1 | Cinco nomes.

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| Atenção: Este capítulo contém violência, sangue e citação a sexo |

Ele fechou um dos olhos ajeitando a mira e não percebeu quando a pontinha de sua língua apareceu entre os lábios, bem concentrado. Soltou o ar de seus pulmões e deixou que o taco, que estava apoiado sobre seu polegar e indicador, deslizasse com elegância, acertando a bola branca com a força certa, capaz de encaçapar três de suas bolas. Ele sorriu grande, orgulhoso de seu trabalho e descobriu que seus adversários não estavam tão felizes quanto ele, ainda assim manteve a covinha na bochecha direita e o nariz empinado.

"Está roubando, seu patife!" - Disse um velho gordo, de voz rouca, mas o jovem acreditava que era por conta dos inúmeros cigarros que visitaram sua boca durante a vida, causando o comprometimento de sua saúde vocal.

"Receio que não, senhor." - Ele respondeu, sem nunca tirar o sorriso ladino. - "Nunca joguei tão limpo na minha vida."

Mas era óbvio que seus lábios esticados em um sorriso presunçoso não faria com que suas palavras, certamente nada honestas, convencessem os homens daquele bar. E percebendo o placar das últimas dezesseis rodadas, o rapaz coçou a sobrancelha, reprimindo o riso. Era engraçado como aqueles velhos eram tão burros.

"Seu maldito!" - Um magricela rosnou, com um palito entredentes.

"Por favor, senhores, isto se chama técnica. Não há roubo algum." - Ele insistiu. - "Preciso que honrem com suas palavras e..."

"Darren!" - Um homem que parecia não passar dos quarenta anos berrou, chamando por outro alguém, que se revelou ao sair dos fundos do bar. O cacheado suspirou, desfazendo seu sorriso.

"O que houve, papai?" - O brutamontes disse. O jovem ergueu a cabeça alguns centímetros para encarar o outro, de porte exageradamente musculoso.

"Esse safado está roubando!" - O pai dedurou e Darren olhou para o cacheado, que crispou os lábios, dando alguns passos para trás ao notar a aproximação do maior. Darren agarrou seu colarinho, aproximando ainda mais seus rostos.

"Meu pai disse que está roubando. Você está roubando?"

"É claro que não, Darry."

"Está dizendo que meu pai é um mentiroso?" - Darren rosnou, puxando mais o colarinho.

"Se eu confirmar, vai me bater. Se eu negar, vamos entrar em um paradoxo e isso vai te irritar até me bater. Não quer ir direto para os finalmentes?"

Como pedido, o filho do dono do bar, ergueu o punho sem pensar muito e desferiu-lhe um soco nos lábios, o desequilibrando até estar no chão, desnorteado. O público que assistia suspirou, impressionados e então abriram espaço para que a briga continuasse. O rapaz se levantou, rindo, enquanto limpava o pouco sangue que lhe escorria dos lábios.

"Woosh! Que fraco. Esperava mais de você, Darryzinho." - Ele sugou o próprio lábio, sentindo o gosto metálico do sangue em sua língua e meneou a cabeça para o lado, flexionando os joelhos e pondo as mãos em punho. - "Vamos fazer isso direito, amor."

Como um touro desenfreado, Darren avançou, já com o punho erguido como da última vez, mas o rapaz foi mais rápido e se abaixou, desviando de seu ataque, vendo-o se chocar contra uma pilastra. O maior se virou furioso e correu até o cacheado, o atingindo pelo meio e o empurrando até uma parede, fazendo-o arfar, perdendo o fôlego, tendo o rosto acertado ao menos três vezes. Ele cuspiu sangue na face do maior, que se obrigou a fechar os olhos e o perdeu de vista, não percebendo quando teve as bolas acertadas, caindo ajoelhado.

"Só um momento, preciso contar quanto vocês me devem."

O cacheado olhou o pequeno quadro verde, notando seu nome acompanhado por catorze risquinhos. Como cada rodada estava valendo duas cervejas ou cinquenta libras, por direito, ele tinha vinte e oito cervejas gratuitas em sua conta, ou simplesmente, setecentas libras. Tudo bem que ele deveria deixar a cobrança para mais tarde, já que Darren corria em sua direção, portando uma cadeira de metal em suas mãos e ele não teve tempo o suficiente para escapar. Suas costas foram atingidas e ele caiu. Darren não deixou que o jovem se recuperasse e o ergueu nos braços, lançando-o contra o chão mais uma vez.

Lost days || L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora