cap. 5

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Não olho para ninguém e a mesma menina vem ao me encontro com a água na mão e eu a ignoro enquanto tento sair o mais rápido possível desviando das pessoas, quando chego no meu carro, eu desmonto e começo a chorar. Ele não está errado, eu realmente não tenho dinheiro e não sei o que vou fazer da minha vida, porém ele não tinha o direito de falar assim com uma pessoa que ele não conhece e minha vida é uma droga, tudo está uma droga. Tento me recompor  e as lágrimas não param de cair. Perco a noção do tempo e devo ter ficado vinte minutos sentada  chorando, até que o meu telefone toca.

— Oi amiga, tudo bem?

— Oi Betty, na verdade não, tá tudo uma merda — solto uma risada seca.

— É, eu sei, pergunta idiota, mas eu tenho duas propostas pra te fazer, por isso que eu liguei  — ela hesita por alguns minutos esperando que eu fale alguma coisa e  continua — Minha colega de quarto vai casar e vai ter que sair daqui, mas como ela quebrou o contrato vai deixar pago por três meses e eu sei que é um inferno ficar na sua casa, por isso eu queria te oferecer o quarto dela e três meses é um bom tempo e você conseguiria se organizar.

— B, eu não tenho nem o que dizer, eu realmente não sei se vou conseguir arcar com essa dívida, um aluguel é muito pra quem tá sem dinheiro nenhum.

— Aqui entra a outra proposta, minha prima trabalha em uma empresa e eles estão precisando de  uma assistente e você é linda, jovem, tem um diploma em administração,  tenho certeza que eles vão te contratar! Falei com ela mais cedo e ela disse pra passar o seu número e ela deve te ligar amanhã. O salário deve ser muito melhor do que o seu antigo e se você conseguir o emprego, pode se mudar pra cá e continuar juntando para abrir a sua confeitaria. 

— Uau, isso é... uau. Eu  não sei o que dizer, você é uma amiga incrível, mas eu só tenho o  diploma a 3 meses, não é muito tempo.

— É tempo suficiente, Ollie! Só pensa nisso tudo e atende a minha prima amanhã. Isso pode mudar a sua vida e eu adoraria ter uma amiga morando comigo pra variar — ela diminui o tom de voz no final e eu solto uma risada.

— Obrigada Betty, mesmo! Vou esperar a ligação dela e te conto depois se deu tudo certo.

— De nada Ollie, se cuida.

Ela desliga o telefone e pela primeira vez eu consigo sentir uma gota de esperança, gastar  dinheiro com aluguel não seria a melhor opção, mas ficar longe deles seria um sonho. Limpo as lágrimas na minha camiseta e ligo o carro para  ir embora, quando saio noto o mesmo segurança me encarando e falando alguma coisa no telefone, mas ignoro e volto pra casa.

Perfeitamente CruelOnde histórias criam vida. Descubra agora