Lili Reinhart
Me sentei no chão da sala com um caderno em mãos, ao olhar pra janela um pedaço do meu coração queimou, nem sei porque, mas eu estava toda arrepiada. Uma lágrima escorreu lentamente do meu olho, 32 anos, as coisas passaram bem rápido.
Meu aniversário estava acabando, mas eu ainda não sentia como se o dia estivesse acabando. A caneta batia insistentemente contra a folha de papel em branco, a chuva que caía do lado de fora fazia com que o barulho não fosse tão irritante, mas ainda sim o silêncio era perceptível.
Puxei todo ar de meus pulmões, e então soltei. A solidão é mesmo uma merda. Fechei o caderno e me levantei da mesa, mas uma vez só hoje, eu caminhei por toda a casa, abri a porta de todos os três quartos reservas, que nunca foram de fato ocupados.
Encostei minha cabeça na parede e cruzei meus braços, a ansiedade como sempre chega mais rápido que uma avalanche, meu pé não parava quieto, minhas unhas não saiam da boca, e meu coração não desacelerava por nada.
Foi então que eu ouvi meu telefone tocar no andar debaixo.
Desci as escadas, até que no meio do caminho ele parou. Resmunguei um palavrão em sussurro e peguei meu celular, a chamada era desconhecida, não deve ser nada, eu logo pensei.
Me sentei no sofá e me fechei como uma bola, meus joelhos protegidos por meus braços, e meu rosto abaixado, as lágrimas desceram com bastante facilidade dessa vez, uma atrás da outra, até que eu senti falta de ar, e então eu me levantei.
O bônus era que eu já estava acostumada com isso, se tornou mais usual do que eu pensei que seria.
O telefone tocou novamente, pensei em não atender, já que era o mesmo número e se não estava salvo era porque eu não conhecia. Mas meu coração dizia pra atender, o que mais me incomodava era todo esse conflito por conta de uma ligação.
Por fim, atendi.
— Alô? — Eu disse simplesmente, esperando por resposta, mas pra minha surpresa, não havia nada além de silêncio. — Quem é?
— Lili...
Nunca imaginaria que ouviria aquela voz de novo depois de tantos anos. Meus pés falharam e minhas pernas também, eu precisei me sentar para não cair no chão.
— Cole... — Sua respiração pareceu ficar tensa, e a minha desesperada por uma explicação. — Quanto tempo... Como você está?
— Mal. — Ele disse apenas.
— Mal?
— Bem mal. — Ele fungou, e meu coração acelerou. — Precisava falar com alguém, alguém que não iria apenas dizer que vai ficar tudo bem, porque eu tô cansado dessas porras de vai tudo passar. — Fechei meus olhos. — Porque ninguém nunca avisa quando isso tudo acaba? Se vai ficar tudo bem, porque ninguém me diz quando então?
— Sinto muito ser eu quem vai te dizer isso Cole, mas infelizmente a vida não para, não até que as pessoas estejam em seu funeral. — Uma lágrima escorreu de meus olhos. — As coisas vão sempre piorar.
— Porque a gente nunca mais se falou? — Ele perguntou.
— Porque é isso que ex-namorados se tornam, estranhos.
— Você não é uma estranha.
— Considerando que a gente não se fala há quase nove anos, somos quase isso.
— Eu te amei muito Lili. — Sorri em meio as lágrimas secas em meu rosto, eu sabia disso.
— Eu sei que sim. — Respirei fundo. — Eu também te amei muito, Cole.
— Eu sei.
O silêncio tomou conta da ligação, nossas respirações se sincronizaram de acordo com o tempo, e meu coração batia aceleradamente.
— Feliz aniversário Lil.
Lil.
10 anos atrás...
— Parabéns pra você... — Cole sussurrou em meu ouvido e eu sorri com seu jeito desajeitado de me acordar. — Veja se não é a aniversariante mais linda desse mundo todo...
— Veja se não é o namorado mais babão de todo esse mundo. — Ele sorriu eu retribui.
— Eu te amo. — Ele disse ajeitando meu cabelo. — Feliz aniversário Lil.
Atualmente...
— Obrigada Col.
Desligamos o telefone, e então eu respirei fundo, pela vigésima vez naquele dia, fechando meus olhos.
Uma parte de mim sempre será grata a Cole, afinal ele me mostrou muita coisa, me fez acreditar que o amor existia, e o mais importante, ele me ensinou que você não precisa mudar quem é pra ser amada ou amado.
Senti muita falta dele, e agora depois dessa ligação eu sinto como se as memórias ainda fossem recentes. Sinto saudades, uma saudade boa de sentir.
Ouvi minha campainha tocar, e me levantei do sofá rapidamente, parece que a vida de aniversariante realmente só acaba às meia noite.
Ao abrir a porta eu jurei estar sonhando.
— É tarde demais pra dizer que eu nunca te esqueci?
— Cole, está chovendo, você é louco?! — Fiz sinal pra que ele entrasse e ele negou com a cabeça.
— Vem aqui fora comigo. — Cole pediu e eu franzi as sobrancelhas. — Por favor Lil. — Ele estendeu sua mão.
Não sei com o que eu estava na cabeça quando eu segurei sua mão, a chuva estava gelada, meus lábios tremiam.
— Porque está aqui? — Eu perguntei num tom alto para que ele pudesse ouvir. — Porque depois de tanto tempo?
— Eu tentei de tudo, eu terminei com Ari faz três anos, e eu tô há três anos tentando tirar você da minha cabeça mas não consigo, por mais que eu tente esquecer, você foi o amor mais intenso que eu já tive Lili. — Cole secou seu rosto com suas mãos. — Quem eu tô querendo enganar Lili? Não te amei, eu ainda te amo, sempre amei e não sei se sou forte o suficiente pra um dia deixar de te amar.
— Você bebeu? — Perguntei e ele riu colocando as mãos em meu rosto.
— Me embebedei de você, há nove anos atrás, eu me viciei, e fiquei por todos esses anos tentando achar seu gosto em outras bebidas, mas nenhuma delas me fazia bem como você fez, nenhuma delas me deu borboletas no estômago como você deu.
— Cole...
— Lili escuta... Não tô pedindo pra você me amar de novo, eu demorei muito pra voltar e eu entendo se você estiver saturada de nós dois. — Ele respirou fundo. — Não vou te forçar a nada, e nem posso, mas quando eu olho nos seus olhos tudo que eu vejo é futuro.
— Já faz tanto tempo...
— Olha nos meus olhos Lili. — Eu engoli seco. — Olha nos fundo dos meus olhos e diz que você não sente nada, se você disser, eu viro as costas e entro no meu carro agora, e eu te juro que nunca mais vou te incomodar.
— Cole...
— Diz Lili. — Ele encostou nossas testas.
Olhei no fundo de seus olhos verdes e coloquei minhas mãos em seu rosto assim como ele fez comigo. Com a chuva caindo por nossos corpos, eu tirei coragem não sei de onde, mas eu colei nossos lábios.
Foi como se tudo fizesse sentido.
Finalmente eu havia entendido.
O vazio não era necessidade de ninguém.
Era necessidade dele.
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One shot - Stay - Sprousehart
RomanceDepois de nove anos Lili recebe uma ligação inesperada, que pode mudar tudo daqui pra frente. PLÁGIO É CRIME ESSA OBRA É DE MINHA AUTORIA