Start the game

50 6 27
                                    

Seja bem-vindo, meu caro. 


— Cheshire, seu desgraçado!

Armin levantou-se dos ladrilhos sujos, olhando áspero para o felino em sua frente. Com sua visão periférica identificou a floresta repleta de cogumelos gigantes, árvores altas e esverdeadas, com os pássaros de diversos tamanhos planando sobre o céu sempre limpo e azulado. Olhou para trás, o resto de tijolos indicavam que aquele piso, que seguia um breve caminho até o chão de terra, pertencia a algo que poderia ter sido chamado casa.

— Não me surpreende você estar envolvido com isso tudo — Armin disse, colocando a mão na cintura e fixando seus olhos com o do animal. — Qual o sentido de me chamar para esse lugar, novamente?

— Quero lhe ajudar — O sorriso aterrorizante e amarelado de Cheshire permaneceu, mesmo enquanto sua boca se movia. — Todos nós queremos, mas isso terá um preço...

— Não vim para lutar! — Armin praguejou, já sabendo qual rumo aquela conversa tomaria.

— Uma pena, assim não encontrará o que procura — disse o animal, colocando-se sobre suas quatro patas e andando para o começo da trilha para a floresta. — De qualquer maneira, uma hora irá mudar sua opinião, meu caro. 

O corpo do felino sumiu, junto ao seu sorriso, em uma breve fumaça roxa-azulada. Armin olhou para os lados, esperando o aparecimento do bichano, esse que materializou-se sobre um galho longo e curvado em uma das últimas árvores que sua visão poderia alcançar; os olhos dourados como velas acesas na escuridão, iluminavam os dentes irregulares que continuavam em uma feição "alegre" e amedrontadora.

Armin correu em direção àqueles olhos, aquilo era o sinal que deveria segui-lo.

O Arlert corria para onde o gato aparecia, tornando-se uma brincadeira para Cheshire que se divertia com a forma que o garoto buscava por si rapidamente com os olhos, mas para Armin, aquilo estava lhe tirando o pouco da paciência que possuía. Não poderia fazer muito, sabia que reclamar de nada adiantaria com aquele animal traiçoeiro. Passava por vegetações de todos os tamanhos e cores possíveis, quase pisou em um pobre porco-espinho que corria junto a um flamingo e acabou por presenciar por alguns milésimos o beijo entre uma flor, de tamanho grandioso e belos lábios carnudos, e uma abelha, gorda de aparência pesada onde nem suas próprias asinhas conseguiam lhe manter no ar.

Se esforçou para conseguir acompanhar o gato por todo o caminho, até presenciar uma última vez os olhos dourados sumindo, deixando-o sozinho em uma bifurcação ao meio da floresta. Cada entrada tinha sua placa de madeira desgastada e que caía aos pedaços, indicando para o caminho que levaria. Na placa da direita estava escrito "Siga pela esquerda", e do lado esquerdo carregava-se a frase: "Não, siga pela direita". 

Armin revirou os olhos com toda aquela bufonaria, qual era a dificuldade de fazer com que as coisas não fossem extremamente complicadas? Bom, se não fosse assim, não seria o país das maravilhas, pensou. Não importava qual caminho seguisse já que não desejava ir para um lugar específico; se andasse bastante, em algum lugar chegaria. Disso tinha certeza.

Escolheu o que não havia sido lhe oferecido como uma alternativa, o meio. Se direcionou até as árvores que decoravam o redor de ambos os caminhos e formavam um arco fechado e de passagem complicada; que sequer tornou-se um problema para o Arlert, que o atravessou com uma pequena dificuldade, mas concluiu seu objetivo.

A mata fazia com que o único caminho se tornasse estreito, não ouvia nada além do farfalhar das folhas, aparentemente não havia um único animal vivo ali. O lugar se alargava cada vez mais que andava, já formando uma trilha de terra que o direcionava em uma estrada única e reta, que dificultava sua visão até o fim. Após conseguir espaço suficiente, endireitou seu corpo e partiu em sua viagem sem destino. A luz tornava-se cada vez mais forte, graças às árvores que se mantinham mais abertas.

Armin in a Wonderful MadnessOnde histórias criam vida. Descubra agora