Capítulo 1: Why not?

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Eu não aguentava mais, era pressão demais na minha cabeça, você tem que ser perfeita, você tem que fazer isso, fazer aquilo, vivia em uma constante vida de Elsa do Frozen, trancada em um castelo frio e sendo cobrada perfeição, eu não era perfeita, fugia disso, e não queria mais viver assim, cobranças demais, esperanças demais, desânimo demais, e o melhor de tudo falta de felicidade, em grande parte o Bulling ajudou na minha decisão de estar encima dessa ponte, olho os carros passando lá embaixo, a avenida era movimentada, questão de viver no centro de São Paulo. Não tinha ninguém perto, era engraçado, considerando a criminalidade. Respiro fundo e me preparo para pular, mas uma risada me interrompeu, olhei pro lado. Pro garoto encostado na ponte. Tinha minha idade, imagino que uns 19 anos. Ele sorri. Tinha olhos escuros, pele extremamente clara, e labio meio palido, mas os olhos me chamaram atenção, negros, negros demais. E tinha uma tatuagem no braço, não identifiquei de início. Me afasto.

-Se você se aproximar eu pulo. -Estava sendo sensata, vim para pular mesmo.

-É exatamente disso que to rindo. Não basta se livrar da sua vida? Vai pular, causar um acidente, provavelmente pais que acabaram de sair do trabalho, filhos vão ficar órfãos....É, mas você com toda certeza morre. -Ele sorri de lado. Eu me senti mal com o comentário. -Se quiser realmente se matar, pula no rio, mais fácil.

-Não vai tentar me impedir?

-E cortar o vitimismo? Não, estou curioso.

-VITIMISMO?!!, Você nem me conhece, não sabe o que eu to passando, não se atreva a achar isso.

-Me atrevo, porque se você se matar...bem, ai é o vitimismo de eu não poder te conhecer melhor, vai ser só uma garota que se suicidou, um número nas estatísticas. Alguém que vai desfazer mais uma família.

-Eles não se importam, meus pais, não me entendem.

-Amigos?

-Nenhum.

-Pet?

-Pior ainda. -Ele ri quando acabo a frase.

-Então é a vítima da história? -Ele sorri.

-EU NÃO SOU A....-Eu escorreguei, não tinha como ter escorregado, mas grudei no braço da ponte. Ele só ficou olhando.-ME AJUDA!

-Não, você que queria se matar, tá vendo a vida nos seus olhos? Tipo, sempre falam que veem a vida inteira passar....-Ele suspira e se encosta perto.

-Não, por favor me ajuda. -Eu estava pendurada, e não ia aguentar muito.

-Você é corajosa sabia? Tem religião? Não dizem algo bom de quem se mata. Sinceramente? Almas atormentadas que vagam eternamente. Mesmo que não tenha, é corajosa, partindo pro desconhecido assim.....

-Eu não quero morrer. -Chorar, eu comecei a chorar, ele ri. E se aproxima.

-Não ouvi.

-Eu não quero morrer, me ajuda por favor.

-Bom, é um grande passo, mas não vou te ajudar. Tem coisas que temos que fazer sozinhos. -Ele se afasta. Tento subir de novo na ponte, nada, queria chorar, minha vontade era largar.

E eu larguei, pra minha surpresa ele me segurou e puxo, não parecia ser forte. Eu estava ofegante agora, apavorada. Coração a 1001. Respiro fundo e me levanto.

-Por quê? Por que me ajudou?-Estava curiosa.

-Não era sua hora, ainda. Não achei justo morrer assim. E como disse ia levar várias pessoas junto. -Ele estava sério, pela primeira vez.

-Illa. -Estendo a mão pra ele que ignora, ok, fiquei no vacuo, arrumo o cabelo com a mão.

-Tanatus. -Mas ele não relou na minha mão. Estendeu, cumprimentou nada.

Nas Asas Da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora