luz, mas por lanternas de papel que iam se apagando conforme a chuva de vento espessa se propagava.

Ao longe das casas, dos comércios e das barraquinhas de comida fechadas ficava localizada uma majestosa e imponente montanha coberta pela neve, comparando a cidadezinha era uma pequena formiga nas patas de um lobo.

Chen Qiao não sabia onde estava apesar de parecer que esse local não era tão estranho assim. Talvez devesse ter visto em algum lugar da internet. Estava confuso e tonto com essa situação inesperada, ele se levantou as pressas do chão e caminhou até a uma lanterna a baixo do telhado de uma casa, e agarrou-se a ela, essa era agora a única fonte de luminosidade restante em meio à escuridão. Não sabia o que fazer, não sabia se era um sonho ou se tudo isso era real. Enfiou as mãos nos bolsos de trás de sua calça para procurar seu celular. Ele o encontrou, mas estava sem bateria. Não sabia mais o que fazer, vislumbrando seu único fio de esperança se partir, pois agora não conseguiria ligar para alguém, nem usar um GPS .. Ele realmente estava perdido.

Na tentativa de sair desse sonho, resolveu por a mão no fogo da lanterna, talvez com a dor ele pudesse finalmente acordar. Então, puxou suas mangas para cima e enfiou a palma da mão dentro da luz de fogo. Sentiu sua mão aquecer e o cheiro da carne queimando entrando por suas narinas. A dor lancinante invadiu seu corpo, ele ia retirar sua mão de imediato, contudo não queria acreditar que isso fosse real. Obrigou-se a deixar sua mão por mais um tempo. Sem aguentar mais a dor retirou-a rapidamente de dentro da lanterna e pode ver o sangue junto à carne queimada no meio de sua mão. Olhando para a ferida sua ficha caiu.. Não era um sonho.

Mas como tinha ido parar lá? Se isso não é um sono só deve haver uma explicação - "Será que fui sequestrado?" – ele pensou. Faria sentido, porque ele havia acabado de dormir no chão de sua casa, e agora estava parado sob o telhado da casa de alguém, com uma lanterna roubada. "Ah! Será que colocaram um "boa noite cinderela" no meu vinho? Talvez algum funcionário descontente comigo.. Quem será que o comprou aquela garrafa? ...Ah! Fui eu.. Esquece. "