2| Novo Lar:

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SEIS MESES ANTES...

P.O.V ÂNGELO BITTENCOURT

      Hoje minha mãe e eu iremos nos mudar para Portland, ela ganhou uma oportunidade de emprego em uma agência de publicidade. Já tem uma semana que estávamos arrumando nossas coisas para essa mudança, se estou animado? Bom, desde que seja longe daqui e eu possa recomeçar minha vida está valendo. Mesmo que minha ida seja a contra gosto da minha mãe.

Tenho 17 anos, sou moreno, malhado devida a academia que fazia, cabelos negros, olhos castanhos claros, 1,75 de altura. Na frente do espelho me vestindo, não deixo de notar aquela maldita cicatriz na minha costela. Coloco uma camisa cinza, uma calça preta, um tênis vermelho e um relógio no braço. Mexo no cabelo e estava pronto para começar minha vida.

— Ângelo, já está pronto?!! — minha mãe grita da sala.

— Já sim dona Suzana. — Olho meu quarto mais uma vez. — Já sim. — No caminho vejo ao lado do meu quarto uma porta com um adesivo de rosa vermelha colada. Olhar aquilo me trouxe ótimas  lembranças, estas que nunca mais vou poder criar novas, apenas me certificar de nunca esquece-las.

*********

Nossas malas estavam no carro, antes de irmos embora da cidade visitamos minha vó, dona Nena já era bem de idade. Da família a única que realmente presta.

— Vou ligar para a senhora. — Beijo a testa dela. — Vou sentir saudades.

— Anda garoto, temos que ir, que demora. — Suzana diz.

— Não ligue meu filho. — Nena diz. — sua mãe pode ser um tanto confusa, mas é sua mãe.

— A gente não escolhe os pais. — Digo baixo.

— Mas pode ecolher os amigos e como viver. — ela diz. — Vá antes que Suzana te deixe.

— Tentador. — Brinco.  Minha mãe só me deixou ir por insistência da minha vó, mas nem vale a pena tocar em tal assunto.

Entro no carro e nem olho para minha mãe, com o carro em movimento apenas fico olhando as casas, árvores e pessoas do lado de fora. Tento imaginar como será minha nova vida, mas havia um leque de possibilidades, então vou deixar para viver o momento.

      Tantas coisas aconteceram aqui, boas recordações e outras que prefiro esquecer. Mas deve ser melhor uma mudança de rotina, ou melhor, de uma vida.

Adormeço no carro e não vejo o tempo passar, acordo assustado com Suzana me sacudindo.

— Acorda. — Ela diz. — Pega suas coisas.

Suzana era uma mulher problemática, nossas casas sempre foram aquelas mobiliadas e tudo mais, sempre vivendo de aluguel, mas pela primeira vez a vida sorriu para nós, essa vaga de emprego caiu justamente na cidade onde havia uma casa da família, era da minha vó Nena, antes de ir morar na mesma cidade que a gente, Dona Nena vivia aqui sozinha.

Minha mãe se mudou ainda criança com meu avô, mas este morreu e ela teve que se vira sozinha. Minha vó havia alugado a casa para um homem solteiro, mas ao saber que minha mãe estava procurando um lugar para alugar aqui, ela com seu doce coração avisou o homem antecipadamente que ele deveria deixar a casa, explicou e o homem compreendeu.

Desço as minhas malas do carro e olho para os lados, não havia muros entre as casas, o jardim estava verde, e a casa em bom estado. Era de madeira, na chegada uma varanda linda, enfeitada com alguns vasos de flores.

Caminho seguindo Suzana que foi abrir a porta, noto que alguns vizinhos olham pela janela de suas casas, curiosos por causa da nossa movimentação. Do lado de dentro a sala era bem grande, piso de madeira como o resto da casa, a mobília estava organizada mais um pouco empoeirada, imagino que o antigo ocupante tenha saído a alguns dias.

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