PRÓLOGO: AS GUERRAS DRACÔNICAS

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No início, Tartarus – o abismo escuro – brincava sozinho no caos. A solidão o fazia frio e triste.

Então surgiu Gaia, a encantadora mãe terra, em repouso com toda sua beleza. Seu íntimo era muito fértil, mas a escuridão ao redor lhe impunha uma hibernação eterna.

Tartarus se sentiu ainda mais triste, pois sabia que sua existência a fazia adormecer e, para protegê-la, se afastou fazendo surgir Uranus ao redor da terra, o céu.

Desperta, a terra se entregou ao céu e dessa união de amor nasceu Hyperion, a luz flamejante que se espalhou por todo o caos.

O brilho ardente aqueceu Gaia a ponto de fazê-la derramar lavas e vapores por muitas eras. Então surgiu Pontus, o mar que banhou a terra em toda a sua vastidão, evaporando ao céu e retornando a Gaia infinitas vezes.

Embebido de inveja do amor entre a terra e o céu, Tartarus penetrou as profundezas abissais de Gaia e a violentou. Desse ato brutal, surgiu Typhon – a serpente das trevas criada do ódio e da violência.

Absorvendo a magia da vida dos próprios pais, a serpente emergiu das profundezas aos céus, onde matou Uranus.

Percebendo que Typhon era má, Hyperion e Pontus uniram forças e enfrentaram a serpente, vencendo a fera terrível.

Ao ser derrotado, Typhon implorou por sua vida e foi encarcerada no abismo sob a vigília de Pontus.

Hyperion vagueou os céus e, ao encontrar fragmentos do corpo sem vida de seu pai, lhe doou sua luz sagrada gerando Hélios, o sol. Então Hyperion tomou a forma de um dragão flamejante e repousou nas lavas do maior vulcão do mundo, o Vesúvio.

Pontus doou sua pureza a terra para fazer a vida florescer como era o desejo de sua mãe. Sob a forma de um dragão marinho, ele mergulhou para as águas profundas, permanecendo nas portas do abismo onde vigiava Typhon atentamente.

Sob as águas que recobriam a terra, a vida então surgiu. Primeiro as algas, os répteis marinhos e os peixes povoaram os mares com rápida reprodução. Depois vieram os anfíbios experimentando a vida fora da água.

As árvores revestiam toda a superfície acima do mar enquanto imensos répteis e mamíferos surgiam; as majestosas aves e os insetos dançavam no céu e havia muita vida no subsolo.

Tudo na terra era fértil e a vida se reproduzia, mas o desejo de Gaia ainda não havia sido completamente realizado. Pontus sabia que a mãe desejava dar vida à criatura mais perfeita de toda: o ser capaz de amar e entender os desígnios dos deuses.

O homem e a mulher – os filhos dos deuses – estavam guardados no mais profundo íntimo da mãe terra. Hyperion deu vida ao homem negro com o coríndon, tornando-o belo e quente como a brasa.

Pontus deu vida à mulher branca com o berilo que a fez perfeita e calma. O coríndon e o berilo eram cristais incolores retirados do coração dos deuses, a fonte do poder divino.

Partilhando sua essência, um pacto entre os deuses e a humanidade foi selado desde o nascimento até o fim dos dias.

Por muito tempo, a humanidade se reproduziu e dominou a terra misturando cores e pedras divinas.

A maior parte da raça humana adorava o fogo e preferia lugares quentes rendendo adorações a Hyperion e a Helios.

Esse grupo formou o Reino de Coríndon governado pelo arauto escolhido diretamente pelo dragão de fogo: a Dama Negra de Paus.

Outra parte da raça humana se encantava com a água, permanecendo junto aos mares e lagoas da terra e rendendo adorações a Pontus. Surgiu então o Reino de Berília governado pelo arauto do dragão das águas: o Rei Branco de Copas.

LIVRO III - ELDORADO : O Príncipe e Pardo os Reinos Perdidos (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora